O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou sem que o governo federal tenha compreendido a importância da austeridade fiscal.
Durante
todos os meses de 2023 o governo declarou não haver problema algum em endividar
para crescer e melhorar a infraestrutura do país. Da mesma forma, não viu
problema no fato de o Brasil ter inflação acima da meta e déficit primário de
1% a 1,5%, ao invés de déficit zero.
O
esforço do governo foi no sendo de buscar elevar a arrecadação, fazendo isso
por meio da criação de novos tributos, como o imposto selevo sob produtos
nocivos à saúde e ao meio ambiente, da tributação sobre lucros não distribuídos
e gerados no exterior em offshores e paraísos fiscais, e de
alíquotas maiores no novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e na Contribuição
Social sobre Bens e Serviços (CBS).
Também
para garanr maior arrecadação, vetou a lei que mantém a desoneração de tributos
sobre folha de remuneração de empregados, inclusive prefeituras, e viu o veto
ser derrubado por um Congresso não hosl ao governo. O objevo era abocanhar
entre R$ 20 a R$ 35 bilhões a mais por item, visando aumentar o bolo
arrecadatório em mais de R$ 100 bilhões por ano.
Isso
tudo feito pelo mesmo governo que já cobra tributos cuja soma representa 34% do
Produto Interno Bruto (PIB), gerando déficit primário de 1% e déficit nominal
de 5% a 7%, ambos comparavamente ao mesmo PIB. É o mesmo governo que desperdiça
sem pudor a oportunidade de reduzir os gastos com privilégios de poucos
funcionários públicos, que somam de 12,8% a 13% do PIB, para um patamar próximo
da média de 9,8% do PIB pracada pelos 37 países membros da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), providência que poderia
proporcionar economia de até 3% do PIB, algo em torno de R$ 330 bilhões por
ano.
Também
ignora a necessidade de redução dos gastos tributários da União, hoje
consumindo de 4,8% a 5% do PIB, para cerca de 2,5% do PIB, economizando com
isso cerca de R$ 250 bilhões por ano. Ao contrário, prefere a via mais onerosa
para a sociedade brasileira, a do aumento dos tributos, embora o discurso
recorrente seja o que não tem interesse em aumentar a carga tributária do país,
hoje de 33,5% a 34% do PIB.
Alguém
duvida que, em apenas uma década, teríamos um Brasil muito diferente (para
melhor) se os governos cortassem os gastos do funcionalismo e das renúncias fiscais,
economizando R$ 580 bilhões/ano ou mesmo a metade disso, R$ 290 bilhões/ano, e
invesndo esse montante – sem sobrepreços – em infraestrutura?
A
melhor opção para proporcionar benecios palpáveis a todos os segmentos da
sociedade brasileira e recolocar o país na direção do desenvolvimento seguro e
connuo é o controle sobre o endividamento, atrelado à inflação mais baixa,
sempre dentro da meta.
Inflação
mais baixa seria bom para os governos. Isso porque países e os estados
brasileiros financiam suas dívidas nas instuições bancárias pagando taxas de
juros cujos cálculos estão ligados direta ou indiretamente à inflação interna,
ao controle orçamentário e à capacidade de pagamento. Hoje, a dívida pública
brasileira envolvendo todos os entes federavos é da ordem de 74,7% a 75% do
PIB, ou seja, algo próximo de R$ 8 trilhões. A Instuição Fiscal Independente
(IFI), órgão vinculado ao Senado, sinaliza dívida de 78% do PIB em 2024, e a
média entre 20025 e 2033, de 87,4% do PIB, segundo reportagem publicada em
dezembro de 2023 pelo site Poder 360.
Esses
dados levam a uma reflexão inafastável: embora não haja uma relação direta e
certa para cada ponto percentual a mais na inflação anual, teremos cerca de 1
p.p. no custo de financiamento anual da dívida. Ou seja, R$ 80 bilhões por ano,
valor maior do que o total obdo em todo o esforço de buscar o aumento de
arrecadação via aumento de tributos.
Inflação
mais baixa também seria benéfica para o povo brasileiro. Significaria aumento
do poder de compra e maior previsibilidade para o controle do orçamento
familiar.
Da
mesma forma, seria posiva para os credores, pois significaria que o país está
exercendo com seriedade o controle dos orçamentos e, portanto, merece a
manutenção das linhas de crédito, inclusive com possibilidade de redução das
taxas de juros cobradas nos emprésmos bancários concedidos (redução do spread
do Risco Brasil).
Como
se vê, existem caminhos para a adequação do tamanho do setor público
brasileiro, um paquiderme que presta serviços de péssima qualidade à população.
O Brasil precisa se libertar da visão limitada de olhar unicamente para o
aumento da arrecadação, via maior tributação, cada vez que ensaia uma busca
pelo equilíbrio.
É
fundamental a compabilização dos discursos com as ações do governo para
efevação de uma nova realidade, melhor para o país e para o povo brasileiro.
Todos podem ajudar nesse caminho, inclusive a grande imprensa, cobrando os
governantes expondo as promessas e realizações, nociando incansavelmente as
diferenças entre os discursos e as prácas de gestão.
Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas
áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi
vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à
deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br
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