Médico de hospital israelense comenta achados de
estudo que mostra indícios de impactos durante a gestação e após a gravidez
As dietas à base
de vegetais estão ganhando popularidade em todo o mundo. Contudo, a mudança
desse comportamento alimentar sempre traz dúvidas, principalmente quando a
escolha é feita por mulheres gestantes. Nesse contexto, um estudo realizado na
Universidade de Copenhague, na Dinamarca, com dezenas de milhares de mulheres e
que foi publicado recentemente no periódico científico Acta
Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica, revelou que indícios importantes
de como esse tipo de dieta pode interferir na saúde do feto. Entre os riscos
levantados estão a pré-eclâmpsia e o nascimento do bebê com peso mais baixo.
Para chegar à
conclusão, os pesquisadores do estudo, intitulado “Adesão a diferentes formas
de dietas baseadas em vegetais e resultados de gravidez na coorte nacional
dinamarquesa de nascimentos: um estudo observacional prospectivo que analisou
dados fornecidos por dezenas de milhares de participantes”, acompanharam
dezenas de milhares de mulheres através de um registo nacional de dados durante
os anos 1996 e 2002, examinando seus estilos de vida e a dieta escolhida por
elas durante idade reprodutiva. As mulheres responderam um abrangente
questionário aplicado em dois momentos, na 25ª e na 30ª semana de gravidez,
incluindo perguntas relacionadas à normalidade da gravidez e ao processo de
parto, bem como a saúde tanto das mães quanto dos recém-nascidos. Todas foram
devidamente separadas e categorizadas em grupos de mulheres onívoras, aquelas
que se alimentam de peixe e frango, completamente vegetarianas e veganas.
As análises dos
dados permitiram que os pesquisadores observassem que a gravidez das veganas é,
em média, cinco dias mais longa do que daquelas que comem de tudo e, mesmo
assim, seus bebês nasceram com peso em média 200 gramas menor em comparação aos
bebês de mulheres onívoras. De acordo com o estudo, a dieta vegana entre as
mulheres que dele participaram levou ao nascimento de mais crianças com peso
inferior a 2,5 kg (2,5% entre as mulheres carnívoras, em comparação com 11%
entre a população vegana). Este resultado indica maior potencial para problemas
de desenvolvimento em recém-nascidos. Os pesquisadores notaram ainda que as
mulheres grávidas que seguem uma dieta vegana ou vegetariana correm maior risco
de pré-eclâmpsia.
Para Ido Sholt,
diretor da Unidade de Medicina Materna e Fetal do Rambam Health Care Campus, maior
hospital do norte de Israel, os dados reforçam que uma dieta vegana tem um
preço. “As pessoas que subsistem com uma dieta vegana precisam de suplementos
para manter o pleno funcionamento do corpo. A proteína é de grande importância,
especialmente durante a gravidez, quando a preocupação com a ingestão de
nutrientes é ainda mais essencial”.
Outro achado da
pesquisa foi a informação de que a escolha alimentar também produz efeito no
curso da gravidez. De acordo com o estudo, as mulheres que foram alimentadas
com dieta vegana tiveram menos casos de diabetes gestacional. Por outro lado,
em relação à pré-eclâmpsia, há inversão de resultados, com 11% de veganas tendo
casos de pré-eclâmpsia, quase quatro vezes mais do que nas mulheres carnívoras,
onde o valor era de 2,6%.
“Trata-se de mais
uma informação preocupante, uma vez que a pré-eclâmpsia é um problema
placentário que se desenvolve desde o início da gravidez e traz riscos para mãe
e para o bebê”, alerta Sholt.
O especialista
conclui: “o consumo de proteínas é um componente essencial para uma gravidez
normal. Por isso, para quem deseja sem manter na dieta vegana mesmo durante a
gravidez, é fundamental a suplementação com zinco, iodo, ferro, B12, cálcio,
entre outros que podem ser ingeridos como multivitamínicos. Embora não
contribuam na questão do peso dos recém-nascidos, certamente previnem
complicações adicionais.”
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