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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Cardiopatias congênitas: diagnóstico precoce evita complicações graves

Gabriel Rodrigues da Silva é paciente mais jovem da história do Paraná
 a passar por um transplante cardíaco. 
Foto: Marieli Prestes/Hospital Pequeno Príncipe
Neste Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, o alerta é para os exames disponíveis para diagnóstico e à importância do tratamento adequado para cada caso

 

A cada ano, cerca de 30 mil crianças nascem com algum tipo de cardiopatia congênita no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Nesses casos, há uma malformação na estrutura ou função do coração, que pode variar no tipo de gravidade e intervenção necessária. Por isso, o Pequeno Príncipe – maior hospital pediátrico do país e referência nacional para atendimentos a esses pacientes – destaca a importância do diagnóstico precoce ainda na gestação ou nas primeiras horas de vida. 

A cardiologista pediátrica Cristiane Binotto explica que as cardiopatias congênitas são alterações estruturais no coração que ocorrem no período embrionário. “O ecocardiograma fetal consegue identificar a maior parte dessas modificações. E o diagnóstico precoce determina a necessidade de procedimentos invasivos no período fetal, neonatal imediato ou tardiamente no primeiro ano de vida e na infância”, ressalta a médica responsável pelo Serviço de Cardiologia.

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico precoce é fundamental para garantir a qualidade de vida dos pequenos. Cerca de 90% dos casos podem ser descobertos ainda ao longo da gestação ou no início da vida. Além do ecocardiograma fetal, durante o pré-natal, é possível diagnosticar cardiopatias cianóticas por meio do teste do coraçãozinho, que é realizado entre 24 e 48 horas, ainda na maternidade. Um avanço significativo foi a sanção da Lei 14.598, em junho de 2023, que garante a realização de ecocardiograma e ultrassonografia para gestantes na rede pública de saúde. 

Cada caso de cardiopatia congênita é único e tem uma abordagem terapêutica específica indicada pelo médico. O tratamento pode ser feito com o uso de medicamentos em conjunto com o acompanhamento clínico. Mas em situações mais graves, pode ser indicado o cateterismo, cirurgia cardíaca ou transplante de coração. É o caso de Gabriel Rodrigues da Silva, que recebeu um novo coração com apenas 2 meses e meio de vida. 

Diagnosticado ainda na gestação com um problema cardíaco, Gabriel nasceu com 36 semanas e passou 24 dias na UTI Neonatal em outra cidade antes de ser transferido para o Hospital Pequeno Príncipe. Em janeiro de 2024, ele entrou na fila para o transplante de coração e, 20 dias depois, recebeu um órgão compatível, tornando-se o paciente mais jovem da história do Paraná a passar por um transplante cardíaco.

 

Importância da doação de órgãos

A doação de órgãos é um ato de amor que proporciona esperança para as famílias. Muitas crianças, assim como Gabriel, dependem desse gesto de solidariedade para ter uma chance de vida. “Quando descobrimos a doença congênita do coração, foi um misto de sentimentos de emoção, desespero e dor, mas fomos à luta, não desistimos e tivemos fé. Gratidão à família que, em um momento de tanta dor, decidiu doar. Se não fosse esse coraçãozinho, não saberíamos até quando meu filho conseguiria esperar”, relata a mãe da criança, Aline Furtado Rodrigues da Silva. 

A cardiologista pediátrica também enfatiza a importância da doação. “Infelizmente, os doadores para crianças, especialmente abaixo de 1 ano de idade, são muito poucos. Isso dificulta muito os transplantes, pois essas crianças frequentemente precisam permanecer em unidades de terapia intensiva, com riscos associados, na espera de um órgão”, completa.

 

Sinais de alerta de cardiopatia congênita

Em bebês: pontas dos dedos e/ou língua roxas; transpiração e cansaço excessivos durante as mamadas; respiração acelerada enquanto descansa; dificuldade em ganhar peso; e irritação frequente e choro sem consolo.

 

Em crianças: cansaço excessivo durante a prática de atividades físicas e dificuldade de acompanhar o ritmo de outros garotos e garotas; crescimento e ganho de peso de forma não adequada; infecções pulmonares repetitivas, lábios roxos e pele mais pálida quando brinca muito; coração com ritmo acelerado; e desmaio.

 

Serviço de Cardiologia

O Hospital Pequeno Príncipe é um dos mais importantes centros brasileiros de cardiologia pediátrica e conta com uma estrutura única para atender pacientes com cardiopatias congênitas desde os seus primeiros dias de vida. O Serviço de Cardiologia realiza consultas ambulatoriais, disponibiliza exames, bem como alternativas de tratamentos, incluindo cirurgias e transplantes. 

O Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Pequeno Príncipe é referência nacional em cirurgia cardíaca pediátrica de bebês com até 30 dias de vida, sendo uma das três instituições que mais realizam esse procedimento no Brasil. Há 20 anos, a instituição foi responsável pelo primeiro transplante cardíaco pediátrico feito com sucesso no Paraná. Somente em 2023, foram realizadas 525 cirurgias cardíacas, 5 transplantes de coração e 46 transplantes de válvulas cardíacas. 

Entre os diferenciais do Pequeno Príncipe está o Serviço de Eletrofisiologia, pioneiro no país; o Serviço de Hemodinâmica, referência para diagnosticar e tratar disfunções em um procedimento seguro e minimamente invasivo; e o Serviço de Ecocardiograma, exame indolor, mais detalhado e que não expõe o paciente à radiação. Além disso, a instituição conta com a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Cardiologia – que, em 2024, completa 25 anos de história – e equipe multidisciplinar – altamente capacitada para atender a população infantojuvenil.


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