Entre 2013 e 2023, 157 em cada 100 mil adolescentes, entre 15 e 19 anos, apresentaram crises de ansiedade, de acordo com dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do SUS
A cada dia, os jovens enfrentam mais cobranças e autoexigências devido à vida pessoal e educacional. Essas pressões têm levado a um aumento nos registos de ansiedade. De acordo com o levantamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2013 a 2023, a taxa de ansiedade entre adolescentes de 15 a 19 anos é de cerca de 157 a cada 100 mil, enquanto entre adultos acima de 20 anos, a taxa é de 112,5 a cada 100 mil.
Os dados revelam que a situação dos jovens começou a se deteriorar em relação à dos adultos a partir de 2022. O aumento alarmante de 251% entre meninos da mesma faixa etária destaca a necessidade urgente de atenção a essa questão. Além disso, a alta significativa de 663% nos atendimentos de depressão para meninas dessa faixa etária, em contraste com o verificado com os meninos, e o aumento nos casos de suicídio entre meninas reforçam a gravidade da situação.
No mês de
conscientização pela saúde mental da população e com os vestibulares se
aproximando, com o intuito de fazer com que os jovens não tenham crises de
ansiedade, profissionais educadores de sistemas de ensino, listam 4 dicas para
ajudar os estudantes e vestibulandos a controlar a ansiedade antes das provas.
Confira:
Gerenciamento do estresse
Estar preparado para o vestibular é uma preocupação significativa para os estudantes que desejam ingressar no ensino superior. Mas o que fazer quando ocorre uma crise de ansiedade? O autor do material didático do Fibonacci Sistema de Ensino, Leonardo Morelli explica que para gerenciar o estresse durante a preparação para o vestibular, os estudantes podem adotar algumas técnicas eficazes. “Respiração profunda e técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, ajudam a reduzir a ansiedade e a aliviar a tensão física e mental. Exercícios físicos também são uma opção, pois liberam endorfinas no organismo, melhorando o humor e reduzindo o estresse”, afirma.
O autor também sugere
a criação de um cronograma de estudos organizado e realista, que estabeleça
limites para descanso e lazer, a manutenção de uma alimentação saudável e a
importância de contar com redes de apoio social. “Integrar práticas de mindfulness
(prática de se concentrar completamente no presente) no dia a dia também pode
ajudar a reduzir o estresse e melhorar o foco”, acrescenta.
Práticas que podem evitar o estresse
Ao se aproximar das datas de provas, é comum os vestibulandos sentirem uma certa ansiedade e insegurança. O autor de geografia do Sistema Anglo de Ensino, Diego E. Campos Oliveira, explica que a ansiedade está relacionada à sensação de aflição, receio ou agonia, o que remete ao medo. “Esse medo pode ser definido como uma expectativa negativa diante de uma sensação desagradável e da possibilidade de fracasso”, destaca.
O autor também dá
algumas dicas de como os alunos podem contornar essa situação, assim como
manter uma rotina de estudos em um local adequado e bem iluminado, praticar
atividades físicas, beber água e dormir bem e, o mais importante de tudo, ter
autoconhecimento, pois enquanto alguns estudantes precisam de silêncio, outros
gostam de ouvir música para se concentrar, por exemplo.
Sintomas de ansiedade
A pressão do vestibular pode ter muitas repercussões psicológicas nos estudantes, variando de burnout a depressão. A tristeza, a ansiedade e a insegurança sobre o futuro repercutem nas relações sociais dos vestibulandos e também em seu rendimento nos estudos, inclusive no dia da prova. A autora do material didático do Sistema de Ensino pH e acadêmica de medicina, Nathalia Pinho, explica quais sinais o estudante deve estar atento nessa fase. “Pensamento acelerado, desorganização, procrastinação, irritabilidade, alterações de apetite, cansaço, insegurança, além de sintomas físicos como insônia, dor de estômago, sudorese, dor de cabeça e imunidade baixa são algumas das manifestações do estado ansioso e do estresse ao qual pessoas que estão fazendo vestibular podem estar submetidas”, pontua.
A autora também indica
que, caso esses sintomas sejam frequentes, é importante que o estudante procure
ajuda psicológica. A própria instituição de ensino pode indicar profissionais,
mas na falta dessa indicação, é recomendável conversar com pessoas de confiança
e buscar boas referências profissionais.
A importância da rotina desde a infância
Camila Penachin, coordenadora pedagógica e especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico e Neuropsicopedagogia no Anglo Alante - Paulínia, destaca que o cérebro das crianças se adapta ao meio e aos hábitos que desenvolvem, graças à neuroplasticidade. “É crucial que pais e responsáveis estabeleçam rotinas desde cedo, como horários para acordar, brincar, realizar refeições, estudar e cumprir tarefas cotidianas. Essas ações criam conexões neurais positivas, mostrando às crianças que há tempo para tudo e promovendo hábitos saudáveis que moldam novas rotas neurais”, explica Camila.
O uso excessivo de telas pode prejudicar tanto o desenvolvimento cognitivo, quanto comportamental das crianças. “O cérebro pode se tornar ‘preguiçoso’ para desenvolver habilidades essenciais, como leitura e concentração. Além disso, a falta de estímulos verbais pode afetar negativamente a aprendizagem, atenção e memória”, alerta a especialista. No aspecto comportamental, o isolamento social e a dificuldade em criar vínculos são preocupações significativas, aumentando a probabilidade de ansiedade, irritabilidade e distúrbios do sono.
O sono é fundamental para a consolidação da memória e o processamento de informações. “A falta de sono pode comprometer a concentração e o desempenho escolar das crianças, além de afetar o bem-estar geral”, afirma Camila.
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