Calma! Essa é apenas uma
analogia sobre características entre eles e elas, no intuito de compreender o
motivo pelo qual muitas mulheres se sentem tão exaustas e sobrecarregadas. Ao
concentrar a atenção e o interesse em um determinado objetivo exige fazer
escolhas. O olhar focado, ainda que de forma desintencional, pode muitas vezes negligenciar
o que está em volta, como os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos e
familiares.
A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD), conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), indica que a divisão das tarefas domésticas é desigual
entre os trabalhadores: em média, as mulheres ocupadas dedicaram 6,8 horas a
mais do que os homens ocupados. Outro levantamento realizado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, em média, as mulheres têm um
acréscimo de 11 horas semanais no trabalho doméstico e nos cuidados não
remunerado.
Talvez a explicação para fato
tenha início na infância.
O estudo Os estereótipos de gênero sobre a capacidade intelectual surgem
cedo e influenciam os interesses das crianças, realizado por
pesquisadores norte-americanos das Universidades de Nova Iorque, Illinois e
Princeton, demonstra que meninas a partir dos seis anos começam a se achar
menos brilhantes que os meninos. O que pode influenciar e impactar diretamente
suas escolhas profissionais, pois se sentem menos capaz do que os
meninos.
Ainda que elas se dediquem
mais aos estudos, 19,4% delas possuem ensino superior, enquanto eles
representem 15,1%, a remuneração das mulheres ainda é menor. Em setores da
economia em que a presença masculina é predominante, como os setores da
construção civil e de tecnologia, observa-se, embora tímido, um crescimento da
presença feminina. De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(Confea), as mulheres representam 19,5% dos registros, equivalente a quase 200
mil mulheres engenheiras do total de mais de 1 milhões de profissionais de
engenharia no país.
Segundo o Ministério do
Trabalho e Emprego, em 2021, o número de mulheres trabalhando na construção
cresceu 16% em relação ao ano anterior. Contudo, o cargo de engenheiro civil
possui uma desigualdade salarial de 38,6% entre gêneros, taxa ainda maior que a
média nacional de discrepância salarial entre homens e mulheres, aponta
pesquisa realizada pelo Banco Nacional de Empregos (BNE).
Já na área da tecnologia, nos cursos de qualificação, apenas 16,5% das vagas são ocupadas por mulheres. Nas demais áreas do conhecimento e disciplinas a média da participação delas é de 60%, os dados são do Mapa do Ensino Superior 2023, produzido pela SEMESP, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil. Como sendo um dos segmentos da economia mais promissores, digo, como as melhores oportunidades e salários, os dados e pesquisas trazem um ponto de alerta, em especial, em aumentar a presença das mulheres nas salas de aulas.
O mês em que celebra o Dia Internacional da Mulheres (8) abre espaço
para o debate das dificuldades enfrentadas por elas no mercado de trabalho, mas
também em nossa sociedade um todo, um momento de elucidar questões enraizadas
culturalmente e associadas ao feminino com frágil e acostumadas e estimuladas
desde a infância a brincar com os cuidados da casa e da família. Estereótipo
que com o passar dos anos estão tão incutidos que se normalizam e podem ser
tornar um limitador para novas conquistas.
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