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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Mais de 60% das mulheres que morrem com doenças nas artérias do coração não têm sintomas específicos

De acordo com Lara Reinel de Castro, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, não descobrir esses sintomas atrasa o diagnóstico e o tratamento adequado, impactando o índice de mortalidade e de sobrevida, que é de 8,2 anos no público masculino e de 5 anos no feminino 

 

Pouca gente sabe, mas as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil, aponta o Ministério da Saúde. Embora ocorram tardiamente no público feminino, tem crescido a ocorrência de doenças isquêmicas, como o infarto do miocárdio em mulheres mais jovens – entre 15 e 49 anos. “No Brasil, de cada dez vítimas fatais por essas enfermidades, quatro são mulheres. Há 50 anos, não chegava a 10%”, aponta Lara Reinel de Castro, Cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. 

Antes da menopausa, as mulheres contam com uma particularidade biológica a seu favor: a produção do estrógeno, hormônio feminino que facilita a dilatação dos vasos e a circulação do sangue, desempenhando um importante papel de proteção cardiovascular. Com a menopausa, elas perdem esse aliado. Além de fatores de risco clássicos, que independem de sexo, como hipertensão, dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue), diabetes, tabagismo, sedentarismo e obesidade, existem alguns aspectos específicos do público feminino. 

Enquanto nos homens os problemas cardíacos são geralmente causados por doença aterosclerótica obstrutiva (impedimento da passagem de sangue na artéria por coágulo ou placa de gordura), nas mulheres eles podem estar também associados à microcirculação sanguínea (artérias menores). Aumentam ainda mais os riscos as enfermidades que afetam mais as mulheres, entre elas as doenças autoimunes (como artrite reumatoide e lúpus), a dissecção espontânea de coronária (rompimento espontâneo de vaso no coração) e a síndrome de Takotsubo, conhecida como síndrome do coração partido (lesão no coração após forte estresse). 

Também fazem parte do leque de riscos a terapia hormonal e medicamentos antineoplásicos utilizados no tratamento do câncer de mama. Na fase pré-menopausa, síndrome do ovário policístico e complicações da gravidez, como eclâmpsia e diabete gestacional, podem se refletir em problemas cardíacos. “Some-se a tudo isso, aspectos comportamentais e sociais, como dupla jornada de trabalho, estresse, depressão e outros problemas de saúde mental e violência de gênero”, complementa a especialista.
 

Sintomas atípicos 

Pesquisas mostram que menos da metade das mulheres recebe tratamento adequado para as doenças cardiovasculares. Em parte, isso se deve a sintomas atípicos, que acabam sendo subestimados. Em um infarto, por exemplo, em vez da clássica dor no peito que irradia para o braço esquerdo, elas podem apresentar manifestações menos características, como desconforto no estômago e nas costas, cansaço, falta de ar, náusea, tontura, sudorese e sensação de ansiedade. “Mais de 60% das pacientes que morrem com doença coronariana não têm sintomas específicos, o que pode atrasar o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento adequado, impactando o índice de mortalidade e de sobrevida – que é de 8,2 anos no público masculino e de 5 anos no feminino”, explica a cardiologista.
 

Cuidando do coração feminino 

A médica explica que, independentemente de sexo, é fundamental para a prevenção dessa e de várias outras doenças a adoção de um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas, cessação do tabagismo e controle do peso. Igualmente importante é dormir bem, gerenciar o estresse e monitorar pressão arterial, colesterol, triglicérides e glicemia (taxa de açúcar no sangue). “E quem tem histórico de doença cardiológica precoce na família deve iniciar o acompanhamento médico 10 anos antes da idade do familiar que teve o problema”, finaliza. 

 

BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

 

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