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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Será que meu filho precisa usar óculos?

  

Quais são os sinais que evidenciam uma condição suspeita na visão? Que tipos de doenças podem acometer crianças? Existem óculos especiais para crianças? Oftalmologista explica tudo sobre questões oftalmológicas infantis

 

Passado o Carnaval, os períodos letivos entram em suas fases mais intensas e as crianças voltam à rotina de leituras e escritas por tempo prolongado. Será que está tudo bem com a visão dos pequenos? A Dra. Claudia de Paula Faria, Oftalmologista especialista em estrabismo do Hospital Albert Einstein, faz um panorama das possíveis doenças oftalmológicas em crianças e ainda dá dicas de quais óculos são melhores de acordo com a necessidade.

 

Quais problemas de visão podem gerar a necessidade de óculos? 

O universo de diagnósticos é vasto, segundo a médica, mas, no geral, ela resume que uma criança precisará de óculos para: 

  • Enxergar melhor: crianças míopes, por exemplo, não enxergam bem de longe;
  • Fortalecer a visão em olhos fracos ou amblíopes (preguiçosos). O uso dos óculos permite o desenvolvimento da visão normalmente se usado corretamente até os 8 anos de idade;
  • Melhorar a posição dos olhos (olhos desalinhados, com estrabismo). O uso dos óculos pode ser o único tratamento para alguns tipos de estrabismo;
  • Fornecer proteção, se eles tiverem visão deficiente em um olho. É indicado óculos de proteção para prática de esportes, por exemplo, para crianças que enxerguem com um olho só.

 

Como detectar que a criança tem alguma deficiência na visão? 

Segundo a Dra. Claudia, alguns comportamentos podem indicar aos pais que a criança está com dificuldades para enxergar: 

  • Apertar os olhos. "Pode ser um sinal de que seu filho tem um erro de refração. Ao apertar os olhos, ele pode melhorar temporariamente o foco e a clareza de um objeto", explica;
  • Inclinar a cabeça ou cobrir um olho. "Isto pode ser uma indicação de que os olhos estão desalinhados ou que a criança tem ambliopia, também conhecida como olho preguiçoso, que é uma das doenças oculares mais comuns em crianças", alerta a médica;
  • Sentar-se muito perto da televisão. Também vale para segurar dispositivos portáteis muito perto dos olhos. Segundo a Dra. Claudia, pessoas com miopia têm visão clara de perto e visão pior à distância, por isso, vão buscar aproximar o objeto para tornar a imagem maior e mais nítida;
  • Esfregar os olhos excessivamente. "Pode indicar que seu filho está sentindo fadiga ou cansaço visual. Isto pode ser um sinal de muitos tipos de problemas e condições de visão, incluindo conjuntivite alérgica", cogita a oftalmologista;
  • Reclamar de dores de cabeça ou nos olhos. Segundo a médica, principalmente no final do dia, a criança pode estar forçando demais os olhos em um esforço para aumentar o foco da visão embaçada;
  • Ter dificuldade em se concentrar nos trabalhos escolares.

 

Procedimentos junto ao oftalmologista 

Identificados os comportamentos que mostram o desconforto da criança, os responsáveis devem levá-la ao oftalmologista para entender se será necessário usar óculos. "Faz-se, então, um exame oftalmológico completo, que envolve colírios para dilatar as pupilas e relaxar os músculos da acomodação, a fim de obter as medidas precisas do grau. Há um instrumento especial chamado retinoscópio, que ajuda o oftalmologista a encontrar a prescrição correta dos óculos. Com base nos resultados do exame, o médico dirá aos pais se será necessário óculos ou não", explica a médica. 

Uma vez que se constata a necessidade dos óculos, os responsáveis devem checar com o oftalmologista se os óculos devem ser usados o tempo todo ou apenas para atividades específicas, como durante a escola. "Embora algumas crianças possam adorar usar óculos imediatamente, outras podem precisar se adaptar. Por isso, é muito importante que os pais mantenham uma atitude positiva e incentivem os filhos a usar os óculos. Se a criança persistir com queixa após algumas semanas, o oftalmologista pode precisar verificar novamente a prescrição", orienta a Dra. Claudia.

 

Os efeitos dos óculos na visão 

É comum que surjam dúvidas sobre se os óculos ajudam a diminuir o grau ao longo do tempo, ou que efeitos podem provocar. Dra. Claudia já adianta que o uso dos óculos não tem a capacidade de diminuir nem aumentar o grau ao passar do tempo. "O uso de óculos também não piora a visão da criança e não a torna mais dependente dos óculos", complementa. Além disso, ela alerta que não usar os óculos prescritos pode gerar problemas no desenvolvimento normal da visão e levar à perda visual permanente (ambliopia).

 

Quais óculos escolher para uma criança? 

"O ideal é procurar óticas que tenham, além de uma boa seleção de armações infantis, experiência em atender crianças. Se a armação e as lentes não estiverem ajustadas corretamente, tentar fazer uma criança usar os óculos pode ser ainda mais difícil", indica a especialista. 

Ela conta que o tamanho da armação é muito importante, já que os olhos devem estar no centro das lentes. Além disso, os óculos não devem tocar as bochechas ou os cílios. "E para evitar que os óculos deslizem pelo nariz, pode ser indicado usar uma tira atrás da cabeça ou uma haste atrás da orelha", sugere. 

Quanto às armações, a Dra. Claudia orienta que elas devem ser leves e, se possível, priorizar as flexíveis, pois são mais seguras para as crianças e mais resistentes. "É importante lembrar que as crianças, principalmente com altas ametropias, devem ter sempre óculos reserva à mão", alerta a médica, ao recomendar: "Os óculos devem ser confortáveis a ponto de a criança esquecer que está usando". 

Já as lentes, segundo a oftalmologista, devem ser de policarbonato, pois oferecem maior proteção, são mais resistentes (inquebráveis) e leves. "As lentes devem, ainda, ter proteção contra raios ultravioleta", diz a Dra. Claudia.

 

Efeitos da luz azul: fato ou boato? 

"Não há evidências científicas de que a luz proveniente das telas dos computadores seja prejudicial aos olhos. A Academia Americana de Oftalmologia não recomenda nenhum óculos especial para uso no computador", explica a médica, ao comentar sobre o surgimento de óculos que afirmam filtrar a luz azul de computadores, smartphones e tablets.

 

Dra. Claudia Faria Oftalmologista - CRM 104.991 | RQE 120756. Formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA); Residência Médica em Oftalmologia na mesma instituição; Título de Especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia em 2005; Curso de Oftalmologia “Dr Guillermo Pico Santiago” em Porto Rico (E.U.A.), pela Associação Panamericana de Oftalmologia em 2005; Estágio de plástica ocular na Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP em 2006 e 2007; Fellow em Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo pela Wright Foundation / Cedars Sinai Medical Center em 2008, em Los Angeles, Estados Unidos. O Dr Wright é um dos mais importantes e respeitados especialistas em estrabismo de todo o mundo. A Dra. Claudia é a única médica Brasileira que foi treinada pelo Dr Wright. Foi médica colaboradora do Setor de Estrabismo do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP / Hospital São Paulo e orientava ambulatórios naquela instituição de maneira voluntária. Esteve por 6 meses no ano de 2016 acompanhando o setor de plástica ocular do Rigshospitalet, em Copenhague na Dinamarca.

 

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