A Síndrome do X-Frágil, uma das principais condições genéticas de autismo, pode ser identificada por meio de pesquisa molecular do gene FMR1 e prevenida, por exemplo, com realização de teste genético pré-concepcional em casais com histórico familiar da condição ou sintomas de falência ovariana prematura
Pesquisas mostram que mulheres que possuem um
determinado número de repetições de nucleotídeos CGG no gene FMR1,
podem enfrentar desafios reprodutivos, como baixa reserva ovariana. De acordo
com o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia, a análise genética é recomendada
em pacientes com falência ovariana precoce (2).
Determinados números de expansões no gene estão associados ao maior risco da
Síndrome do X-Frágil em meninos, condição que corresponde por cerca de 5% dos
casos de autismo sindrômico.
A Igenomix Brasil, pioneira em genética reprodutiva
e referência em aconselhamento genético e pertencente ao Grupo Vitrolife,
ressalta a importância da pesquisa molecular do gene FMR1,
da disseminação de informação qualificada sobre a saúde reprodutiva das
mulheres e o papel da avaliação precoce – incluindo a realização de exames
pré-concepcionais - para planejamento familiar.
O conhecimento e planejamento reprodutivo em
relação à Síndrome do X-Frágil pode ser alcançada por meio de diferentes
estratégias. Testes genéticos pré-concepcionais são recomendados para casais
com parentes com deficiência intelectual, dificuldades de aprendizagem,
familiares com ataxia e/ou tremores e falência ovariana precoce.
Além disso, o Colégio Americano de Genética e
Genômica (ACMG) ressalta que os painéis de portadores (CGT) devem contemplar o
gene. O uso dos painéis de portadores tem sido amplamente realizado pelos
bancos de gametas como uma forma de triagem de risco para doenças genéticas. É
estimado que quase 2% das doadoras de óvulos apresentem alguma mutação ligada
ao X (3).
Além do acompanhamento médico, aconselhamento
genético é uma ferramenta importante para que os casais compreendam o risco de
transmissão e as opções disponíveis, incluindo a utilização de tecnologias de
reprodução assistida. O diagnóstico pré-implantacional para doenças monogênicas
(PGT-M) é uma opção para casais identificados como portadores da mutação,
permitindo a seleção de embriões livres da mutação, antes da implantação,
durante a fertilização in vitro (FIV).
Taccyanna Ali, geneticista e gerente de assessoria
científica da Igenomix na América Latina, destaca que o aconselhamento genético
e os testes são ferramentas essenciais para famílias que desejam evitar a
transmissão da Síndrome do X-Frágil. “Por meio do diagnóstico precoce e da
escolha informada dos embriões, podemos minimizar o risco de o bebê herdar o
gene alterado. Com isso, oferecemos uma perspectiva mais segura para a saúde
das futuras gerações”, explica.
Diagnóstico diferencial para o
melhor tratamento
A Síndrome do X-Frágil é uma das condições
monogênicas em que o autismo pode estar presente, porém, mais de 60% dos casos
de Transtorno do Espectro Autista são multifatoriais. A diferenciação entre
essas condições é importante para um diagnóstico preciso e melhoria da
qualidade de vida do paciente.
Além disso, a Síndrome está associada a uma reserva
ovariana reduzida em mulheres portadoras da mutação. Exames como a contagem de
folículos antrais e o exame antimulleriano podem identificar uma reserva ovariana
diminuída, sendo assim um alerta para investigar a presença da pré-mutação do
gene FMR1. Taccyanna Ali ressalta que a relação entre a Síndrome
do X-Frágil e o autismo pode ser complexa, mas entender essa conexão é
fundamental para um diagnóstico preciso.
No Brasil, a prevalência da Síndrome do X-Frágil
pode ser subestimada devido à falta de conscientização e ao acesso limitado a
testes genéticos. Com a disponibilidade crescente de tecnologias genéticas, a
detecção e prevenção da síndrome estão se tornando mais acessíveis. Esses dados
ressaltam a importância de aumentar a conscientização e o acesso a testes
genéticos para que mais famílias possam se beneficiar de medidas preventivas e
do diagnóstico precoce.
