Especialista do
Pilar Hospital destaca os quadros em que o procedimento é indicado e o
funcionamento do método para evitar partos prematuros e abortos
Nos últimos meses, diversas celebridades como
Eliana, Nadja Haddad e Ary Mirelle se pronunciaram sobre um tema relevante para
muitas gestantes: a cerclagem uterina. Com o objetivo principal de prevenir o
parto prematuro e o aborto em mulheres que têm uma condição
conhecida como incompetência istmocervical, o procedimento, embora recomendado
para algumas pacientes, ainda é pouco conhecido pela maioria. A visibilidade
dada ao tema ajuda a trazer à tona a importância do tratamento, que pode ser
vital para evitar complicações graves durante a gestação.
No Brasil, uma média de 3 em
cada 10 gestações terminam em aborto, de acordo
com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). Vicente Letti Junior,
ginecologista do Pilar Hospital, explica que, na maioria dos casos, a causa é
genética. No entanto, quando o cenário é repetitivo, o quadro passa a ser
chamado de abortamento habitual, que é quando, segundo o médico, se inicia o
processo de investigação de casos de incompetência istmocervical.
O nome do quadro se origina no conjunto da região
do istmo, que pode sofrer um enfraquecimento durante a gestação, e do colo
uterino, também chamado de cérvice, que pode apresentar encurtamento. “Quando a
mulher engravida, o volume uterino aumenta por causa do bebê, da placenta, do
líquido amniótico e das membranas. Assim, o útero fica mais ‘pesado’ e a
musculatura que deveria manter a gestação, acaba cedendo por conta da gravidade”,
explica. A condição, que pode ser uma característica natural da mulher, também
pode ser oriunda de procedimentos feitos ao longo da vida, como uma curetagem,
um parto normal, uma cesariana e, até mesmo, por infecções.
O diagnóstico pode ser feito por meio de
ultrassonografias realizadas durante o pré-natal e, por ser uma condição que
pode ocorrer sem sintomas evidentes, é fundamental que as gestantes realizem
exames regulares para monitorar a saúde do colo uterino. Assim que verificado o
quadro, o tratamento – chamado de cerclagem uterina – consiste em pontos
cirúrgicos que são feitos, na maioria das vezes, via vaginal para estreitar o
colo do útero e prolongar a gestação até as semanas finais para o
desenvolvimento completo do bebê.
"É importante que o diagnóstico e a
intervenção sejam realizados o mais cedo possível para uma gestação segura. O
tratamento pode ser feito antes da gravidez, mas normalmente é realizado logo
no início da gestação. O ideal é que seja feito entre 8 e 12 semanas",
afirma Letti Junior. No caso da apresentadora Eliana, a cirurgia foi feita na
11ª semana de gravidez da sua filha caçula, Manuela. Nadja Haddad, também
apresentadora, fez a cerclagem em sua gestação gemelar. Já Ary Mirelle,
influenciadora digital, realizou a intervenção de forma emergencial, com 27
semanas de gestação, para evitar o rompimento da bolsa.
Por ser um procedimento de rápida recuperação, a
cerclagem uterina permite que as gestantes retomem as atividades do dia a dia
cerca de um mês após a alta. “Cada caso é um caso, mas desde que seja feito na
época correta, com a técnica correta e que não tenha outras intercorrências, a
recuperação é tranquila. Se dentro de um mês correr tudo bem, é uma vida
praticamente normal”, conta o ginecologista.
No entanto, a cerclagem uterina não é indicada para
todas as mulheres. A decisão de realizar a cirurgia deve ser baseada em uma
avaliação médica detalhada e considerar fatores como o histórico de gravidez da
paciente e outros riscos. Letti Junior destaca que o procedimento não deve ser
imposto, mas sim realizado a partir de uma decisão da mulher, embasada em
orientações corretas e com o acompanhamento de um especialista. Com informações
e diagnóstico adequados, muitas mulheres podem garantir uma gestação saudável e
bem-sucedida.
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