Especialista em
Direito Médico orienta sobre como evitar pegadinhas e não desobedecer às novas
regras
Começam a valer, a partir do dia 11 de março, as
novas regras para publicidade médica estabelecidas pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM). Apesar de liberar a propaganda nas redes sociais, o advogado
especialista em Direito Médico, Idalvo Matos, afirma que as
novas regras trazem "pegadinhas" que exigem atenção redobrada dos
profissionais de saúde. “É preciso estudar a nova resolução porque o que
pode parecer uma oportunidade ampliada de projeção nas redes sociais pode, na
verdade, representar armadilhas para os médicos”, conta.
O uso das redes sociais foi regulamentado de forma rigorosa. A resolução proíbe expressamente a identificação de pacientes em material publicitário, assim como a prática de postar vídeos em tempo real de consultas ou procedimentos. O uso de imagens "antes e depois", uma das medidas mais aguardadas pelos médicos, foi regulamentado. O CFM permite sua utilização sob condições específicas, como a não identificação do paciente e a obtenção de consentimento específico.
'Antes e depois'
pode, desde que o paciente concorde Está liberado divulgar 'Antes e Depois', mas sem identificar paciente
Freepik
Além disso, os médicos precisam estar cientes de
que serão responsáveis pelo conteúdo repostado de pacientes em suas redes
sociais, devendo garantir o anonimato deles. “Isso praticamente inviabiliza
o repost, já que o médico deve garantir o anonimato e respeitar o pudor e
privacidade do paciente, sob pena de quebrar o sigilo médico”,
comenta Matos.
Atenção no perfil pessoal
Qualquer informação que o médico divulgar relacionada à medicina transforma o
perfil pessoal em uma plataforma de caráter profissional, sujeitando-o às
normas de publicidade médica, inclusive nos stories. “Na
biografia do perfil nas redes sociais, é preciso escrever em letras maiúsculas
a palavra MÉDICO, colocar o número de registro no CRM e do Registro de
Qualificação de Especialidade (RQE), se divulgar ser especialista”,
explica o advogado.
A resolução enfatiza a necessidade de adotar tom sóbrio, impessoal e verdadeiro em toda publicidade, evitando sensacionalismo e concorrência desleal. “Nesse sentido, é preciso que os médicos e agências de marketing digital que o assessoram estejam perfeitamente alinhadas às novidades da resolução, porque qualquer infração será de responsabilidade do médico”, observa Matos.
Cuidado com as imagens
Importante destacar, o uso de bancos de imagens e a criação de conteúdo visual próprio deve ser feito com cautela, evitando o uso de inteligência artificial sem a devida atribuição de fonte. Caso opte por usar seu banco de imagens próprio, o médico não pode divulgar características que permitam a identificação dos pacientes.
Médicos devem estar atentos às novas regras
Freepik
Nas entrevistas
Ao conceder entrevistas, os médicos não devem utilizar o espaço como meio de
promoção direta de seus consultórios ou serviços. “Eles podem
falar sobre medicina, sobre o ofício, sobre cuidados de saúde, mas não podem
divulgar telefone, endereço físico ou eletrônico”, observa o
especialista em Direito Médico.
Outras liberações
A nova resolução permite a publicidade médica como meio de divulgação de informações
sobre doenças e prevenção e como a promoção pessoal. Entre as permissões agora
incluídas, estão a de apresentar a estrutura física de seus consultórios,
detalhar equipamentos (sem mencionar marcas), divulgação de valores e formas de
pagamento de consultas e de descontos. Além disso, podem informar sobre
associações com operadoras de planos de saúde ou aceitação de cartões de
desconto, procedimentos realizados, horários de atendimento e agendamento de
consultas.
O advogado ressalta que a resolução apresenta uma
série de novidades e diz que é fundamental que os médicos façam uma leitura
atenta do documento. “Além disso, recomenda-se também a consulta com
especialistas em direito médico para garantir a conformidade, inclusive das
autorizações para uso de imagens, e evitar sanções”, completa
Matos.
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