Especialista do Hospital Sepaco alerta para a importância da vacinação e sugere métodos alternativos de prevenção
Nove unidades da federação já decretaram estado de emergência por
dengue. Nesta terça-feira, 5 de março, São Paulo anunciou o decreto, devido ao
aumento de casos. A doença é considerada uma epidemia, pois ultrapassou mais de
300 casos para cada 100 mil habitantes.
A infectologista Lisia Miglioli Galvão, do Hospital Sepaco, alerta
para os principais grupos de risco.
“Os grupos de maior risco são as crianças menores de 2 anos,
adultos com mais de 65 anos, gestantes, obesos, pacientes portadores de doenças
crônicas como hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus, doenças pulmonares como DPOC e asma, doenças hematológicas, doença
renal crônica, doenças hepáticas e autoimunes”, explica a médica.
Em medida também recente, o Ministério da Saúde decidiu ampliar a
vacinação contra a dengue para adolescentes de 14 anos. Foi um pedido das
secretarias estaduais, porque nos postos de saúde a procura por imunização está
muito baixa, embora seja a principal maneira de prevenir a doença.
“A vacina da dengue disponível no SUS e nas clínicas particulares
é a QDENGA®. Está liberada para indivíduos de 4 a 60 anos. Deve ser
administrada por via subcutânea em 2 doses, com intervalo de 3 meses entre as
doses. Não há indicação de dose de reforço. Pode ser tomada por pessoas que já
tiveram dengue. Após ter dengue, recomenda-se aguardar 6 meses para receber a
vacina”, afirma a infectologista do Hospital Sepaco.
Apesar da importância da vacina, nem todas as pessoas estão aptas
a recebê-la, como explica Lisia: “Está contraindicada para pessoas com
hipersensibilidade a qualquer componente da formulação; pessoas com
imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo pacientes em uso de terapia
imunossupressora como quimioterapia e altas doses de corticoide; pacientes com
HIV sintomático ou HIV assintomático com evidência de função imunológica
comprometida; gestantes e lactantes”.
Com a vacina ou não, o repelente é uma das maneiras mais eficazes
de criar barreiras químicas para afastar o Aedes aegypti. A Sociedade
Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Anvisa recomendam que, para ser efetivo
contra o mosquito da dengue, o repelente deve conter uma das seguintes
substâncias: Icaridina, DEET ou IR3535. Entretanto, existem métodos
alternativos para prevenir a chegada dos mosquitos.
“Para afastar o mosquito, sugere-se o uso de roupas compridas e de
cor clara; uso de telas em janelas e portas; uso de mosquiteiro ao redor das
camas; uso de inseticidas em spray ou de tomada. É importante lembrar que a
principal forma de prevenção é eliminar o foco do mosquito em qualquer tipo de
recipiente com água parada”, alerta Lisia.
Com a recente alta de casos de COVID-19, cresceu a preocupação por
casos de infecção simultânea com a dengue, mas esse tipo de caso é incomum.
“A diferenciação deve ser feita após atendimento médico
especializado e mediante algumas características clínicas, o médico poderá
distinguir as infecções, com confirmação diagnóstica após exames adequados.
Mediante definição diagnóstica, será realizado o tratamento pertinente”,
esclarece a médica.
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus da família
Flaviviridae, gênero Flavivirus. Este vírus possui quatro sorotipos:
DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4. Após ser infectado por um dos sorotipos, o
sistema imune desenvolve uma resposta inicial e transitória contra todos os
tipos durante alguns meses. Posteriormente, a imunidade desenvolvida será
específica ao sorotipo da infecção, e a pessoa fica suscetível a novas
infecções pelos demais sorotipos.
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