Médica da BP conscientiza sobre as características
das doenças e os métodos preventivos mais comuns, que envolvem o exame de
Papanicolau para detectar alterações na região genital e a vacinação contra o
HPV
Anualmente, os tumores do sistema reprodutor feminino registram
cerca de 30 mil novos casos no Brasil. Os mais frequentes são o câncer de colo
uterino e de ovário, com cerca de 17 mil e 7 mil novos casos, respectivamente,
segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de endométrio também
tem registrado um aumento nos últimos anos, impulsionado pela maior expectativa
de vida da população feminina e pelos hábitos de vida, atingindo principalmente
mulheres na pós-menopausa. Enquanto isso, os cânceres de vulva e o de vagina
são mais raros, representando 6% do total de tumores ginecológicos, mas com
altas taxas de mortalidade. Marianne Pinotti, cirurgiã oncológica da BP – A
Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta que o desconhecimento sobre as
doenças, os sintomas indefinidos e questões culturais podem atrasar a procura
por ajuda, levando a um prognóstico mais grave e a um tratamento mais
agressivo.
A BP, um dos principais hubs de saúde de excelência do país,
incorpora a alta tecnologia de cirurgias robóticas para uma variedade de
procedimentos minimamente invasivos. No último ano, foram realizadas 29
remoções do útero (histerectomias) por via robótica, bem como nove retiradas
dos linfonodos da pelve (linfadenectomia pélvica), um local comum de
metástases. Marianne aponta que os robôs também podem ser utilizados em certos casos de câncer de
ovário e endométrio. Para promover a conscientização sobre os tumores
ginecológicos, a cirurgiã da BP lista as características, sintomas, causas e
tratamentos dos diferentes tipos.
Câncer de colo uterino ou cervical
É o terceiro mais comum entre as mulheres, e geralmente se
manifesta depois dos 40 anos. A principal causa é a infecção pelo papilomavírus
humano (HPV), transmitido por contato sexual sem proteção. Existem cerca de 150
tipos de HPV, dos quais 40 podem infectar a região genital, e dois são
responsáveis por 70% dos cânceres cervicais. A infecção pode causar alterações
inflamatórias nas células, evoluindo para lesões pré-cancerígenas e, se não
tratadas, se transformam em um tumor maligno. O exame preventivo mais comum é a
citologia oncótica ou teste de Papanicolau, que coleta amostras do colo uterino
e da vagina para análise laboratorial. A vacinação contra o HPV é recomendada,
preferencialmente, entre 9 e 14 anos de idade, para meninas e meninos, antes do
início da vida sexual. Nos estágios iniciais, o câncer de colo do útero
geralmente não apresenta sintomas, mas, quando surgem, podem incluir:
- Corrimento vaginal escuro, com sangue ou com mau cheiro
- Sangramento vaginal após a relação sexual
- Sangramento vaginal anormal: após a menopausa, entre
períodos menstruais ou períodos excessivamente longos
- Dor durante o sexo
- Massa palpável no colo de útero
- Hemorragias
- Obstrução vias urinárias e intestinal
- Perda de apetite e peso
Câncer de ovário
Este tipo tem uma das menores taxas de sobrevivência, pois é
difícil de diagnosticar devido aos sintomas inespecíficos no início. Geralmente
se manifesta após os 50 anos, no período pós-menopausa, mas também pode acometer
jovens em idade reprodutiva. O histórico familiar é o principal fator de risco,
embora mulheres que não tiveram filhos ou nunca amamentaram também apresentem
risco elevado. Os exames fundamentais para o diagnóstico são o ultrassom
transvaginal e a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125, pois 80% das
mulheres com câncer de ovário apresentam níveis de CA 125 elevados. Os sintomas
tornam-se mais evidentes em estágios avançadose podem ser confundidos com
outras condições, por isso o exame ginecológico periódico é essencial. Os
sintomas incluem:
- Desconforto abdominal ou dor (gases, indigestão,
pressão, inchaço, cãibras)
- Inchaço ou sensação de plenitude, mesmo após refeições
leves
- Náusea, diarreia, constipação ou micção frequente
- Perda ou ganho de peso inexplicável
- Perda de apetite
- Sangramento vaginal anormal
- Fadiga incomum
- Dor nas costas
- Dor durante a relação sexual
- Alterações menstruais
Câncer de endométrio (corpo do útero)
Atinge principalmente mulheres acima dos 60 anos, na fase
pós-menopausa. Entre os fatores de risco associados, destacam-se a obesidade,
níveis elevados de estrogênio e baixa produção de progesterona, síndrome dos
ovários policísticos, idade precoce da primeira menstruação e menopausa tardia,
nunca ter tido filhos, hipertensão arterial, diabetes mellitus, entre outros.
