Especialista comenta as tendências de
resultados mais naturais aliado a segurança nos procedimentos Freepik
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking internacional de
cirurgias plásticas, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia
Plástica (ISAPS). O que poderia ser uma boa notícia traz também um sinal de
alerta. Há relatos frequentes de fatalidades associadas a procedimentos
estéticos comumente ligados à atuação de profissionais não licenciados e
clínicas operando à margem da regulamentação, o que pode representar um sério
risco à vida dos pacientes.
Para o cirurgião plástico Fabio Nahas, Diretor Científico
Internacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Professor da
Unifesp, a chave para evitar complicações e problemas de saúde tanto durante
quanto após a cirurgia plástica está na escolha criteriosa do profissional
responsável pelo procedimento.
Entre as histórias que, muitas vezes envolvem profissionais não
licenciados, evidenciam os perigos envolvidos. "A cirurgia plástica pode
trazer transformações incríveis, mas também carrega riscos. É essencial
verificar se o profissional faz parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP), pesquisar seu histórico, experiência profissional, publicações
e participação em congressos", orienta.
Além da pesquisa criteriosa, a primeira consulta torna-se
fundamental. Promessas de resultados impossíveis e a falta de questionamentos
sobre a saúde do paciente são um sinal de alerta. "Alguns profissionais
dizem que tudo pode ser feito para ganhar o paciente, mas isso não é verdade. A
cirurgia plástica deve ser individualizada, respeitando as limitações e
necessidades de cada paciente. Prometer resultados com base em edição de
imagens não é ético e depende de fatores biológicos e da adesão às
recomendações médicas", explica Nahas.
Além disso, o histórico de saúde do paciente deve ser
detalhadamente discutido, incluindo problemas de saúde anteriores, cirurgias
passadas, hábitos prejudiciais como tabagismo e uso de medicamentos
controlados. "Tudo isso pode interferir na cirurgia e apresentar riscos,
por isso é essencial compartilhar todas as informações com o médico",
conclui Nahas.
Como a cirurgia plástica é vista hoje em dia?
Recentemente, as perspectivas dos procedimentos estéticos têm tido
mudanças. Em meio a um movimento crescente de autoaceitação e amor próprio, as
mulheres estão redefinindo o conceito de beleza e o papel da cirurgia plástica
em suas vidas.
No Brasil, o número de cirurgias plásticas cresce anualmente. Em
2023, foram realizados mais de 2 milhões de procedimentos, segundo dados da
SBCP, colocando o país em segundo lugar no ranking dos que mais realizam esse
tipo de procedimento, atrás apenas dos Estados Unidos. Contudo, embora a busca
por procedimentos estéticos continue aumentando, há uma preferência por
resultados mais naturais, que realcem características próprias em vez de
transformações radicais.
Para Nahas, cirurgias como rinoplastia, abdominoplastia e
procedimentos nos seios estão entre . "Hoje, a maioria das mulheres busca
harmonia facial e contornos corporais suaves, como seios proporcionais ao
corpo. Antes, queriam transformações extremas, como narizes muito finos e
abdomens muito definidos", explica o médico. Ele ressalta que essa mudança
de perspectiva é positiva, pois diminui a chance de arrependimentos e de as
pacientes não se reconhecerem ao se olharem no espelho.
A discussão sobre transtornos de imagem também é fundamental para
essa transformação. Há uma atenção crescente na avaliação psicológica prévia,
que identifica níveis de insatisfação corporal e transtornos de imagem,
promovendo uma abordagem mais segura nos procedimentos. O cirurgião plástico destaca
a importância de avaliar cuidadosamente pacientes com visão distorcida de sua
imagem e, se necessário, contraindicar a cirurgia. "Pacientes com visão
distorcida da própria imagem devem ser avaliados com cuidado, e cabe ao
cirurgião orientar o que pode ser feito ou até contraindicar a cirurgia em
casos graves", afirma.
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