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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

No Mês da Menopausa, especialista alerta: falta de informação ainda é um obstáculo para muitas mulheres

CEO da Menospausa, Leila Rodrigues pesquisa sobre o tema desde 2017 e traz dados importantes: apenas 15% das mulheres afirmam compreender plenamente a menopausa

 

A busca pelo termo “menopausa” cresceu 185% no Google entre setembro de 2014 e setembro de 2024. Embora o interesse pelo tema pareça estar aumentando, a desinformação ainda é um obstáculo. De acordo com Leila Rodrigues, CEO da Menospausa, a falta de conhecimento entre as mulheres é alarmante: apenas 15% das participantes de uma pesquisa online afirmaram ter pleno entendimento sobre a menopausa, enquanto em um estudo de campo, esse número é ainda menor, com apenas 3% relatando conhecimento completo sobre o que acontece com seus corpos durante esse período.

"O aumento de interesse e o aparecimento do assunto na mídia é significativo, pois até pouco tempo atrás a menopausa era um tema ignorado. Mas a menopausa real, aquela que as mulheres vivenciam no cotidiano, é muito diferente da retratada nas telas”, comenta. “Já ouvi relatos de mulheres que pensaram estar tendo um infarto quando o primeiro fogacho chegou, tamanho o desconhecimento que tinham”, complementa.

Há sete anos, Leila tem conduzido pesquisas sobre menopausa, incluindo um levantamento de campo com mais de 600 mulheres em Minas Gerais, entre 2017 e 2023, e uma pesquisa online em seu Instagram, realizada no primeiro semestre de 2024. Na rede, a executiva construiu uma comunidade de mais de 190 mil seguidores com o objetivo de desmistificar a menopausa com informações acessíveis e práticas.

Embora sejam públicos distintos, alguns dados chamam a atenção pela repetição com que aparecem. Na exploração presencial de Leila, a palavra usada pela maioria das mulheres para descrever como se sentiam naquele momento foi “exausta”, seguida de “sozinha” e “perdida”. Na pesquisa online, as palavras se repetiram, mudando apenas a ordem. “Perdida” foi a mais usada, seguida de “exausta” e “sozinha”.

Esses sentimentos se justificam quando essas mulheres respondem qual é o seu nível de conhecimento sobre a menopausa. A compreensão sobre o tema é limitada, bem como sobre as possibilidades de tratamento: na pesquisa online, 55% das mulheres disseram não saber o suficiente sobre a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) para decidir sobre seu uso. No estudo de campo, 28% afirmaram ter conhecimento insuficiente sobre TRH.

A Terapia de Reposição Hormonal é um tratamento médico que consiste na administração de hormônios, como estrogênio e progesterona, para aliviar os sintomas da menopausa e equilibrar os níveis hormonais no corpo.


Educação em menopausa para as empresas

Para mudar esse cenário, Leila Rodrigues fundou a Menospausa. A empresa, formada por ela e uma equipe de profissionais mulheres da área da saúde, tem como objetivo levar informação sobre o tema para um dos ambientes em que as mulheres mais encontram obstáculos quando chegam à menopausa: o trabalho.

Embora o âmbito pessoal também seja fortemente atravessado pela queda hormonal que acontece naturalmente com a idade, é no trabalho que os sintomas mais atrapalham. Dos fogachos às falhas na memória, esses sintomas levam muitas mulheres a pedir demissão ou transicionar de carreira. Segundo Leila, isso acontece porque nem as mulheres nem as organizações estão preparadas para lidar adequadamente com a menopausa.

Nas entrevistas que realizou em Minas, Leila descobriu que a irritabilidade é o principal sintoma psíquico que aparece, seguido de oscilações de humor, angústia e necessidade de se isolar. “Algumas contam, bem baixinho para ninguém ouvir, que perderam o “timing” de executar tarefas rotineiras, estão mais lentas e temem que isso seja prenúncio de algo pior. A memória falha, também acarreta outros problemas como culpa, vergonha e medo de doenças mais sérias”, revela.


Preparar o ambiente, flexibilizar a rotina e treinar as equipes

Na consultoria que presta às empresas, a equipe da Menospausa faz um diagnóstico completo, seguido de orientações que podem ser seguidas pelas organizações para acolher e facilitar a vida das colaboradoras que estão na menopausa. 

Preparar adequadamente o ambiente, flexibilizar os horários para que elas possam praticar exercícios físicos (algo que ameniza muito os sintomas) e treinar as equipes de Recursos Humanos ou psicólogos são alguns exemplos de direções apontadas por Leila e seu time. 

“Às vezes, só proporcionar um momento de conversa entre as colaboradoras já faz diferença. Porque quando uma mulher chega nessa fase, muitas vezes ela não sabe a quem recorrer”, comenta.

Para Leila, a menopausa é o próximo tabu a cair. E levar essa pauta para o ambiente corporativo é um passo necessário e definitivo para que isso aconteça.

 

Dados adicionais: 


  • Pesquisa presencial (Minas Gerais): 
      • 85% das mulheres se descreveram como "exaustas".
      • 63% relataram fogachos intensos.
      • Apenas 3% têm pleno conhecimento sobre a menopausa.
      • 32% das mulheres relataram constrangimento relacionado à baixa libido. 
  • Pesquisa online (Instagram): 
    • 78% afirmaram sentir cansaço constante.
    • 68% relataram mudanças de humor frequentes.
    • 25% mencionaram dificuldades com a libido.
    • 39,3% não fazem nenhum tipo de tratamento para a menopausa.

 

Leila Rodrigues - fundadora da Menospausa, empresa dedicada a apoiar mulheres durante o climatério e a menopausa. Com mais de 25 anos de experiência como empresária no setor de tecnologia, Leila agora concentra seus esforços na disseminação de conhecimento sobre essa fase crucial da vida das mulheres, oferecendo consultoria, palestras e treinamentos voltados para empresas, operadoras de saúde e órgãos públicos. A Menospausa busca desmistificar a menopausa e promover bem-estar e produtividade, contribuindo para um ambiente corporativo mais inclusivo e preparado para lidar com essa etapa da vida feminina. Leila também é autora do livro “Hormônios me ouçam!" e compartilha diariamente conteúdos sobre o tema nas redes sociais.



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