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terça-feira, 25 de junho de 2024

Médicos Sem Fronteiras alerta: resolução da ONU falha em cessar conflitos em El Fasher, no Sudão, e civis seguem encurralados

Com confrontos incessantes, população não consegue sair da cidade; envio de ajuda humanitária para a região é bloqueado devido à intensidade da violência.

 

Mais de 10 dias desde que o Conselho de Segurança da ONU pediu o fim dos confrontos em El Fasher, Médicos Sem Fronteiras (MSF) – uma das poucas organizações humanitárias internacionais ainda presentes na cidade – alerta que os hospitais continuam sendo atacados e que nenhuma ajuda humanitária externa pode chegar à região devido à intensidade da violência.

Na noite de sexta-feira, 21 de junho, um bombardeio das Forças de Apoio Rápido atingiu a farmácia do Hospital Saudita, apoiado por MSF, em El Fasher. Uma farmacêutica foi morta enquanto estava em seu turno de trabalho. Embora o hospital permaneça aberto e ainda esteja tratando pacientes, a instalação foi danificada e está funcionando apenas parcialmente.

Estamos vendo um ciclo de ofensivas e contra-ataques em que os hospitais não estão sendo poupados e as partes em conflito estão falhando em suas responsabilidades de proteger os civis”, afirma Michel-Olivier Lacharité, coordenador de emergência de MSF.

Mais suprimentos são urgentemente necessários para continuar o tratamento de pessoas feridas. Há temores de um novo ataque, por conta dos contínuos confrontos nas proximidades. Na sexta-feira, 21 de junho, uma pessoa foi morta a apenas 200 metros do hospital, outra pessoa foi morta perto da acomodação onde fica a equipe de MSF. O número total de feridos na sexta-feira não é conhecido.

“Em El Fasher, estamos vendo um ciclo de ofensivas e contra-ataques em que os hospitais não estão sendo poupados e as partes em conflito estão falhando em suas responsabilidades de proteger os civis”, diz o coordenador de emergência de MSF. “Desde o início dos confrontos, há seis semanas, mais de 260 pessoas foram mortas e mais de 1.630 ficaram feridas – incluindo mulheres e crianças.”

“Não sabemos se os hospitais estão sendo deliberadamente visados, mas sua proteção é um imperativo que deve ser respeitado. Os civis estão encurralados e não podem sair. Suas vidas precisam ser protegidas, e as pessoas devem poder receber tratamento”, defende Lacharité. Instamos as partes em conflito a permitir o acesso seguro para que possamos continuar a fornecer assistência vital às pessoas em El Fasher e no acampamento de Zamzam, onde ainda há uma crise catastrófica de desnutrição”, completa.

Esta é a segunda vez que o Hospital Saudita é impactado desde o início dos conflitos e a oitava vez que um hospital é atingido na cidade nas últimas seis semanas. Há duas semanas, o Ministério da Saúde foi forçado a fechar o Hospital do Sul após a instalação ter sido atacada pela quinta vez. Antes disso, o hospital pediátrico foi forçado a fechar devido a danos causados por um ataque aéreo das Forças Armadas Sudanesas.

Como resultado desses incidentes, o Hospital Saudita – que antes era uma maternidade especializada – tornou-se o único centro de saúde da cidade com capacidade cirúrgica e para tratar pessoas feridas. Agora, a viabilidade de manter o hospital de portas abertas também está em risco.

“Precisamos urgentemente levar mais suprimentos e profissionais para poder responder a esta crise, mas os confrontos estão nos impedindo de entrar na região”, alerta Lacharité. “Além de proteger civis e hospitais, instamos as partes em conflito a permitir o acesso seguro para que possamos continuar a fornecer assistência vital às pessoas em El Fasher e no acampamento de Zamzam, onde ainda há uma crise catastrófica de desnutrição e para onde um número desconhecido de pessoas fugiu desde o início dos conflitos.”


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