A
maioria dos acidentes ocorre em residências
Quase mil acidentes decorrentes de incêndios de
origem elétrica foram registrados em 2023, segundo a Associação Brasileira de
Conscientização para os Perigos da Eletricidade. O número é quase a metade de
todos os acidentes de origem elétrica.
O assunto já desperta a atenção da Sociedade
Brasileira de Queimaduras desde o ano passado, quando foi publicado o Boletim
Epidemiológico junto ao Ministério de Saúde, apontando que, em cinco anos (2015
a 2020), dentre os quase 20 mil óbitos por queimaduras, 46,1% foram atribuídos
à eletricidade.
"A eletricidade costuma ser a terceira causa
de internamentos em centros de tratamento de queimaduras, porém é a principal
causa de mortalidade no local do acidente. A vítima não consegue nem chegar ao
local onde receberá o tratamento adequado", alerta o presidente da SBQ e
cirurgião plástico, Marcus Barroso, destacando que estamos vivendo uma epidemia
silenciosa de queimaduras elétricas.
Qualquer choque elétrico pode provocar queimaduras,
que podem vir de várias formas. “Pode ser de baixa tensão, por meio dos
aparelhos domésticos, das tomadas. Mas o fato de ser de baixa tensão não
significa que ela não possa ser grave”, explica o cirurgião plástico, José
Adorno, também representante interinstitucional nacional da SBQ.
Ele complementa que os choques de alta voltagem são
mais graves porque é alta a carga elétrica que passa pelo corpo e causa muitos
danos. “A pessoa pode sofrer queimaduras internas no músculo e órgãos e ter
apenas uma pequena lesão de entrada”, explica. A principal preocupação é que,
mesmo em casos onde a queimadura na pele parece leve, os danos internos podem
ser significativos, levando a complicações como insuficiência renal, parada
cardíaca e necrose tecidual.
Acidente
O eletricista Renato Nascimento sabe bem as dores desse
acidente. Em 2018, ele sofreu queimadura elétrica de alta voltagem nas mãos e
nádegas enquanto trabalhava. Acabou perdendo a mão esquerda. “Eu estava
segurando uma barra rosqueada ao subir uma escada e tomei uma descarga de 13.8
volts. Foi milagre de Deus eu estar vivo”, relembra.
Apesar dos profissionais eletricistas trabalharem
sob risco, o maior perigo está dentro de casa. Segundo a Abracopel, 51,9% dos
acidentes de origem elétrica em 2023 ocorreram em áreas residências, a maioria
com condutores elétricos, sem ficar de fora aqueles que envolvem ventilador,
ar-condicionado, eletrodomésticos, pontos de tomada e carregadores de aparelhos
portáteis.
“A eletricidade é muito perigosa, tem uma série de
riscos e somente quem conhece é que pode trabalhar com ela dentro dos
procedimentos corretos, usando os equipamentos individuais e coletivos corretos
para que não haja nenhum risco. Quem não conhece do assunto corre um risco
muito grande de se acidentar e ir a óbito”, alerta diretor-executivo da
Abracopel, Edson Martinho.
Primeiros Socorros e Prevenção
Nos casos de queimaduras elétricas, o mais
importante é interromper o contato com a fonte de eletricidade o mais rápido
possível, sempre tomando precauções para não se tornar outra vítima. O socorro
deve ser acionado imediatamente. Não tente remover objetos presos ao corpo da
vítima, pois podem estar energizados.
Prevenção é a chave para evitar acidentes elétricos. Em casa, é fundamental inspecionar regularmente as instalações elétricas e evitar o uso de dispositivos com fiação danificada. Já em ambientes profissionais, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como luvas e botas isolantes é obrigatório. Além disso, é importante seguir as normas de segurança, como desligar a energia antes de manutenções e estar atento a sinais de perigo.
Curiosidade: 17 de outubro é o Dia do Eletricista.
Não se tem registro da origem da data, mas ela é usada para homenagear esses
profissionais responsáveis por garantir o funcionamento seguro da energia
elétrica em diversos setores da sociedade e, também, para fazer um alerta
quanto aos riscos da eletricidade em caso de uso incorreto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário