Auguste Rodin, Gênio do descanso eterno, entre
1899 e 1902; Advânio Lessa, Raízes mortas
da natureza e cipó, da série Vida
- 2015-2023; Waltercio Caldas, A emoção estética, 1977
A forma do fim ocupa o 2º andar do edifício Pina Estação com coleção de esculturas que
tratam da relação entre vida e morte, passagem do tempo e eternidade
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A Pinacoteca de São Paulo, museu da
Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo,
apresenta A forma do fim: esculturas no acervo da Pinacoteca. Com
curadoria de Yuri Quevedo, a mostra reúne um conjunto com cerca de 60
esculturas de diferentes épocas que tratam de um tema recorrente nas obras do
acervo: representações da passagem do tempo e dos ciclos da vida. A
partir do dia 14 de setembro o público poderá ver obras como Gênio do
descanso eterno (entre 1899 e 1902), de Auguste Rodin, máscaras
mortuárias da virada do século XIX para o XX e a escultura Raízes
mortas da natureza e cipó (2015 – 2023), de Advânio Lessa,
esta última exposta pela primeira vez na Pinacoteca.
“Um dos aspectos mais interessantes da
arte é a possibilidade de imaginar um futuro. Seja pensando criticamente as
formas de vida. Seja para conceber nosso fim. Essa exposição mostra como
artistas podem nos ajudar a entender a nossa experiência do tempo, sua passagem
e aquilo que permanece”, conta o curador.
Sobre a exposição
A forma do fim nasce a partir do olhar para o acervo
centenário da Pinacoteca, que conta com mais de 13 mil obras. Dessas, quase mil
fazem parte da exposição permanente, Pinacoteca: Acervo, que reúne
trabalhos de mais de 400 artistas nas 19 galerias expositivas do edifício
Pinacoteca Luz. Em 2020 aconteceu a reformulação da mostra, em cartaz até 2030
– baseada em um esforço intencional de compreensão da história da instituição e
ampliação da presença de artistas mulheres, artistas negros e indígenas, além
de pessoas artistas LGBTQIA+.
Pensando o acervo como uma plataforma para novas pesquisas e aquisições, surge o interesse pela coleção de esculturas presentes na Pinacoteca, na busca de compreender como ela se forma e quais são suas características marcantes que foram desenvolvidas ao longo do tempo. A curadoria buscou perceber essas tendências históricas, organizando seu discurso a partir daquilo que é recorrente no acervo. “Ao olhar para a coleção de esculturas da Pinacoteca, é interessante notar como artistas elaboram diversas experiências de vida e morte que nos instigam a pensar nosso modo de ver arte e a imaginar nossa própria vida”, afirma Yuri Quevedo.
A curadoria parte de um conjunto curioso de máscaras mortuárias, fundidas sobre o rosto de artistas em seu leito de morte. Na tentativa de reter a experiência daqueles que partiram, as máscaras acabam por eternizar uma imagem da morte. Uma das máscaras é a do artista Almeida Júnior, um dos nomes da arte brasileira mais importantes do século XIX, cuja obra é fundadora da coleção da Pinacoteca. A essas máscaras se contrapõem fazeres calcados em outras tradições, modos de compreender a vida de maneira cíclica, como parte de um sistema maior, onde o fazer artístico pode ressignificar a matéria morta.
Raízes mortas de natureza e cipó (2015 – 2023), de Advânio Lessa, ressignifica a matéria morta, a transformando em algo vivo através da arte. Dando forma às diferentes dimensões do tempo, esculturas como Bicho – Relógio de sol (1960), de Lygia Clark, Yuxin (2022), de Kássia Borges, Ferramenta de Tempo (2021), de José Adário, e a performance Passagem (1979), de Celeida Tostes, propõem entender a vida e os fazeres da arte de forma cíclica.
As esculturas de Marcia Pastore e Hudinilson Jr. (década de 1980), materializam no espaço membros do corpo ou peças de roupa, registros delicados de suas presenças, que não se impõem como ordenadoras do mundo. O famoso trabalho de Waltercio Caldas, A emoção estética (1977),é uma pista para compreender essa presença e nossa experiência diante da arte: um par de sapatos parece estar a ponto de flutuar diante da forma – uma maneira de estar diante de algo que nos emociona, de compreender nossa comoção por meio do diálogo, investigando a maneira de nos por em relação e, assim, imaginar nosso futuro.
Ao entrar no espaço expositivo, o visitante se depara com uma escultura medieval do século XII, que representa Cristo crucificado, de autoria desconhecida - além de obras do período barroco no Brasil. Na sequência estão as máscaras mortuárias, além de esculturas de bronze de Brecheret e Liuba Wolf. Esses artistas estão juntos em uma série de cabeças fundidas em bronze, retratos escultóricos que buscam encontrar as expressões dos retratados nas mais diversas fases da vida.
Entre elas, há a tentativa de artistas
do começo do século XX de representar mulheres e homens negros como “tipos
brasileiros”. Até o início da pesquisa para essa exposição, apenas uma dessas
esculturas tinha um nome: Maria da Glória (entre 1920 e
1988), de Luiz Morrone. A Pinacoteca tem feito um esforço constante de rever
esses títulos, e reencontrar a representação dessas identidades apagadas,
buscando identificar seus nomes e, a partir disso, localizar na história dos
artistas quem foram esses homens e mulheres que serviram de modelo. Durante a
pesquisa de análise da origem desses títulos, a equipe localizou o nome da
modelo para uma escultura de José Cucê, Irina – que passa agora a integrar o
título da obra.
SERVIÇO:
A forma do fim: esculturas no acervo da
Pinacoteca
Período: 14.09.2024 a 16.03.2025
Curadoria: Yuri Quevedo
Pinacoteca Estação (2º andar)
De quarta a segunda, das 10h às 18h
(entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados - R$ 30,00
(inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três
edifícios - válido somente para o dia marcado no ingresso
Quintas-feiras com
horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h)
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