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segunda-feira, 11 de março de 2024

Cirurgia sem corte: Radiologista Intervencionista explica uso de ablação no tratamento contra o câncer

 

Técnica permite atender à população de forma mais rápida e econômica 


Você já ouviu falar em ablação? O procedimento minimamente invasivo tem sido usado no tratamento contra o câncer. Durante a ablação, uma agulha é inserida no tumor com o auxílio de equipamentos modernos de imagem, como ultrassom ou tomografia. Uma vez inserida, a agulha emite calor (geralmente através de radiofrequência) ou frio (por meio de crioablação), com o objetivo de destruir as células cancerígenas. O calor ou frio aplicado durante a ablação causa danos irreversíveis ao tecido tumoral e é visto como um caminho recente e inovador da medicina. 

O presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), Denis Szejnfeld, explica que a ablação oferece ao paciente com câncer a mesma eficácia de uma cirurgia tradicional e elenca os tipos de cânceres mais comuns para esse tratamento. “Esse processo é realizado sem a necessidade de uma cirurgia aberta, o que torna a ablação uma alternativa menos invasiva e potencialmente mais rápida e segura para o paciente. A ablação é amplamente utilizada no tratamento do câncer de fígado, tanto o primário, conhecido como hepatocarcinoma, quanto nas metástases. No entanto, sua aplicação não se estende a todos os tipos de cânceres. Geralmente, a ablação oferece resultados excelentes quando há poucos nódulos que não ultrapassam cinco centímetros, dependendo da situação clínica. Além disso, a ablação é uma opção acessível também ao tratamento de tumores renais, em determinadas localizações, que respondem de forma altamente eficaz ao tratamento ablativo, seja por radiofrequência, micro-ondas ou crioablação”, destaca Denis Szejnfeld.

Já é possível retirar tumores por procedimentos minimamente invasivos
Divulgação

A ablação oferece diversas vantagens significativas em comparação com outras formas de tratamento para certos tipos de cânceres e condições médicas. O procedimento, geralmente, não requer anestesia geral, o que reduz os riscos associados à sedação profunda. Por ser um procedimento guiado por imagem, a ablação permite uma precisão excepcional no direcionamento do tratamento, minimizando danos aos tecidos saudáveis circundantes. 

“Imagina uma cirurgia que tenha que, às vezes, tirar um pedaço grande do fígado, por conta de um nódulo de um, dois, três centímetros. Vai abrir, o paciente vai ficar internado de quatro a sete dias, vai para UTI, vai realizar vários exames. Na ablação, o tumor é queimado e o paciente vai embora para casa no mesmo dia", completa Denis Szejnfeld. 

Outro contexto em que a ablação desempenha um papel significativo é no tratamento do câncer de tireoide e de nódulos benignos nesta região. Portanto, a ablação não se restringe apenas aos pacientes com câncer, mas também a pacientes com nódulos de tireoide volumosos que causam desconforto. 

A evolução da ablação no Brasil foi impulsionada por estudos clínicos e pesquisas que demonstraram sua eficácia e segurança em diversos contextos clínicos. Além disso, parcerias entre instituições de ensino, hospitais e indústria médica contribuíram para o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas. Atualmente, a ablação é reconhecida como uma opção terapêutica importante no arsenal de tratamentos disponíveis no Brasil. “Hoje, a ablação representa uma opção muito mais acessível do ponto de vista da saúde pública. Além de ser mais efetiva e eficaz, seu custo é significativamente inferior. Para ilustrar, vamos a um exemplo prático: imaginemos que existam 10 mil pessoas aguardando cirurgia de tireoide no SUS. Para lidar com essa demanda, seria necessário construir um hospital, criar leitos, estabelecer UTIs e contratar profissionais especializados. Por outro lado, a ablação requer investimentos menores, principalmente na aquisição de agulhas e no uso de salas de ultrassom, uma tecnologia amplamente disponível em muitas instalações médicas. Dessa forma, é possível atender a essa população de forma mais rápida e econômica, sem a necessidade de grandes despesas de infraestrutura”, ressalta o radiologista intervencionista Denis Szejnfeld.

 

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