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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Especialista em Direito de Família explica as consequências da revogação da Lei da Alienação Parental

Advogado defende que iniciativa precisa ser revisada, mas continuar existindo justamente para proteger crianças e genitores 

 

No último dia 16 de agosto, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou o projeto de lei que visa a revogação integral da Lei da Alienação Parental (Lei 12.318, de 2010). O projeto, apresentado pelo senador Magno Malta (PL-ES) sob a denominação PL 1.372/2023, obteve um voto favorável da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e agora seguirá para análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Segundo Paulo Akiyama, advogado que atua com direito de família no Brasil, “a Lei da Alienação Parental foi criada com a intenção de proteger os interesses das crianças, mas, ao longo dos anos, sua aplicação demonstrou limitações significativas. Embora tenha sido utilizada de maneira prejudicial, existem muitas ressalvas a serem feitas. Hoje, a revogação está sendo considerada como uma tentativa de corrigir as falhas que foram identificadas ao longo do tempo, mas será que é a melhor saída?”, questiona.

A Lei da Alienação Parental foi originalmente criada para coibir situações em que um dos genitores busca afastar o outro da convivência com os filhos, seja por meio de campanhas de desqualificação, dificultando o convívio ou utilizando outras formas. O advogado defende que ela precisa ser revisada, mas continuar existindo justamente para proteger crianças e genitores.

De acordo com o autor do projeto, a regulamentação tem sido deturpada por genitores acusados de abusos, a fim de garantir a convivência com a criança e o convívio familiar, apesar do processo de violência. Alguns casos registraram a perda da guarda por parte do genitor que denunciou o abuso e acusando o mesmo de alienação parental.

A ideia de revogar surgiu a partir dos resultados obtidos pela CPI dos Maus-Tratos. Além disso, tanto o Conselho Nacional de Saúde (CNS) quanto peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) criticaram a Lei da Alienação Parental, em 2022. A ONU também chegou a pedir a revogação, alegando que ela pode discriminar mulheres e meninas, facilitando falsas acusações e perpetuando estereótipos de gênero discriminatórios, o que resultaria em erros judiciais e situações de ameaça aos envolvidos. “Sou contra a revogação, mas sou a favor de ajustes que possam garantir decisões justas para todos. Tanto a Lei da Alienação Parental como a Lei Maria da Penha e a recente Lei Henry Borel foram e continuam sendo usadas de forma prejudicial. Muitos a utilizam para benefício próprio e trazendo impactos enormes na vida tanto das crianças quanto para o outro genitor. Isso porque ainda há um alto número de falsas denúncias de abuso”, pontua Akiyama.



Paulo Akiyama - formado em economia e em direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família.
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