Entenda quais imunizantes são recomendados na gestação
No Dia Nacional da Vacinação, celebrado em 17 de outubro, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) destaca que os imunizantes protegem vidas e são ainda mais essenciais durante a gravidez, agindo em dose dupla para garantir a saúde da gestante e do bebê. As mulheres grávidas tornam-se mais suscetíveis a doenças e complicações quando expostas a agentes infecciosos, devido às alterações no sistema imunológico. No entanto, ainda existe muita desinformação sobre a vacinação durante a gestação e a segurança dos imunizantes, o que gera dúvida e diminui a adesão.
A Dra. Susana Aidé, presidente da Comissão de Vacinas da FEBRASGO, recomenda a vacinação das gestantes com os seguintes imunizantes: dT, dTpa, influenza, hepatite B, COVID-19 e vírus sincicial respiratório (VSR). Além disso, ela enfatiza que algumas vacinas, como hepatite A, pneumocócica e meningocócicas ACWY e B, devem ser priorizadas em situações especiais durante a gestação.
“Infecções
maternas podem ter consequências graves, incluindo abortos espontâneos, morte
fetal, malformações congênitas, atraso no crescimento intrauterino, ruptura
prematura das membranas, parto prematuro e infecções neonatais. Para prevenir
essas infecções e suas complicações durante a gestação, a vacinação das
mulheres deve ser parte integrante do aconselhamento pré-concepcional,
envolvendo os familiares como parceiros nesse processo”, diz a médica.
Em geral, as
vacinas são desenvolvidas com plataformas seguras para administração durante a
gestação, embora não existam estudos específicos realizados com essa população.
No entanto, vacinas que contêm componentes vivos não devem ser aplicadas
durante a gravidez devido ao risco teórico de infecção fetal pelo vírus
vacinal, como vacinas contra rubéola, sarampo, caxumba, dengue e varicela. A
vacina contra a febre amarela também não é recomendada para gestantes, embora
possa ser considerada em situações de surtos. A vacina contra a raiva deve ser
evitada, exceto em casos de exposição de risco.
A Dra. Susana explica que, mesmo que a mulher tenha recebido algumas vacinas antes da gravidez, é necessário se vacinar novamente. Alguns imunizantes são obrigatórios em todas as gestações, independentemente do histórico vacinal. Essas incluem a dTpa e a vacina contra a influenza (gripe). Outras vacinas, como dT, hepatite B, COVID-19 e VSR, são administradas com base na análise da carteira de vacinação da paciente.
“A vacina contra a gripe é altamente recomendada para gestantes. Devido às alterações hormonais e fisiológicas que ocorrem durante a gravidez, as mulheres se tornam mais vulneráveis às infecções pelas cepas da influenza, o que pode levar a formas mais graves da doença”, alerta a médica.
Vacina contra o HPV
Outra vacina
importante é a do HPV, que deve ser administrada o mais cedo possível. O ideal
é que mulheres que não foram vacinadas durante a infância ou adolescência
recebam o esquema completo da vacina HPV na fase de pré-concepção. Durante a
gestação, ocorrem modificações que podem favorecer a expressão viral,
dificultando a eliminação do vírus e promovendo sua persistência. O DNA do HPV
é frequentemente encontrado no trato genital inferior de mulheres grávidas.
Embora a transmissão vertical seja rara, o HPV tem sido detectado na placenta,
tornando difícil diferenciar entre contaminação e infecção verdadeira. O
principal receio é a papilomatose respiratória recorrente resultante dessa
transmissão vertical.
Devido à falta de
estudos, a vacina contra o papilomavírus humano é contraindicada durante a
gestação, mas pode ser administrada no puerpério.
Vacina contra a Coqueluche e
VSR
A especialista da
FEBRASGO enfatiza que a vacina contra a coqueluche é indicada em dose única a
partir da 20ª semana de gestação, proporcionando proteção à mãe contra
difteria, tétano e coqueluche, além de proteger o bebê contra a grave condição
da coqueluche. “Isso ocorre porque os anticorpos são transferidos via
transplacentária e também por meio da amamentação. A vacina deve ser
administrada em cada gestação, independentemente do histórico de vacinação
prévia com a vacina dupla adulto (dT). Caso não tenha sido possível administrá-la
durante a gravidez, a vacinação deve ser realizada imediatamente após o parto,
preferencialmente até 45 dias depois”, comenta.
A vacina contra o
VSR, licenciada pela Anvisa, é recomendada na bula para administração entre 24
e 36 semanas de gestação. A comissão de vacinas da FEBRASGO, em consonância com
a Sociedade Brasileira de Imunizações, sugere que a aplicação ocorra entre 32 e
36 semanas, exceto em casos de risco de prematuridade. Em relação à vacina
dTpa, recomenda-se um intervalo de 14 dias entre as doses. O Programa Nacional
de Imunizações está avaliando a incorporação dessa vacina ao serviço público de
saúde. Dados científicos adicionais são necessários para determinar se doses
extras serão necessárias em gestações subsequentes.
A coqueluche e a
infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) são causas significativas de
complicações e óbitos nos primeiros meses de vida do bebê. A vacinação materna
diminui consideravelmente a mortalidade neonatal e a morbidade do binômio
mãe-bebê, além de reduzir os custos em saúde associados a internações e
tratamentos de reabilitação.
Benefícios
da vacinação da gestante na saúde do bebê após a gestação
“A vacinação
durante a gestação tem um impacto significativo na promoção de uma gravidez
mais saudável, beneficiando tanto a gestante quanto o bebê, com repercussões
positivas na saúde da família e da comunidade a longo prazo. Além de proteger a
mãe, a vacinação oferece proteção ao bebê por meio da transferência de anticorpos
maternos, especialmente imunoglobulinas da classe G (IgG), pela placenta”,
afirma a Dra. Susana.
Assim, vacinar
gestantes ajuda a prevenir infecções graves na mãe, reduz o risco de
prematuridade e infecções congênitas, permite a transmissão de anticorpos para
o feto e evita a transmissão de doenças para o lactente e para outras pessoas
sob seus cuidados, seja em casa, em creches, escolas ou hospitais.
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