Pediatra Loretta Campos explica importância individual e coletiva de seguir calendário vacinal do SUS e dá dicas para pais lidarem com imprevistos
A cobertura vacinal no Brasil segue abaixo das metas estipuladas pelo Ministério da Saúde a não ser para a meningite tipo C. Em Goiás, quase todos os índices são inferiores à média nacional, chamando atenção a aplicação dos imunizantes tríplice viral (que atua contra sarampo, rubéola e caxumba) e contra a varicela, que aparecem abaixo dos 70% de cobertura.
Como explica Loretta Campos, pediatra e
fundadora do Espaço Zune, o calendário vacinal do Sistema Único
de Saúde (SUS) foi desenvolvido com base em critérios científicos rigorosos,
garantindo a proteção das crianças contra doenças graves desde os primeiros
meses de vida.
Segundo a especialista em puericultura “seguir o calendário
é fundamental, pois ele é baseado em estudos que determinam a melhor idade e
intervalo para a administração de cada vacina”. Ainda assim, a falta de
aplicação dentro dos prazos corretos tem deixado crianças
expostas a manifestações graves de doenças que poderiam ser
evitadas.
Risco de não vacinar e imunidade coletiva
Como Loretta explica, o cronograma de vacinas é projetado para maximizar a eficácia da imunização e prevenir o desenvolvimento de doenças em estágios críticos do crescimento. Assim, deixar de seguir o calendário vacinal pode ter consequências sérias. “Pular doses ou não respeitar a idade para aplicação pode comprometer a eficácia da vacina, deixando a criança vulnerável a doenças”, explica.
Indo além, a pediatra argumenta que a imunidade é construída de forma progressiva. Por isso, o não cumprimento do esquema vacinal faz com que o organismo não desenvolva a defesa adequada contra agentes infecciosos. Felizmente, o Brasil segue há dois anos sem registros de sarampo, por exemplo, depois que um descuido na vacinação levou a um pico de casos entre 2018 e 2019.
Além de proteger a própria criança, a vacinação segue um
princípio de imunidade coletiva. De acordo com a pediatra
Loretta Campos, a aplicação regular garante que as doenças
contagiosas não se espalhem com facilidade entre a população,
protegendo especialmente aqueles que muitas vezes não podem ser vacinados
contra determinadas doenças, como pessoas com o sistema imunológico
comprometido. “Não vacinar no prazo correto coloca a criança e as pessoas ao
redor em risco”, alerta.
Dúvidas e dicas
Ainda que todo o esquema vacinal seja oferecido pela rede pública de forma gratuita, é importante lembrar que para levar os filhos até o ponto de vacinação os pais devem navegar questões como ausências no trabalho, deslocamento e transporte, filas e até mesmo a disponibilidade do imunizante buscado. Por alguns desses dificultadores, um estudo brasileiro recente aponta que 1 em cada 4 pais não conseguem vacinar os filhos mesmo indo ao posto de saúde.
Além disso, uma dúvida comum entre os pais é quando adiar a vacinação por conta do adoecimento da criança. A especialista explica que em casos de febre, vômito intenso ou crises respiratórias, a vacina pode ser postergada até que a criança esteja em boas condições de saúde. “O intervalo de espera varia de acordo com a gravidade dos sintomas, mas na maioria dos casos, após a recuperação total, a vacina pode ser aplicada”, orienta a pediatra.
Diante disso e das dificuldades que os pais e responsáveis enfrentam na busca por vacinas, Loretta sugere a criação de um cronograma próprio, com lembretes para cada vacina, bem como manter contato regular com o posto de saúde mais próximo para garantir a disponibilidade das doses e evitar atrasos. A pediatra também recomenda consultar o profissional de confiança sobre alternativas, como clínicas privadas, se for necessário. “Outra dica é programar visitas em horários mais tranquilos”, completa a pediatra.
Por fim, a médica reforça que embora algumas vacinas na rede
privada ofereçam coberturas ampliadas, o SUS garante alta qualidade e também tem ampla
cobertura. “A rede pública brasileira oferece uma das melhores
coberturas vacinais gratuitas do mundo. As vacinas são de alta qualidade e seguras.
A escolha entre a rede pública e privada pode depender de fatores como
comodidade, disponibilidade de vacinas específicas e recomendação do pediatra,
como também da opção por ampliar a cobertura vacinal de alguns patógenos”,
pontua. Seja na rede pública ou privada, Loretta afirma que a imunização dentro
dos prazos recomendados é o caminho mais seguro para proteger as crianças e
toda a comunidade.
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