Embaixador
da Inspirali responde as principais dúvidas sobre condição
Segundo
o Ministério da Saúde, no Brasil, existem mais de 2 milhões de pessoas com
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), o que equivale a entre 1% e 2% da
população. Mesmo sendo um tema conhecido pela maioria da população, ainda
existem muitos tabus e a condição enfrenta muito preconceito que acaba gerando
a exclusão social de quem sofre com o transtorno. Pensando em desmistificar o
assunto trazendo mais informações para as pessoas, a Inspirali, principal ecossistema de
educação médica do país, convidou seu embaixador na área psiquiátrica, Dr. Luiz
Dieckmann, para responder as principais dúvidas sobre o tema. Confira:
1. O que significa transtorno do espectro do
autismo?
R:
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é transtorno do neurodesenvolvimento
que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. O
"espectro" refere-se a ampla gama de sintomas e níveis de gravidade
que podem ser observados, variando de leves a graves (e classificamos como
Nivel 1 a 3).
2. Quando ele pode ser detectado?
R:
Os sinais de TEA podem ser observados já nos primeiros anos de vida,
frequentemente antes dos 3 anos de idade. No entanto, em alguns casos, os
sintomas podem não ser totalmente aparentes até mais tarde, quando as demandas
sociais aumentam.
3. Quais os principais sintomas?
R:
Os principais sintomas do TEA incluem dificuldades na comunicação e interação
social, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Pode haver variações
significativas entre indivíduos, com alguns apresentando habilidades
excepcionais em áreas específicas, mas isso não é regra e não devemos
romantizar o autismo, que deve ser abordado como uma possibilidade de
sofrimento quando não corretamente diagnosticado e encaminhado para tratamento.
4. O que os pais devem fazer quando detectarem
estas manifestações?
R:
Os pais devem procurar um profissional de saúde especializado, como um(a)
neuropediatra ou um(a) psiquiatra infantil para uma avaliação detalhada. A
intervenção precoce é crucial para maximizar o potencial de desenvolvimento da
criança. Outros profissionais de saúde bem treinados, como psicólogos ou
terapeutas ocupacionais que trabalham na área, podem ajudar na suspeição do
diagnóstico e realizar encaminhamento para o diagnóstico médico.
5. De que forma é feito este diagnóstico?
R:
O diagnóstico do TEA é feito por meio de uma avaliação clínica abrangente, que
inclui a observação do comportamento da criança, entrevistas com os pais e o
uso de instrumentos padronizados de avaliação, como o ADOS (Autism
Diagnostic Observation Schedule) e o ADI-R (Autism Diagnostic
Interview-Revised). O diagnóstico é clínico e não necessita de exames. Os
exames que fazemos são para os diagnósticos chamados diferenciais, ou seja, o
que poderia gerar um outro diagnóstico.
6. Como os pais devem lidar com um diagnóstico
positivo?
R:
Lidar com um diagnóstico de TEA pode ser desafiador para os pais. É importante
buscar apoio emocional, educar-se sobre a condição e estabelecer uma rede de
suporte. A participação em grupos de apoio e a consulta com profissionais
especializados podem ajudar a orientar os pais e proporcionar estratégias
eficazes para o desenvolvimento da criança.
7. Quais os níveis do transtorno?
R:
O TEA é classificado em três níveis de suporte necessários:
-
Nível 1: Necessita de suporte.
-
Nível 2: Necessita de suporte substancial.
-
Nível 3: Necessita de suporte muito substancial.
8. Existe tratamento? Se sim, como é feito?
R:
Embora não exista cura para o TEA, existem vários tratamentos e intervenções
que podem ajudar a melhorar as habilidades e o comportamento da criança. Estes
incluem terapias comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada
(ABA), terapias ocupacionais, fonoaudiologia e intervenções educacionais
especializadas.
9. Existe cura para o espectro?
R:
Atualmente, não existe cura para o TEA. No entanto, com intervenções adequadas
e suporte contínuo, muitas pessoas com TEA podem levar uma vida plena e produtiva.
10. Qual o médico responsável?
R:
O diagnóstico e o acompanhamento do TEA geralmente envolvem uma equipe
multidisciplinar, que pode incluir neuropediatras, psiquiatras infantis,
psicólogos, psiquiatras, neurologistas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos.
11. Como é feito o acompanhamento?
R:
O acompanhamento é contínuo e adaptado às necessidades específicas de cada
indivíduo. Pode envolver consultas regulares com profissionais de saúde,
avaliações periódicas do desenvolvimento e ajustes nas intervenções conforme
necessário.
12. O tratamento precoce garante qualidade de vida
para o futuro?
R:
Sim, intervenções precoces e apropriadas podem melhorar significativamente a
qualidade de vida das crianças com TEA, ajudando-as a desenvolver habilidades
essenciais para a comunicação, socialização e independência.
13. Por que o diagnóstico de autismo vem crescendo
tanto?
R: O aumento no diagnóstico de TEA pode ser
atribuído a uma maior conscientização, melhores métodos de diagnóstico e uma
ampliação dos critérios diagnósticos. Isso não necessariamente indica um
aumento na prevalência real do autismo, mas sim uma maior identificação de
casos que anteriormente poderiam ter sido negligenciados.
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