Se recuperar da Compulsão Alimentar depende de apoio da família e da amizade para o retorno de uma relação saudável com si próprio; a psicóloga Vanessa Gebrim comenta sobre os principais sintomas
A compulsão alimentar é um problema complexo que afeta muitas pessoas em todo o mundo. Para abordar eficazmente esse desafio, é essencial compreender o que é e como ela pode impactar a vida de quem a enfrenta. Muitas vezes estigmatizada, a compulsão alimentar pode caracterizar um sofrimento tanto para a pessoa quanto para sua família.
A realidade mostra
que compulsão alimentar é um problema de saúde que merece
atenção. Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que,
no Brasil, cerca de 2% da população sofra com
a compulsão alimentar em algum momento da vida. Além disso, a
pesquisa revela que a maioria das pessoas que enfrenta esse transtorno não
procura ajuda profissional, o que ressalta a importância de conscientizar sobre
essa condição e os recursos disponíveis para tratamento.
De acordo com a
psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica
explica o transtorno, a compulsão alimentar é caracterizada pela
necessidade de consumir grandes quantidades de alimentos, mesmo quando não
se está fisicamente com fome. “Esses episódios podem ser intensos, muitas vezes
acompanhados por uma sensação avassaladora de descontrole. Para ser
considerada compulsão alimentar, esses episódios devem ocorrer pelo
menos duas ou mais vezes por semana”, explica.
Abaixo, a
psicóloga lista os principais pontos para quem deseja entender o transtorno. Confira:
1.
Compreendendo as origens da Compulsão Alimentar: a compulsão alimentar tem raízes profundas em
fatores emocionais e comportamentais. Frequentemente, as pessoas recorrem à
comida como uma maneira de lidar com emoções difíceis, como estresse, ansiedade,
solidão e tristeza. "Durante os episódios de compulsão, as emoções
costumam ser obscurecidas, e a comida se torna um mecanismo de alívio para
esses sentimentos negativos. O isolamento social, a tristeza e a culpa muitas
vezes acompanham a compulsão alimentar, tornando-a uma condição
complexa", entende.
2.
Sintomas da Compulsão Alimentar: os sintomas da compulsão alimentar são
variados, mas todos eles envolvem uma sensação avassaladora de descontrole e
falta de capacidade de interromper o consumo de alimentos.
“A compulsão alimentar pode afetar a aparência física, ter
consequências emocionais e impactar severamente na interação social da pessoa.
Isso porque é comum que indivíduos que estão passando por esse problema não
mantenham vida social ativa por vergonha ou medo do
descontrole alimentar na frente de outras pessoas, como familiares e
amigos. Entre os principais sintomas dessa doença estão: comer mais rápido que
o normal; alimentar-se quando não está com fome ou continuar comendo mesmo
saciado; comer escondido; sentir-se triste ou culpada (o) por estar comendo”,
indica Vanessa.
3.
Gatilhos para as compulsões: a compulsão,
muitas vezes, é despertada por eventos traumáticos ou mudanças emocionais
drásticas que afetam a saúde mental. Mudanças emocionais como términos de
relacionamento, situações de aflição e angústia estão ligados
à compulsão alimentar. “Quando a comida é utilizada como suporte
emocional, tende-se a descontar frustrações, tristeza e estresse
na alimentação. Depressão, ansiedade, baixa autoestima e traumas também
podem desencadear quadros de transtorno alimentar. Não estar satisfeito
com a aparência do próprio corpo é um dos fatores de risco
da compulsão alimentar. Esse problema é mais comum entre adolescentes
e jovens pois a estrutura emocional ainda está em formação”, revela.
4.
Encaixe nos padrões de beleza; a
saúde mental estar tão atrelada aos nossos hábitos alimentares está
diretamente ligada à séculos de criação de um ideal de beleza inexistente e
tóxico. Tentar constantemente se encaixar nos padrões de beleza também pode
levar ao desenvolvimento de outros problemas alimentares como bulimia
e anorexia. “O tempo todo, nas redes sociais e mídia, surgem novas dietas
seguidas por modelos e atrizes, na maioria das vezes muito magras, associando
magreza à saúde. No entanto, essa é uma ideia distorcida de corpo saudável e a
privação de comida com o objetivo de emagrecer pode gerar episódios
de compulsão”, aponta a psicóloga.
5.
Aprendendo a amar seu corpo: a
recuperação está ligada à reconstrução de sua autoestima. “O melhor método é
fazer psicoterapia e também frequentar grupos de apoio. Ao descobrir que não
está sozinho - contando com uma rede de pessoas que lhe entendem e acolhem -
você renovará suas forças para enfrentar a compulsão alimentar”,
aconselha.
Ainda assim, o
apoio da família e amigos é essencial para voltar a amar seu corpo. “Colocar
-se à disposição para ajudar: em muitos casos pode haver a necessidade de
redução temporária de alimentos na casa que causem possíveis gatilhos
em quem tem compulsão alimentar, e isso altera – e muito – a rotina
da casa. Por isso ter paciência, e respeitar esse período será fundamental.
Sabe aquele pudim que a família ama? Aquele passeio naquela padaria? Talvez
seja um fator muito delicado para a pessoa em tratamento, que tal dialogar
sobre o cardápio familiar e chegar em acordos? Isso inclusive pode ser
construído em sessão com a nutricionista”, finaliza Vanessa Gebrim,
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