O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anunciou a pauta de processos para o segundo semestre de 2024, destacando casos significativos que abordarão questões cruciais relacionadas à Lei Maria da Penha, sua aplicação e evolução. Este momento oferece uma oportunidade para refletir sobre os 18 anos da Lei Maria da Penha e seu impacto na proteção das mulheres.
Sancionada em 7 de agosto de 2006, pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei Maria da Penha é considerada um
marco na proteção das mulheres contra a violência doméstica no Brasil.
Inspirada na história de Maria da Penha Maia Fernandes, a lei surgiu como uma
resposta do governo brasileiro para combater e diminuir os casos de violência
doméstica no país.
Impacto e evolução
da Lei Maria da Penha
Desde sua criação, a Lei Maria da Penha aprimorou a
eficácia da legislação anterior (Lei 9099/95), que frequentemente convertia
penas em prestação de serviços à comunidade, e ampliou a rede de apoio às
mulheres vítimas de agressão. Reconhecida mundialmente, a lei passou por
diversas atualizações, com as mais significativas ocorrendo entre 2023 e
2024.
Através do Projeto de Lei nº 1.604/22, de autoria
da então senadora Simone Tebet, foi sancionada a Lei nº 14.550/23. Esta nova
legislação assegura proteção contra todas as formas de violência em contextos
domésticos, familiares e íntimos de afeto, abrangendo a integridade física,
psicológica, sexual, patrimonial e moral das vítimas.
"As violências contra todas aquelas que se
identifiquem com o sexo feminino podem acarretar na aplicação de sanções
imediatas, necessárias ao rompimento do ciclo da violência, consistentes nas
denominadas medidas protetivas de urgência, além de estarem sujeitas a penas
endurecidas pela legislação," destaca a advogada criminalista Marilia
Faria.
Pauta do STJ e
proteção das mulheres
Entre os processos pautados para o segundo semestre
de 2024, o STJ irá julgar casos que podem redefinir a aplicação da Lei Maria da
Penha em situações específicas, incluindo a proteção das vítimas durante a
apuração dos crimes. No início deste ano, o presidente Lula determinou que o
nome da vítima seja mantido em sigilo durante a investigação de crimes
praticados contra a mulher, reforçando a segurança e confidencialidade das
denunciantes.
As denúncias podem ser feitas em Delegacias
Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM) ou pelo telefone 180, que funciona 24
horas por dia. Instituições como a Casa da Mulher Brasileira oferecem suporte
crucial às vítimas, incluindo tratamentos psiquiátricos, moradia e orientações
legais.
Reflexão e
desafios futuros
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública
revelam que 76% das vítimas de agressão sexual são garotas menores de 14 anos,
e 65% dos crimes ocorrem dentro de casa, cometidos majoritariamente por
familiares (64%). Este cenário destaca a importância de fortalecer e evoluir
constantemente a legislação e as políticas públicas para garantir a proteção e
o bem-estar de todas as mulheres no Brasil.
"A Lei Maria da Penha tem sido um instrumento vital
na luta contra a violência doméstica. No entanto, é crucial continuarmos
evoluindo e reforçando as políticas públicas para garantir a proteção e o
bem-estar de todas as mulheres no Brasil," conclui Marilia Faria.
Fontes:
Rafael Paiva - advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, especialista em violência doméstica e professor de Direito Penal, Processo Penal e Lei Maria da Penha.
Marilia Ancona de Faria – Advogada Criminalista. Pós-graduada em Direito Penal Econômico pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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