Blog Jornal da Mulher: O drama da criança bem-dotada

domingo, 11 de fevereiro de 2024

O drama da criança bem-dotada - A busca do verdadeiro eu

Obra que é referência sobre a origem dos traumas de infância recebe versão revisada e ampliada. Na trajetória composta por mais de uma dezena de livros, Alice Miller tornou-se especialista em comportamento infantil e tomou por base os históricos de celebridades e de políticos para pesquisar perfis e identificar padrões.

Da produção literária de Alice Miller (1923 – 2010), O drama da criança bem-dotada – A busca do verdadeiro eu (136 p., R$ 58,90 – Edição revista e ampliada), da Summus Editorial, é considerada um best-seller entre as publicações do gênero. A especialista em comportamento infantil dedicou-se a explorar a origem de personalidades repressoras e até autoritárias, assim como outras posturas impróprias na vida adulta. Suas pesquisas e várias experiências em consultório são contadas no livro, exemplificando o quanto podem impactar no desempenho de uma vida toda. Destaque entre as importantes obras traduzidas no catálogo do Grupo Summus, conta agora com o texto do posfácio reverenciado mundialmente, e disponível também na versão em e-book.

A aclamada psicanalista que vivenciou os principais acontecimentos do século passado conclui que, quando crianças, muitos de nós aprendemos a esconder nossos sentimentos e necessidades para corresponder às expectativas de nossos pais e, desse modo, garantir o “amor” deles. Segundo Alice Miller, esse dom de se adaptar é uma estratégia de sobrevivência diante dos abusos sofridos na infância, e tem um custo: a supressão do próprio eu. É com base nessa compreensão que a autora examina os efeitos duradouros dos traumas de infância, que se traduzem em sentimentos de vazio e alienação. Ilustrado com relatos de pacientes, trechos de diários pessoais e excertos literários, o livro ajuda o leitor a reconhecer as próprias emoções e necessidades e descobrir sua verdade interior.

“Não podemos mudar em nada nosso passado nem desfazer os males que nos foram imputados na infância. Mas podemos mudar a nós mesmos, nos “consertar”, reconquistar nossa integridade perdida. Isso é possível na medida em que decidimos observar mais de perto o conhecimento sobre o passado arquivado em nosso corpo e aproximá-lo de nossa consciência. Sem dúvida, é um caminho desconfortável, mas é o único que nos oferece a possibilidade de, finalmente, deixar a invisível (e ao mesmo tempo cruel) prisão da infância, nos transformando, de vítimas inconscientes do passado, em pessoas responsáveis, que são cientes de sua história e, com isso, capazes de conviver com ela”, descreve Alice Miller.

A autora

Alice Miller (1923-2010) nasceu na Polônia e concluiu seus estudos na Basileia, Suíça, onde obteve o doutorado em Filosofia, Psicologia e Sociologia, em 1953. Atuou como psicanalista em Zurique, mas foi se distanciando da psicanálise à medida que se aprofundava em seus estudos sobre a infância. Em suas pesquisas, debruçou-se sobre relatos de pacientes e também sobre os diários de ditadores e de artistas famosos. Na visão da autora, os maus-tratos sofridos pela criança, sobretudo em seus primeiros anos, estão por trás de toda a violência presente na sociedade. O adulto que, tendo sofrido abusos físicos ou psicológicos, mantém a imagem de uma infância idílica e não tem a possibilidade de entrar em contato com a raiva reprimida acaba descontando essa raiva nos próprios filhos ou até em nações inteiras. Segundo Miller, conectar-se com essa criança interior ferida é o primeiro passo para conhecer a si mesmo e impedir que esse ciclo de violência passe às gerações seguintes.