Foto: Naelson de Castro.
No Mês
Internacional das Mulheres, é preciso debater sobre como transformar o mercado
de trabalho em um ambiente igualitário para as mulheres e livres da “culpa
materna”, reflete Giovana Pacini, Presidente da Merz Aesthetics® Brasil
É cada vez mais frequente encontrar mulheres ocupando os cargos de liderança máxima em grandes instituições. Hoje, 17% das presidências no Brasil são ocupadas por mulheres, segundo o Panorama Mulheres 2023, feito pelo Talenses Group em parceria com o Insper.
Contudo, a conquista traz ainda reflexões e debates sobre o papel igualitário da mulher dentro da sociedade. Um estudo realizado pelo Instituto On The Go, apontou que mais da metade das mães sentem a chamada culpa materna, que surge de pressões sociais, falta de redes de apoio, comparação e exigências da vida profissional.
O equilíbrio entre o sentimento de culpa e a conquista do espaço profissional é um desafio individual como das culturas organizacionais, aponta Giovana Pacini, presidente da Merz Aesthetics® Brasil. Para a executiva, mãe de gêmeos, o primeiro passo é falar sobre o tema.
“Quantas mães já não se viram divididas entre uma reunião de trabalho e da escola. Ter que trabalhar até mais tarde ou dar mais atenção às crianças e adolescentes. Ampliar a discussão para a sociedade, dividir papéis e responsabilidades e espaços alivia não apenas os sentimentos negativos, mas a sensação de que ao deixar de fazer algo, estamos falhando como mães ou no próprio desenvolvimento profissional”, explica.
Giovana assumiu a liderança da Merz Aesthetics® Brasil em 2020, tendo como primeiro desafio a pandemia e conseguiu não só atravessar a crise, mas dobrar o faturamento da companhia, responsável pela fabricação e venda de produtos estéticos no país. Neste tempo, buscou entender seu espaço como mãe e liderança.
“A culpa vai bater, mas você precisa aprender a lidar com ela. É mudar a ótica mesmo e se enxergar como um ser humano, que tem limitações e precisa fazer escolhas. E no final, tudo que faço na minha carreira é também pelos meus filhos. Não precisamos ser obrigadas a escolher entre carreira e filhos”, diz Giovana.
Essa conciliação, contudo, não é uma
tarefa fácil, e exige dedicação e organização. A executiva conta a seguir
algumas estratégias que adota em sua rotina para conseguir equilibrar suas
tarefas:
·
Ter uma rotina fixa
“A minha cabeça
não para um minuto, são sempre muitas coisas para pensar. Assim, ter uma rotina
fixa me ajuda a me concentrar e não me perder em tudo o que eu tenho que fazer.
Por não ter que pensar o que vou fazer a cada dia, ganho espaço mental,
inclusive, para ter mais criatividade, pensar fora da caixa”.
·
Criar pequenos rituais com seus filhos
“A hora de dormir,
por exemplo, é uma hora sagrada para mim. Eu nunca deixo de colocar meus filhos
para dormir. Temos todo um ritual de cobrir com a coberta, fazer a oração do
dia, dar um beijinho. Isso contribui para estabelecermos uma ligação entre a
gente, e também me ajuda a me organizar para estar com eles nesse momento.”
·
Não desperdiçar nenhuma ideia
“Eu tenho muitas
ideias de trabalho em momentos fora do escritório. No carro, por exemplo, isso
acontece muito. Eu coloco uma música, e de repente surge algo que eu fiquei
pensando durante um tempão, mas a ideia só veio agora. Quando temos muitos
afazeres, isso é muito frequente. E, muitas vezes, não dá para esperar chegar
no escritório para anotar a ideia, então eu costumo me mandar áudios do celular
particular para o corporativo com esses insights, para garantir que não vou
perdê-los”.
·
Ter uma rede de apoio feminina
“Uma das grandes
dificuldades de ser mãe e líder é se sentir sozinha nessas funções. É ter uma
dificuldade e não saber como lidar com ela, e nem para quem pedir ajuda. Nessas
horas, a minha rede de apoio é fundamental, principalmente de outras mulheres
que vão conseguir entender o que eu estou passando. Minha mãe é um grande
exemplo para mim nesse sentido. Eu sempre ligo para ela e esse é um momento
muito especial de acolhimento, e também de orientação, aprendo muito com a
experiência que ela já teve. Minhas amigas também são muito importantes nesse
processo, por estarem vivendo os mesmos desafios que eu, ao mesmo tempo. Então,
poder encontrá-las, ver que estamos enfrentando isso juntas, e aprender umas
com as outras é algo que me fortalece em minha atuação”.
·
Permitir-se errar
“Só não erra quem
não tenta. Então, eu tento sempre valorizar meus erros no sentido de que, se
estou errando, é porque estou me esforçando muito, tentando muito. Alguma hora
vai dar certo, mas errar faz parte do processo de aprendizagem, tanto no
trabalho como enquanto mãe. Não existe líder perfeita e nem mãe perfeita. E
isso é algo que eu já passo para meus filhos desde sempre, de que eu também vou
errar com eles, porque não consigo acertar tudo. Isso os ajuda a ter uma visão
mais empática não só comigo, mas com eles mesmos”.
·
Reservar um tempo para si
“Isso para mim é
chave para manter o equilíbrio. Não importa quão atarefada eu esteja, nunca
deixo de tirar um tempo para mim. Para fazer a minha yoga, meu funcional, minha
rotina de skincare. São momentos que eu fico comigo mesma, para entender como
estou me sentindo, silenciar o barulho que vem do lado de fora. Assim, consigo
me centrar para encarar os desafios ao longo do dia, sem me perder neles”.
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