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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Reconstrução de mama após o câncer: questão física, emocional e social

A campanha Outubro Rosa ganha ainda mais relevância diante das mais recentes projeções divulgadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Até 2025, estima-se a ocorrência de cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama no Brasil. Quando diagnosticadas, muitas vezes, as pacientes são submetidas à mastectomia parcial ou total, procedimento cirúrgico que envolve a remoção da mama e dos linfonodos. Em outras situações, pode ser realizada a quadrantectomia, que é uma cirurgia menos radical que remove apenas a região que envolve o tumor e muitas vezes permite uma reconstrução mais simples com o tecido próprio da paciente. Seja qual for o caso, a reconstrução mamária, com os diversos recursos oferecidos pela cirurgia plástica, representa uma oportunidade de reabilitação física, emocional e social, permitindo que essas mulheres vivam plenamente.

Desde 1999, a lei federal assegura que a cirurgia reparadora seja realizada pelo SUS após a remoção total ou parcial da mama. Além disso, os planos de saúde também são obrigados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a cobrirem esse procedimento.

Para as mulheres que enfrentam bravamente o tratamento contra o câncer de mama, a cirurgia plástica oferece técnicas cada vez mais avançadas que possibilitam a reconstrução da mama. Esse processo pode ocorrer imediatamente após a retirada do tumor ou da mama, ou, em alguns casos, pode ser realizado posteriormente, quando a paciente já estiver reabilitada da cirurgia.

Uma das opções mais comuns é o implante de silicone, especialmente em casos em que a pele foi relativamente preservada ou quando a paciente não possui tecido suficiente para a reconstrução. Outra técnica disponível é o uso de expansores, que envolve a colocação de uma prótese vazia sob a pele, a qual é expandida gradualmente com soro fisiológico até atingir o volume desejado.

A transferência de retalhos de pele, isto é, a remoção de tecido de outra parte do corpo da paciente para reconstruir a mama, também é uma alternativa viável. Esse tipo de procedimento pode ser realizado por meio de diversas técnicas, como o retalho miocutâneo do músculo reto abdominal (TRAM), que utiliza pele, gordura e músculos da parte inferior do abdômen para reconstruir a mama. Nesse caso, o tecido é transferido por um túnel até a região mamária, mantendo a vascularização.

Outra técnica, o retalho perfurante da artéria epigástrica (DIEP), permite ao cirurgião retirar tecido abdominal e inseri-lo na região da mama a ser reconstruída. Já o retalho do músculo grande dorsal envolve a rotação de tecido ou músculo da região dorsal para reconstruir a mama.

Como em qualquer procedimento cirúrgico, a reconstrução mamária exige uma série de exames e avaliações no pré-operatório, sempre conduzidos por um especialista membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Com os avanços da cirurgia plástica, a recuperação da paciente tende a ser mais rápida e segura.

Para muitas mulheres que se submetem à mastectomia, a perda da mama é comparada à perda de uma parte de si mesmas, algo que as identifica culturalmente como mulheres. A reconstrução mamária, portanto, não é apenas uma questão estética, mas um processo que resgata a autoestima e a sensação de plenitude, fundamentais para a qualidade de vida e a saúde dessas pacientes.

 



Juliano Pereira - CRM 141574 - Cirurgião plástico, membro especialista e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).



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