A delegada Raquel
Gallinati defende que a ampliação da participação feminina na formulação de
políticas públicas é crucial.
Apesar de comporem a maioria da população e do
eleitorado, as mulheres continuam sub-representadas nos cargos políticos
eletivos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que, dos filiados
a partidos políticos, 8.493.990 são homens, representando 53,8% do total,
enquanto 7.284.431 são mulheres (46,2%). Além disso, nas Eleições Gerais de
2022, 9.891 mulheres se candidataram, porém somente 311 delas foram eleitas,
correspondendo a apenas 18,2% do total.
Os dados refletem uma sub-representação estrutural
da política que não tem sido resolvida com os programas de ação afirmativa,
como as cotas, nem com as recentes medidas de garantia de financiamento para candidaturas
femininas. O machismo estrutural reflete, inclusive, na relutância das mulheres
em seguir carreira política, pois percebem esse ambiente como predominantemente
masculino, o que desestimula o envolvimento.
Segundo o Inter-Parliamentary Union, o Brasil é um
dos piores países em termos de representatividade política feminina, ocupando o
terceiro lugar na América Latina em menor representação parlamentar de
mulheres. No ranking, a nossa taxa é de aproximadamente 10 pontos percentuais a
menos que a média global e está praticamente estabilizada desde a década de
1940.
Desde o início da República, em 1889, o país teve
uma única presidente e apenas 16 governadoras mulheres. Dessas, só oito foram
eleitas para o cargo, as demais eram vice-governadoras que ocuparam o posto com
a saída do titular.
Raquel Gallinati, delegada e diretora da Associação
dos Delegados de Polícia do Brasil, pontua que é essencial refletir sobre o
papel da mulher na sociedade e pensar nas medidas essenciais para a
concretização de uma verdadeira igualdade no Brasil. “O reconhecimento do
direito das mulheres de ocuparem todos os espaços sociais em condições
equitativas com os homens representa um avanço significativo para todos como
sociedade”, afirma.
Para a delegada, enquanto celebra-se as conquistas
de mulheres notáveis do passado, é necessário persistir nos esforços para
ampliar a participação feminina na sociedade, reduzir a violência doméstica e
buscar igualdade e respeito em ambientes predominantemente masculinos, tanto no
contexto profissional quanto na percepção social, sendo essa uma necessidade
premente.
“A ampliação da participação feminina na formulação de políticas públicas é crucial. A discrepância de representatividade evidencia a necessidade de esforços redobrados para garantir a presença efetiva das mulheres na política, onde suas vozes e perspectivas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, destaca Raquel.
Fonte:
Raquel Gallinati - delegada de polícia. Diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil. Mestre em Filosofia. Pós-graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e Processo Penal.
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