Profissional
de Psicologia explica quais são as possíveis consequências do distanciamento
entre pais e bebês
Ao longo do mês de
julho de 2024, o Senado Nacional aprovou o projeto de lei 3.773/2023 que prevê
um aumento na duração da licença-paternidade — passando de 5 a 75 dias — , cria
o salário-paternidade e impede a demissão sem justa causa no período de
afastamento. A proposta, que ainda está em análise na Câmara dos Deputados,
responde a uma demanda de 75% da população brasileira, que acredita na
necessidade de que as figuras paternas tenham direito a períodos maiores de
contato com os recém-nascidos, conforme revela a pesquisa do DataFolha.
A proposta tem
tanta adesão frente à população nacional, que políticos de diferentes
vertentes, inclusive opositores, se uniram para defendê-la e o Supremo Tribunal
Federal (STF) determinou um prazo para que medidas de regulação sobre a
licença-paternidade sejam implementadas no país. A demanda por essa
implementação parte tanto da população masculina (77%) quanto da feminina
(75%) no país, e encontra motivação em fatores como: o apoio entre os
componentes de um relacionamento para dividir os cuidados com as crianças
provenientes dele, a criação de um vínculo afetivo entre pais e filhos desde os
primeiros dias de contato, a participação igualitária entre os responsáveis
pela criança no dia a dia dela, entre outros.
Segundo a
profissional de Psicologia da rede AmorSaúde, Roberta Nascimento, quando o tema
é saúde, a extensão da licença-paternidade, e o consequente contato mais
próximo entre pais e bebês, traz benefícios para toda a família.
“No psicológico de
grande parte das figuras paternas, a conexão com os bebês começa ainda durante
a gestação, mas é claro que quando a criança nasce, novas formas de contato e
cuidado surgem exigindo uma maior dedicação. A chegada de um novo membro em um
núcleo familiar demanda tempo para que a conexão, feita durante a gestação, se
fortaleça. Por isso o aumento da licença-paternidade se torna interessante,
assim como para que as figuras maternas não se sintam sozinhas nesse processo.
Dessa forma, ampliar o tempo que os pais passam junto às suas famílias pode ser
benéfico tanto para a criação e o fortalecimento de vínculos, quanto para a
saúde — física e psicológica – da figura materna e da criança”, destaca.
A profissional
pontua ainda que a falta de um contato mais próximo, ao longo do período em que
os vínculos afetivos estão se formando, pode impactar negativamente o
desenvolvimento das crianças. “O que muitas vezes observamos é que, em casos em
que a conexão entre pais e filhos não se fortalece na fase da primeira
infância, muitos prejuízos surgem como consequência; destaco principalmente os
problemas psicológicos. O bebê precisa de afeto, precisa de sentir amado pelos
pais. No longo prazo, o mencionado prejuízo pode ser um não reconhecimento de
sentimentos, com isso, a criança não tem como demonstrar suas emoções e
encontra dificuldade em socializar com muitas pessoas. Em consultório, é comum
recebermos crianças e adultos com problemas de socialização e, quando
analisamos o caso em profundidade, descobrimos quase sempre que ali existiu uma
criança para a qual os pais não demonstraram afeto, não houve essa conexão
necessária para o desenvolvimento”, explica.
No mês em que se
celebra o Dia dos Pais, o tema ganha atenção redobrada e o prazo de 18 meses,
estipulado pelo STF para a regulamentação da licença-paternidade, se aproxima
de sua finalização.
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