O Copom - Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu na última quarta-feira (01), reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano. Este foi o terceiro corte seguido na taxa básica de juros, que começou a diminuir em agosto deste ano.
A notícia vem em meio a falas polêmicas do governo sobre mudanças na meta fiscal, manutenção de juros em taxas altas nos EUA e guerra entre Israel e o Hamas.
Abaixo
veja comentários de analistas do mercado financeiro sobre o comunicado, que foi
divulgado pelo Banco Central na última quarta, ao anunciar a decisão sobre
juros.
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital
Na minha opinião, a decisão veio dentro do esperado. Sem surpresas. Chama a atenção no comunicado alguns pontos bem importantes que foram destacados, principalmente referente à questão da necessidade do cumprimento das metas fiscais já estabelecidas pelo próprio governo para a continuação do ciclo de queda de juros. Então a gente vê o Copom trazendo esses pontos, essas necessidades, que essas metas fiscais sejam atingidas para que assim siga-se o mesmo ritmo de redução de juros. A expectativa que a gente tem para o próximo ano é de uma taxa de por volta de 9,5% e fica claro que, para que ocorra isso, será necessário alguns discursos que ressaltem o compromisso do governo com as metas fiscais.
A
ideia que passa é que o governo precisa ficar comprometido com essa questão do
déficit zero. Caso os compromissos fiscais não sejam cumpridos da forma como
planejado, o BC pode precisar rever a rota. Então, eu acredito que é um
primeiro sinal de, caso isso não seja cumprido, possamos ter aí uma
reprecificação lá na frente.
Um outro ponto importante que eles destacaram mais uma vez são as tensões geopolíticas que a gente vem tendo, principalmente com o conflito no Oriente Médio, o impacto que isso pode que pode causar nas economias. É importante a gente estar de olho nesses pontos porque qualquer movimento brusco que acontece no Oriente Médio a gente tem aí um aumento basicamente do petróleo de cara. Então a preocupação por essas tensões é importante e eles deixam claro que estão atentos a isso.
Veio
uma ata bem em linha com as expectativas. Eu entendo que eles viram a
importância de ser destacada a questão da dívida pública, para que a gente não
tenha um aumento das expectativas inflacionárias. Veio um tom bem brando, mas
destacando os fatores de risco principais.
Ricardo
Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e
empresa de tecnologia e educação para investidores
Decisão
em linha com a expectativa do mercado. A grande dúvida ficava por conta de como
seria o comunicado dado os eventos do final da semana passada e dessa semana
por conta da declaração do Lula. O Banco Central, pelo menos na minha leitura,
não deu nem mais nem menos importância à questão do fiscal, mesmo com esse
cenário mais conturbado depois do que o Lula falou na sexta e todo o desenrolar
dessa história durante essa semana com o Haddad. Então a postura do Banco
Central com relação ao fiscal segue com preocupação, segue reafirmando que o
fiscal é um ponto importante para a condução de política monetária.
A única novidade, na minha leitura, foi em relação às expectativas para os próximos anos. Percebi que o Banco Central tem uma leitura mais positiva para os indicadores para os anos que ainda vão vir. De maneira geral, sem grandes modificações no comunicado em relação ao comunicado anterior, nenhuma surpresa com relação a fiscal, nem com relação ao pace, preocupação ainda com relação ao cenário internacional e agora é aguardar a ata na semana que vem para ver se traz mais algum detalhe a respeito do que foi comentado hoje.
O
comitê continua achando apropriado que o pace de 0,50 é algo a ser mantido. Um
dos destaques é a preocupação com relação ao cenário internacional. O BC
continua observando com cautela o contexto macroeconômico nos Estados Unidos e
o que a gente tem acompanhado de maneira geral no cenário externo como a guerra
no Oriente Médio.
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