No mês da campanha
de conscientização "Fevereiro Roxo", especialistas do CEJAM explicam
o problema, suas formas de prevenção e como o ambiente profissional pode
desencadeá-lo
A doença de Alzheimer é uma condição
neurodegenerativa, caracterizada pela perda progressiva de neurônios em áreas
associadas a funções cognitivas, tais como memórias de curta duração e
linguagem. Hoje, é considerada uma das demências mais frequentes entre a
população.
Normalmente, apresenta maior incidência após os 60 anos, embora seja possível
manifestar-se em faixas etárias mais jovens. Idosos, a partir dessa idade,
constituem o grupo mais suscetível, sendo observada uma prevalência maior em
mulheres, com um risco estatístico aproximadamente duas vezes superior ao
registrado em homens.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, aproximadamente 1,2 milhão de
pessoas já convivem com alguma forma de demência, incluindo o Alzheimer, sendo
esperado 100 mil novos casos por ano. Globalmente, esse número chega a atingir
a marca de 50 milhões de pessoas.
“A sua origem é associada a diversos fatores de risco, configurando-a como uma
doença multifatorial. Esses fatores incluem baixa escolaridade, perda auditiva,
diabetes mellitus, hipertensão arterial, tabagismo, alcoolismo, cardiopatias,
depressão, entre outros”, explica o Dr. Maurício Lobato, neurologista do AME
Itu, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em
parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
De acordo com o médico, há ainda os casos genéticos, em que o Alzheimer pode
ser desencadeado por mutações que aumentam o risco da doença, como é o caso de
modificações no gene APOE4.
“Essas mutações estão associadas a um aumento significativo na probabilidade de
desenvolver a condição, e, atualmente, ainda não existe terapia genética
disponível para interferir nesse processo”, afirma.
De toda forma, independentemente dos fatores envolvidos para o seu
aparecimento, é essencial permanecer atento aos primeiros sinais, que, mesmo
sutis e comuns, podem indicar a presença da doença.
"Esquecimentos recorrentes para eventos recentes, períodos de
desorientação, perda de linguagem, sintomas depressivos e alterações do sono
são sinais precoces que requerem atenção, por mais que não pareçam",
enfatiza o especialista.
Em situações como essas, o médico recomenda, acima de tudo, a busca por
orientações médicas, além de uma avaliação neurológica para confirmar o
diagnóstico e iniciar estratégias clínicas que visem minimizar o risco de uma
progressão acelerada do quadro clínico.
Alzheimer x trabalho
Um outro espaço que pode impactar a condição é o ambiente profissional, onde a
doença de Alzheimer e outras demências podem encontrar um terreno propício para
se desenvolverem, caso o indivíduo já tenha predisposições genéticas ou outros
fatores de risco. Isso porque o estresse crônico, a pressão constante no
trabalho e a falta de suporte emocional podem desencadear e agravar os sintomas
da doença.
Nesse contexto, Chris Hemsworth, 40, intérprete do famoso personagem da Marvel
Thor é um exemplo. O ator descobriu, em novembro do ano passado, predisposição
para a doença. Com isso, fez uma série de ajustes em sua rotina, incluindo a
diminuição em sua jornada de trabalho, a fim de priorizar a saúde do seu
cérebro.
“O ambiente de trabalho também pode influenciar no desenvolvimento de fatores
de risco associados às demências. O Alzheimer, por exemplo, sendo uma patologia
degenerativa, torna-se crucial evitar situações de estresse e sobrecarga física
e mental, o que nem sempre é possível nesses espaços”, complementa o Dr.
Gustavo Marcelo Vinent, médico e supervisor corporativo de Medicina Ocupacional
do CEJAM.
Além dos lapsos de memória comuns em pessoas com o
diagnóstico, problemas para completar tarefas que antes eram fáceis,
dificuldades para a resolução de problemas, mudanças no humor ou personalidade
e o afastamento de colegas e amigos podem indicar algo no mundo corporativo.
Por isso, é importante estar atento.
“Observando esses sintomas, é importante que o profissional busque ajuda médica
para entender como anda sua saúde. Com acompanhamento e tratamento precoces,
incluindo medicamentos, terapia ocupacional e consultas preventivas, o quadro
pode estacionar por tempo indeterminado”, ressalta.
O médico reforça que é totalmente possível ter uma vida normal com Alzheimer,
tanto no mercado de trabalho como na vida pessoal, desde que se tenha cuidados
e hábitos preventivos.
Como evitar as demências?
Sem dúvida, manter a saúde do cérebro é essencial para garantir uma boa
qualidade de vida ao longo dos anos. Embora o envelhecimento natural do corpo
possa trazer consigo desafios, adotar um estilo de vida saudável desempenha um
papel crucial na prevenção e na redução do risco de demências.
A prática regular de atividades físicas, melhoria da qualidade do sono e controle do peso, de dietas inflamatórias e de alimentos ultraprocessados são passos fundamentais nesse processo. Além disso, buscar aprendizado contínuo, por meio de novas experiências cognitivas e a preservação do bem-estar psíquico, podem ser formas adicionais de prevenir o aparecimento dessas condições ao longo da vida.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
site da instituição
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