A Síndrome do X-Frágil é uma condição genética que
pode impactar significativamente a vida das pessoas afetadas e de suas famílias.
“A importância do teste e do aconselhamento genético não pode ser subestimada.
Eles oferecem não apenas um diagnóstico preciso, como também a oportunidade de
se tomar decisões informadas”, conclui Taccyanna.
Como a genética determina o
risco e a necessidade de testes
A análise genética da Síndrome do X-Frágil é
realizada por meio da pesquisa molecular do gene FMR1, que mede o número de
repetições CGG. Os resultados são classificados em quatro categorias:
- Até
45 repetições: faixa de normalidade.
- De 45
a 54 repetições: zona intermediária, com possibilidade de pré-mutação em futuras
gerações.
- De
55 a 200 repetições: pré-mutação, com risco elevado de mutação
completa em descendentes, a depender do número de repetições CGG. Estudos
mostram que para pacientes com 55 repetições, a probabilidade de expansão
completa é <1% enquanto para pacientes com 100 repetições ou mais, em
>98% dos casos ocorre a expansão completa para a próxima geração.
- Acima
de 200 repetições: mutação completa, com alta probabilidade de
manifestação da síndrome, especialmente em meninos.
As manifestações clínicas da Síndrome
do X-Frágil podem variar, mas geralmente incluem:
- Deficiência
intelectual: dificuldades significativas de aprendizado e desenvolvimento
cognitivo.
- Transtornos
comportamentais: hiperatividade, impulsividade e problemas de atenção.
- Problemas
de socialização: dificuldades com interações sociais e comunicação, muitas vezes
confundidas com autismo.
- Características
faciais distintas: incluem uma mandíbula proeminente e orelhas
grandes.
- Problemas
de coordenação motora: Ataxia e problemas de coordenação motora
fina.
- Flexibilidade
excessiva:
articulações excessivamente flexíveis.
- Síndrome
de falência ovariana prematura: Redução da função ovariana em mulheres,
manifestada por uma reserva ovariana diminuída em relação à faixa etária.
- Síndrome
da ataxia tremor: associado a anormalidades da marcha, tremores intencionais,
comprometimento intelectual tardio e problemas psiquiátricos.
A Síndrome do X-Frágil é hereditária.
A mutação no gene FMR1 é passada de pais para filhos por meio dos cromossomos
X. A mãe sempre transmite um cromossomo X, enquanto o pai pode transmitir um
cromossomo X ou Y. Portanto, a transmissão da síndrome pode ser explicada da
seguinte maneira:
- Se a
mãe é portadora da mutação: Existe um risco de 50% de que ela transmita o
cromossomo X com a mutação para seus filhos. Se o filho herdar o
cromossomo X com a mutação, ele pode manifestar a síndrome. Em filhas, a
presença da mutação pode não resultar em falência ovariana precoce,
síndrome da ataxia-tremor (associado a anormalidades da marcha, tremores
intencionais, comprometimento intelectual tardio e problemas
psiquiátricos).
- Se o
pai é portador da mutação: Mais rara, com poucos casos reportados no
mundo. Ele pode transmitir o cromossomo X com a mutação para suas filhas,
que podem se tornar portadoras e terem consequências reprodutivas. Os
filhos herdarão um cromossomo Y do pai e não serão afetados pela mutação
do pai.
Para mais informações sobre a Síndrome do X-Frágil
acesse o link.
Igenomix
Referências bibliográficas
1 – US National Library of Medicine: Fragile X syndrome. https://medlineplus.gov/genetics/condition/fragile-x-syndrome\#frequency
2 – Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia. NIPT Summary of Recommendations. Disponível em https://www.acog.org/advocacy/policy-priorities/non-invasive-prenatal-testing/current-acog-guidance
3 – Martin J, Asan, Yi Y, Alberola T, Rodríguez-Iglesias B, Jiménez-Almazán J, Li Q, Du H, Alama P, Ruiz A, Bosch E, Garrido N, Simon C. Comprehensive carrier genetic test using next-generation deoxyribonucleic acid sequencing in infertile couples wishing to conceive through assisted reproductive technology. Fertil Steril. 2015 Nov;104(5):1286-93. Disponível em https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0015-0282(15)01713-6
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