A decisão de ter um carro costuma gerar muitos
questionamentos e divide opiniões. Enquanto algumas pessoas consideram o carro
essencial para o dia a dia, facilitando a rotina, outras o veem como um gasto
supérfluo, desnecessário em suas vidas. Mas quem está certo nessa história? A
verdade é que a resposta depende da realidade de cada um, tornando essencial
avaliar o contexto em que esse indivíduo se encontra.
No entanto, antes de decidir pela compra do carro, o primeiro passo é definir
claramente o motivo dessa aquisição. É importante ser sincero consigo mesmo e
se perguntar: isso é realmente uma necessidade? A necessidade, nesse contexto,
pode ser entendida como a incapacidade de manter uma rotina regular e saudável
sem o veículo, como no caso de ter filhos pequenos e precisar levá-los a uma
escola distante.
Um fator que costuma pesar bastante na decisão de ter ou não um carro é o
aumento da qualidade de vida e independência que o veículo pode proporcionar.
Para quem usa o automóvel para trabalhar ou para cuidar de familiares no dia a
dia, o tempo economizado (e a praticidade oferecida) podem compensar os custos
adicionais, o que acaba sendo uma vantagem relevante.
Por outro lado, se a compra for motivada por fatores como o desejo de ter um
carro - porque todos ao seu redor possuem - ou a crença de que ele se valoriza
e agrega status, é importante reavaliar a real necessidade e os benefícios
dessa aquisição. Por exemplo, se você ainda não tem filhos e vive em grandes
centros urbanos, onde o trânsito costuma ser caótico, optar por outros meios de
transporte pode ser uma escolha menos custosa e menos estressante.
Como planejar a compra de um automóvel?
Porém, se a sua motivação é válida e você decidiu realmente comprar um
carro, esteja atento. É fundamental fazer um planejamento financeiro, avaliando
o impacto da compra no seu orçamento. Considere não apenas o valor do carro,
mas também os custos adicionais como seguro, manutenção, combustível e
impostos. Priorize a compra de modelos conhecidos pela confiabilidade e
segurança, tanto para você quanto para os passageiros.
Outro aspecto importante é avaliar qual é o melhor tipo de carro para a sua
necessidade específica. Isso envolve escolher entre um veículo pequeno, médio
ou grande, ou decidir entre um SUV, coupé, entre tantos modelos. A escolha deve
ser guiada, principalmente, por aspectos práticos, que atendam suas
necessidades da maneira ideal, como espaço, conforto, custos de manutenção e
uso pretendido.
A forma de pagamento do veículo também deve ser analisada com cautela. A
decisão de financiar ou pagar à vista deve ser baseada em uma análise cuidadosa
do seu orçamento e das finanças pessoais. Se você tem o montante necessário
disponível sem comprometer suas reservas de emergência ou outros investimentos
importantes para objetivos de médio e longo prazo, pagar pelo veículo à vista
será a melhor opção. Evite dívidas, sempre.
O problema é que existem pessoas que costumam cair na conversa de vendedores,
que falam assim: “Deixe o dinheiro investido e faça um financiamento, é melhor
negócio, você vai manter o recurso” - Não existe isso, impossível. Muitas
financeiras pagam comissões aos vendedores pelos financiamentos, então vão
querer te empurrar essa ideia mesmo. Por isso não se deixe influenciar e
escolha o que achar melhor.
Se optar por fazer o financiamento, avalie o impacto das parcelas no seu
orçamento mensal. Verifique o valor total a ser pago ao final do contrato,
incluindo juros, e compare com o valor do carro. Em muitos casos, os juros
podem aumentar o custo final do veículo, o que pode não ser vantajoso. Neste sentido,
considere o prazo do financiamento: quanto mais longo, menores as parcelas, mas
o custo total fica maior, devido aos juros acumulados.
Saiba que, ao assumir um financiamento, você compromete parte de sua renda
futura, o que pode limitar sua flexibilidade para lidar com outras despesas ou
emergências. Portanto, antes de decidir pelo financiamento, faça simulações,
compare ofertas de diferentes instituições financeiras e avalie se o
comprometimento de renda se encaixa no seu orçamento, sem sobrecarregar suas
finanças.
Cuidados adicionais
Além disso, tome bastante cuidado com aquelas ofertas que parecem “muito
boas” ou “imperdíveis”. Desconfie de preços muito baixos, verifique o
histórico, documentação e os eventuais registros de reclamações da loja revendedora
no Procon e em redes sociais. Esses cuidados podem ser muito úteis para evitar
surpresas desagradáveis, garantindo que a sua compra seja mais segura e
satisfatória.
Do ponto de vista financeiro, um carro não é um investimento, pois desvaloriza
e deprecia com o passar dos anos. Mas a economia de tempo e o ganho de
praticidade podem ser fatores determinantes na qualidade de vida. Analise todas
essas questões com cuidado, evite decisões precipitadas e, caso opte pela
compra de um carro, que seja de forma sustentável, sem comprometer sua saúde
financeira no futuro.
João Victorino - administrador de empresas, professor de
MBA do Ibmec e especialista em finanças pessoais. Com uma carreira
bem-sucedida, busca contribuir para que as pessoas melhorem suas finanças e
prosperem em seus projetos e carreiras. Para isso, idealizou e lidera o canal A Hora do Dinheiro com conteúdo
gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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