Diferente do câncer de colo uterino, em que o exame de Papanicolau permite
identificar lesões e alterações celulares, não existe teste equivalente para
câncer endometrial. Portanto, a prevenção é feita com avaliação médica
periódica, adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade
física e uma alimentação equilibrada, e controlando o uso de estrogênios. Em
mais de 95% dos casos, o tumor se manifesta com sangramento vaginal anormal
após a menopausa, e, quando cresce para o interior do abdome, pode causar:
- Dor na pelve
- Massa pélvica palpável
- Perda de peso inexplicável
Câncer de vulva
Afeta a área externa do órgão genital feminino, começando na pele
ou nas glândulas da vulva, podendo se espalhar para a abertura da vagina, os
grandes lábios, os pequenos lábios e o clitóris. Este é um tipo raro, que pode
se originar de uma desordem epitelial não neoplásica (VNED), apresentando
manchas brancas e finas, distrofias e inflamação crônica. Geralmente ocorre
após os 50 anos; ou deriva da infecção pelo HPV, com lesões nas células de
pouca matriz extracelular, afetando com maior frequência mulheres mais jovens.
Ser fumante e estar com o sistema imunológico enfraquecido também aumenta a
probabilidade de desenvolver o câncer. O diagnóstico se inicia com o exame
físico, seguido por exames como a vulvoscopia, mas confirmação ocorre somente
após a análise de parte da lesão por meio da biópsia. A remoção cirúrgica do
tumor é uma das estratégias de tratamento, que pode ser complementada por
radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia, em alguns casos. Os sintomas mais
comuns incluem:
- Coceira na região íntima
- Dor ou sensibilidade na área
- Dor ao urinar
- Feridas que não cicatrizam
- Caroços na região vulvar
- Mudanças na textura ou na cor da região
- Sangramento vaginal
- Aumento dos gânglios linfáticos (caroço na virilha)
Câncer vaginal
Por fim, o câncer vaginal ocorre na parte interna do órgão,
geralmente afetando os próprios tecidos, como o carcinoma de células escamosas.
Outros tipos mais raros podem se originar a partir de células glandulares, como
os adenocarcinomas. Lesões metastáticas, que se desenvolvem em outros locais, também
podem prejudicar a vagina. Os casos mais comuns estão relacionados à infecção
pelo HPV, o mesmo vírus que causa o câncer do colo do útero e de vulva. Costuma
ocorrer em mulheres com mais de 60 anos de idade, devido ao seu desenvolvimento
lento. No entanto, ter múltiplos parceiros sexuais e não utilizar proteção
durante as relações sexuais são fatores de risco que podem acometer mulheres
mais jovens. A prevenção é simples, e inclui vacinação contra o HPV e a
realização regular do exame de Papanicolau. O diagnóstico começa com o exame
físico, no qual o ginecologista observa presença de alguma alteração ou lesão,
e então solicita a biópsia para confirmar o tumor. Os sinais de alerta são:
- Sangramento vaginal anormal, geralmente após o sexo
- Corrimento vaginal anormal
- Caroço na vagina que pode ser sentido
- Dor durante a relação sexual
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, podemos prevenir 40%
dos cânceres e 60% das doenças cardiovasculares cuidando somente dos hábitos de
vida! “Hoje, na medicina, o moderno não é mais tratar quando a doença apresenta
sintomas, mas sim diagnosticar precocemente”, reforça Marianne. “Melhor ainda é
prevenir através de vacinas, hábitos de vida saudáveis e realizando exames de
rotina, que são pedidos de acordo com a idade e os riscos pessoais de cada
mulher”.
BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
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