Luz azul dos dispositivos e estar sempre “online” são fatores que dificultam o relaxamento e sono profundo; data conscientiza sobre importância de dormir bem para manutenção da saúde física e mental
Quem nunca “perdeu o sono” numa noite de
ansiedade antes de uma data importante ou pensando em problemas? Isso,
infelizmente, é mais comum do que parece. De acordo com a Associação Mundial do
Sono, vivemos uma epidemia de insônia, com 35% da população mundial afirmando
não conseguir dormir o suficiente.
O alerta acontece no mês em que é celebrado o
Dia Mundial do Sono, neste ano celebrado em 15 de março. Dormir bem é
essencial, pois é neste momento que o organismo exerce funções restauradoras,
sintetiza proteínas, repõe energias e regula o metabolismo, fatores importantes
para manter o corpo saudável.
“Metade das pessoas que têm noites insones
desenvolvem outros problemas como depressão, ansiedade, humor alterado,
desatenção, perda de memória, baixa imunidade, envelhecimento e aumento no
risco de doenças cardiovasculares e neurológicas”, destaca Camila Lobo, neurologista
do Hospital e Maternidade São Luiz Campinas, da Rede D’Or.
De acordo com especialistas, um dos fatores
que vem contribuindo para essa epidemia de insônia é a imparável inovação
tecnológica das últimas décadas, à medida que os aparelhos nos mantém
conectados 24 horas por dia.
“Em outras palavras, estamos sempre online,
alertas e disponíveis, e nunca off-line para cobranças diárias, o que afeta o
sono profundo, indispensável à regeneração celular e orgânica. Além disso, a
exposição à luz azul dos dispositivos eletrônicos interfere na produção de
melatonina, hormônio essencial para o adormecimento”, explica a médica do São
Luiz Campinas.
Inaugurado em maio de 2023, trata-se do maior
hospital privado do interior paulista, com mais de 40 especialidades e um
moderno parque tecnológico. A unidade conta com uma linha de tratamento
multidisciplinar para distúrbios do sono, com equipe formada por neurologistas,
psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, otorrinos (para apneia), bucos-maxilo
(para bruxismos) e ortopedistas.
Tipos de insônia
Muito ligada a fatores genéticos e
hereditários, a insônia é dividida em dois tipos: aguda, que é
caracterizada por noites pontuais de sono quebrado, com muitos despertares; e a
comórbida,
onde a pessoa apresenta dificuldade em adormecer por meia hora ou
mais, durante três a cinco dias por semana, num período de pelo menos três
meses.
Entre os efeitos negativos das noites mal
dormidas estão cansaço, mau humor, dores, ansiedade e baixo raciocínio. “Ao
aparentar essas fadigas físicas e mentais, seja no ambiente escolar, social ou
de trabalho, o indivíduo prejudica sua rotina, rendimento e imagem social”,
avalia a neurologista.
Tratamentos
Para aqueles que enfrentam dificuldades para
dormir, o ideal é realizar uma abordagem multidisciplinar, já que distúrbios do
sono podem estar ligados a outras enfermidades.
Outro importante aliado é a higiene do sono,
um conjunto de práticas que podem auxiliar no relaxamento e facilitar o
processo de descanso. São elas: ficar longe de luzes artificiais, não consumir
bebidas cafeinadas ou estimulantes, manter uma alimentação leve, horários
regulares, ambiente tranquilo, limitar o uso de dispositivos eletrônicos, entre
outras.
“O tratamento da insônia envolve
essencialmente estratégias de recomendações de higiene do sono, a retirada ou
substituição de medicamentos danosos ao repouso e um acompanhamento psicológico
adequado. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é atualmente indicada como
tratamento de primeira linha pela World
Sleep Society, existindo, inclusive, profissionais especializados
em TCC e em seus mais recentes manejos”, complementa Dra. Camila.
Em relação ao uso de remédios, há algumas novidades que se somam aos tratamentos tradicionais já conhecidos, como o Lemborexant, mais recente droga anti-insônia descoberta por pesquisadores de Oxford (Inglaterra), e o Rozerem, outro tranquilizante que teve eficácia comprovada pela World Sleep Society.
“Esses e outros fármacos podem complementar técnicas como hipnoses, meditação, yoga, acupuntura, Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e higiene do sono. Mas atenção, a automedicação pode levar à dependência sem resolver a questão. Por isso, o combate à insônia por meio de caminhos não farmacológicos segue sendo a melhor opção para a cura”, enfatiza a especialista do São Luiz Campinas.
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