Especialista explica como identificar e lidar com as condições
Em 2014, Isabela Ferraro, dona de casa e mãe de
dois filhos com alergias, idealizou a campanha Põe no Rótulo, com o intuito de
reforçar a importância da rotulagem completa de alimentos. Dez anos depois do
início do projeto, o tema ainda se mostra presente, uma vez que diversas marcas
não cumprem o papel de trazer a precisão de informações necessária nesse tipo
de produto.
“Saber a composição de um alimento é fundamental
para entender a possibilidade de seu consumo”, pontua Julinha Lazaretti,
bióloga e cofundadora da Alergoshop, marca de produtos hipoalergênicos.
“Constantemente, as pessoas confundem intolerância com alergia, o que gera um
problema, uma vez que os cuidados são diferentes para cada uma das condições”,
acrescenta.
Logo, para além do conteúdo ser apresentado de
forma clara nos rótulos de alimentos, ter conhecimento de como diferenciar os
sintomas, é fundamental. De acordo com pesquisas da iniciativa Alergia
Alimentar Brasil, do mesmo grupo de Põe no Rótulo, aproximadamente 12,8 milhões
de crianças e 7,5 milhões de adultos brasileiros têm alergias alimentares.
Portanto, é crucial tratar a condição de forma correta, prevenindo crises e
garantindo o bem-estar do indivíduo.
Alergia X Intolerância
"A alergia alimentar é uma resposta do sistema
imunológico a certos alimentos, desencadeando uma reação adversa, muitas vezes
grave", explica Lazaretti. "Por outro lado, a intolerância alimentar
envolve uma resposta do sistema digestivo, em que o corpo não consegue
processar corretamente certos alimentos, resultando em desconforto
gastrointestinal."
Julinha ressalta que as manifestações clínicas são
uma maneira crucial de distinguir entre alergia e intolerância alimentar.
"As alergias alimentares frequentemente se apresentam com sintomas
imediatos e potencialmente graves, como urticária, inchaço, dificuldade
respiratória e até anafilaxia", observa. "Enquanto isso, a
intolerância alimentar tende a causar sintomas mais lentos e menos graves, como
náuseas, cólicas abdominais e diarreia."
Além disso, a profissional destaca a diferença na
resposta do sistema imunológico. Ela pontua que, na alergia alimentar, o sistema
imunológico reage exageradamente a uma proteína específica no alimento,
desencadeando uma resposta alérgica. Já na intolerância alimentar, a resposta
não envolve o sistema imunológico, mas sim a incapacidade do corpo de digerir
adequadamente certos alimentos, como a lactose em intolerância à lactose.
Como tratar cada uma das
condições?
No que diz respeito ao tratamento, Lazaretti
ressalta que a abordagem varia significativamente. "Para alergias
alimentares, a principal forma de gerenciamento é evitar completamente o
alimento desencadeante e estar preparado para uma possível reação alérgica,
carregando medicamentos de emergência, como epinefrina", explica. "Por
outro lado, no caso da intolerância alimentar, o foco está em controlar os
sintomas e reduzir o desconforto através de estratégias como a limitação da
ingestão do alimento problemático ou a suplementação de enzimas digestivas,
quando aplicável”, completa a especialista.
Os testes para identificação da condição
desempenham um papel fundamental na determinação da causa dos sintomas
adversos, como é o caso dos cutâneos, como de puntura e intradérmicos, que
podem detectar alergias alimentares comuns
Vale ressaltar que as vacinas para alergias
alimentares estão emergindo como uma estratégia promissora para tratar essa
condição. A dessensibilização, uma forma de imunoterapia específica, também tem
sido especialmente explorada nesse contexto. Por meio da administração
controlada de pequenas quantidades do alérgeno alimentar ao longo do tempo, o
objetivo é dessensibilizar o sistema imunológico, induzindo uma resposta
tolerante em vez de uma reação alérgica. Essa abordagem oferece esperança para
indivíduos com alergias alimentares, proporcionando uma alternativa eficaz ao
simplesmente evitar o alimento desencadeante ou depender exclusivamente de
medicamentos para controlar os sintomas.
Julinha enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar para ambos os casos, uma vez que, para alergias alimentares, é fundamental trabalhar em colaboração com um médico especializado em alergias, enquanto para intolerâncias, nutricionistas podem fornecer orientação sobre como ajustar a dieta para evitar os sintomas. "Independentemente da condição, um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado são essenciais para garantir uma qualidade de vida adequada e evitar complicações”, finaliza.
Alergoshop
https://alergoshop.com.br/
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