Especialista em finanças pessoais explica como a autonomia financeira das mulheres depende do acesso a oportunidades iguais para todos
Em 2024, completam-se 90 anos que as mulheres
conquistaram direitos trabalhistas, podendo assim exercer outras funções além
das atividades domésticas. Essa mudança só foi possível com a Constituição de
1934, que também proibiu o trabalho em ambientes insalubres e garantiu
assistência médica e sanitária às gestantes. No entanto, muitas coisas ainda
não funcionavam na prática, e apenas nas últimas décadas que elas têm
conquistado maior autonomia frente aos desafios do dia a dia.
Hoje o cenário é outro e a mulher contemporânea
pode ter mais independência, visto que o leque de oportunidades profissionais
disponíveis é bem mais amplo, apesar de algumas dificuldades persistirem.
Segundo o especialista em finanças pessoais, João
Victorino, a maior presença feminina no mercado de trabalho tem
permitido que elas tenham mais alternativas de sustento, impactando diretamente
na sua qualidade de vida e na forma como os laços afetivos são mantidos, cada
vez menos condicionados por aspectos puramente financeiros.
João explica que a relação das mulheres com o
dinheiro está em uma constante evolução. “Atualmente, as mulheres estão cada
vez mais antenadas sobre suas finanças pessoais e até mesmo sobre
investimentos, o que faz com que tenham autonomia completa do que almejam fazer
com o próprio dinheiro. Além disso, aquele estereótipo de que elas gastam muito
deve ser posto em perspectiva, visto que se trata de uma armadilha que pode
atingir a todas as pessoas, independente do gênero”, ressalta.
A independência das mulheres permite que elas sejam
donas de suas vidas, de seus bens materiais e de seu próprio sustento. Dados de
um levantamento da Provu, fintech de crédito pessoal e meios de pagamento,
apontam que 71% das mulheres que utilizam a plataforma são a principal fonte de
renda de suas casas. Além disso, pesquisa do Acordo Certo, empresa de
negociação de dívidas, afirma que quando se trata de finanças pessoais, as
mulheres tendem a ser mais assertivas e cuidadosas com o dinheiro, apesar de
ganharem menos.
Recentemente, um caso emblemático na Faculdade de
Medicina Albert Einstein em Nova Iorque recebeu atenção mundial. Ruth
Gottesman, ex-professora da instituição, fez uma doação histórica de US$ 1
bilhão para promover a gratuidade das matrículas, beneficiando a todos os
estudantes do curso, onde 59% são mulheres. Esta é a maior doação individual já
feita para esta faculdade. A generosidade dela deve servir de exemplo não só
para as mulheres, mas sim para todos que desejam um mundo mais justo. A
expectativa é que a doação alivie o fardo financeiro dos recém-formados e torne
a educação em medicina mais acessível para aqueles anteriormente excluídos.
Por outro lado, apesar dos avanços que estão
acontecendo atualmente, João pontua que a desigualdade de oportunidades e, como
consequência, a diferença significativa de salários (principalmente em cargos
de liderança), continua sendo um problema persistente no mercado de trabalho,
com homens historicamente recebendo mais que as mulheres, mesmo ocupando cargos
similares.
Diante deste cenário, a promoção da igualdade de
oportunidades é fundamental. “Muitas mulheres desistem de buscar promoções nas
empresas para conciliar as responsabilidades familiares, enfrentando a ‘dupla
jornada’. Por isso que igualdade salarial, reconhecimento (e divisão justa) da
responsabilidade do cuidado integral com a família, e respeito são demandas
primordiais das mulheres nas empresas e na vida”, finaliza João.
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