Final de ano é marcado por prazos apertados, multitarefas e
pressões para encerrar o ciclo. Todo esse estresse tem relação disfuncional com
a comida e um dos resultados mais comuns desse cenário é a compulsão alimentar,
caracterizada por episódios de consumo exagerado e impulsivo de alimentos.
Segundo a psicóloga especialista em transtornos alimentares Valeska Bassan, o
estresse é um dos principais gatilhos para esse comportamento, criando um ciclo
difícil de romper.
De acordo com Valeska, a comida pode servir como uma forma de
escape para lidar com as emoções negativas, que são acionadas no estresse. A
pessoa acaba usando a comida como uma forma de se "automedicar" e
buscar conforto, o que pode levar a um ciclo vicioso de estresse e compulsão alimentar.
Associação emocional entre comer e redução do estresse.
Além disso, em momentos de alta pressão, muitas pessoas utilizam a
comida como uma forma de conforto emocional, um mecanismo de enfrentamento que,
se repetido, pode se tornar um padrão prejudicial.
A especialista alerta que esse comportamento, se mantido a longo
prazo, pode levar a consequências graves para a saúde física e mental, como o
aumento do peso e desenvolvimento de obesidade, alterações metabólicas, como
resistência à insulina e o agravamento de sentimentos como culpa e vergonha,
que intensificam o ciclo de estresse e compulsão.
"É importante lembrar que a compulsão alimentar não está
ligada apenas à falta de autocontrole, mas sim a fatores emocionais e
fisiológicos que precisam ser compreendidos e tratados", destaca Valeska.
Valeska ainda afirma que algumas técnicas práticas podem ajudar a
lidar com o estresse e evitar que ele se transforme em episódios de compulsão
alimentar. “O primeiro passo é identificar situações ou emoções que levam ao
consumo exagerado de alimentos, como ansiedade, tristeza ou cansaço. Por isso
que focar na experiência de comer, prestando atenção ao sabor, textura e
saciedade, ajuda a reduzir o comportamento automático de compulsão”, diz.
Ela conta que é justamente esse o papel da terapia, que age como
uma ferramenta essencial para entender a relação emocional com a comida e
desenvolver estratégias para lidar com o estresse de forma saudável. “No
mais, as dietas restritivas feitas ao longo do ano todo podem aumentar o desejo
por alimentos proibidos e levar a episódios de compulsão nesta época de
comemorações de final de ano, por isso é tão fundamental adotar uma alimentação
equilibrada, sem culpa e sem ligação com a época do ano ou com o sentimento do
momento", reforça a psicóloga.
Valeska Bassan - @psicologavaleskabassan - Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein. Coordenou o Curso de Aprimoramento em Transtornos Alimentares Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e a equipe de psicólogos do Grupo de Estudos do Comer compulsivo em mulheres portadoras de obesidade (GRECCO) também do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP). Professora de pós graduação das disciplinas de Transtornos Alimentares Pós Cirurgia Bariátrica e dos Aspectos Psicológicos dos Transtornos Alimentares na Faculdade iGPs.
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