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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Entenda como a endometriose pode estar conectada ao sistema imunológico

Compreender essa relação pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para a doença, afirma especialista

 

Apesar de não haver nenhuma conclusão médica que aponte as causas da endometriose – doença crônica ginecológica, na qual o tecido endometrial se desenvolve fora do útero, atingindo outros órgãos locais –, estudos apontam que o sistema imunológico também é afetado pela patologia. Ainda não está claro, no entanto, se uma falha nele pode ser causadora da doença, ou se existe outro tipo de relação. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 8 milhões de mulheres sofrem de endometriose no Brasil.  

Um estudo publicado na revista científica Scientific Reports mostrou que as pessoas com endometriose têm alterada a função das células imunitárias, essenciais no combate a vírus e tumores. A pesquisa também descobriu que pacientes com essa condição apresentaram níveis elevados de inflamação – especificamente, níveis mais altos de citocinas, proteínas especiais que dizem às nossas células o que fazer quando o corpo encontra um patógeno nocivo, como um vírus ou uma bactéria.  

O processo de inflamação é uma característica fundamental de como a defesa do nosso corpo funciona. Na maioria das vezes, inflamações são processos de curto prazo. Mas, às vezes, o sistema imunológico se confunde e o corpo continua a enviar células inflamatórias e citocinas mesmo quando não existe ameaça.  

Justamente por se tratar de uma doença inflamatória é que as pesquisas trazem a hipótese de relação entre a endometriose e o sistema imunológico. No entanto, o médico ginecologista, Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, ressalta que essa relação ainda não foi comprovada, mas avança, à medida que são feitos estudos a respeito. 

“A inflamação também é uma característica do ciclo menstrual, que é composto por duas fases: a folicular, que vai do primeiro dia da menstruação até a ovulação, e a lútea, da ovulação até a menstruação. A maior parte da inflamação no período ocorre no útero, mas pode se desenvolver fora dele. É daí que vem a relação de estudos que revelam alterações no sistema imunitário de pessoas com endometriose”, relata.  

O revestimento uterino em pacientes com a patologia também produz moléculas em excesso chamadas quimiocinas, que atraem outras células imunológicas, piorando a inflamação. A disfunção do sistema de defesa pode explicar por que existe uma suspeita de associação entre pessoas com endometriose e distúrbios autoimunes, como lúpus, artrite reumatóide e doença inflamatória intestinal. 

“Níveis elevados de inflamação significam, ainda, que mulheres com endometriose podem ter maior probabilidade de apresentar sintomas piores durante infecções. Embora atualmente não se saiba com que precisão o sistema imunológico está relacionado à endometriose, trabalhar para entender melhor essa relação pode ser fundamental para ajudar a desenvolver melhores tratamentos”, conclui o médico. 

  


Clínica Bellelis - Ginecologia

Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia.


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