Doença atinge 2 em cada 100 mil pessoas no mundo, sendo considerada rara
O dia
21 de junho é destinado à celebração do Dia Mundial da Conscientização sobre a
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A doença atinge 2 em cada 100 mil pessoas
no mundo, sendo considerada rara. No Brasil, são 15 mil novos casos por ano. O
país adotou a mesma data para o Dia Nacional de Luta Contra a Esclerose
Lateral Amiotrófica (ELA), com o objetivo de levar conhecimento e sensibilizar
a população sobre a doença. Além de, buscar apoio aos pacientes e incentivar as
pesquisas para melhorar o tratamento.
A ELA
é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva,
acarretando paralisia motora irreversível e morte precoce, como consequência da
perda de movimentos respiratórios, digestão e fala. Ainda não se têm
informações sobre a causa da doença, entretanto, é provocada pela degeneração
dos neurônios motores responsáveis por transmitir impulsos
nervosos.
Os
sintomas da Esclerose Lateral Amiotrófica costumam aparecer em pacientes com
mais de 50 anos, porém, podem surgir em pessoas mais jovens. O principal
sintoma que acende o alerta dos médicos, é a fraqueza muscular acompanhada de
endurecimento dos músculos, inicialmente em um dos lados do corpo, e atrofia
muscular. Mas, câimbras, tremor muscular, reflexos, espasmos e perda de
sensibilidade também são sintomas e devem ser investigados.
A
terapeuta ocupacional (TO), Syomara Cristina, realiza tratamento em pacientes
diagnosticados com ELA e explica que a doença não afeta nenhum dos cinco
sentidos, (visão, olfato, paladar, audição e tato), nem o funcionamento da
bexiga, intestinos e a capacidade de pensar e raciocinar.
“Pessoas
com ELA normalmente têm perda gradual de força e coordenação muscular. Não
conseguem realizar atividades diárias, dificuldade para respirar e engolir,
facilidade para engasgar-se, babam e gaguejam, cabeça caída, problemas com a
fala, alterações na voz, perda de peso, câimbras e contrações musculares”,
enumera a TO.
Ainda
não existe cura para a doença. Então, é realizado um tratamento
multidisciplinar combinando medicamentos, terapia ocupacional, fisioterapia e
nutricionista para reduzir a velocidade de progressão da doença e prolongar a
vida do paciente.
Syomara
afirma que o profissional indicado para a avaliação quanto a melhora no
desempenho ou segurança para a realização de uma atividade cotidiana é o
terapeuta ocupacional. “O TO é o profissional que avalia a capacidade funcional
do paciente e por meio da análise da atividade indica o tratamento mais
adequado. Costumamos utilizar o método Perfetti e terapia da mão para conseguir
realizar atividades de vida cotidiana”, diz.
O
terapeuta ocupacional também pode indicar o uso de alguns produtos assistivos
que auxiliam o paciente na realização de atividades diárias, no convívio
familiar e no trabalho, como, adaptador de preensão universal que pode ser
utilizado por pessoas que têm dificuldade de segurar objetos.
“Nem
todos os pacientes conseguem utilizar produtos assistivos para facilitar suas
atividades diárias, depende de vários fatores como, evolução da doença e
capacidade dos movimentos e coordenação. O TO irá avaliar a possibilidade e
indicar ou não o dispositivo”, explica Syomara.
O
método Perfetti foi desenvolvido nos anos 1970 na Itália e resgata as lembranças
de experiências motoras do paciente por meio das sensações, assim, reaprende
movimentos pela integração entre mente e corpo. A terapia pode, por meio da
linguagem, associar os estímulos a lembranças pessoais, como os pelos de seu
cachorro ou o tapete de sua casa, por exemplo. Assim, há maiores chances de que
a pessoa em tratamento reconheça as sensações e volte a apresentar
sensibilidade na região do corpo que está sendo trabalhada.
Já a
Terapia da Mão é utilizada para conseguir recuperar a autonomia dos pacientes
nas mãos e membros superiores, com exercícios e aparelhos definidos pelo
terapeuta ocupacional.
Syomara
ressalta que o terapeuta ocupacional que deseja trabalhar com pacientes com
Esclerose Lateral Amiotrófica, deve aprofundar os conhecimentos em neurologia.
Além de trabalhar em conjunto com os outros profissionais de saúde e familiares
do paciente.
“Trabalhar
no tratamento de pacientes com ELA é difícil. A doença tira a autonomia de
pessoas que eram independentes, cuidavam de suas casas e trabalhavam, isso
afeta o psicológico de todos a sua volta. Unir uma equipe de profissionais de
saúde com os familiares é a melhor forma de trazer mais autonomia e qualidade
de vida para os acometidos pela doença”, afirma a TO.
Não
existe prevenção para a doença, já que ainda não foram mapeados fatores ou
comportamentos de risco que possam provocar a ELA. Entretanto, pessoas que tem
parentes próximos com a doença devem ficar em alerta, já que foram mapeados
fatores genéticos no desenvolvimento.
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