O uso
indiscriminado de celulares e jogos online tem aumentado o número de pessoas
afetadas pela doença do século XXIGetty Images
Segundo
o relatório Digital 2023: Brazil, da We Are Social em parceria com a Meltwater,
a proporção de brasileiros conectados cresceu de 70% em 2019 para 84,3% em
2023. O Brasil se destaca nas estatísticas globais. De acordo com relatório da
Data Reportal de 2023, o brasileiro passa em média 9 horas e 32 minutos na
internet por dia, o que representa 2,5 horas acima da média global. Além disso,
o país está em quarto lugar com o maior tempo de tela dentre uma lista de
44 países.
Muitos
acreditam que o uso excessivo dos dispositivos eletrônicos é inofensivo à saúde
humana. No entanto, um recente estudo do Corpo Clínico do Hospital
Sírio-Libanês, em São Paulo, alerta sobre a chamada demência digital, que afeta
o rendimento cognitivo dos usuários, levando muitas pessoas à tratamento.
Mas afinal , o que é
Demência Digital?
O
termo foi criado por especialistas coreanos que estudam o impacto do excesso de
uso e dependência de dispositivos e aparelhos eletrônicos desde 1990. De acordo
com o estudo, observa-se uma deterioração crescente das funções e
habilidades cognitivas dos indivíduos, onde há um desequilíbrio entre o
desenvolvimento do lado esquerdo e direito do cérebro. As evidências mostram
que o cérebro de pessoas viciadas em smartphones e jogos online tem um
comprometimento significativo do lado direito, onde se concentram áreas
relacionadas ao nosso foco e memória. Isso aumenta as chances do desenvolvimento
de demência no longo prazo.
Os
prejuízos estão presentes em todos os indivíduos que se tornam dependentes ou
viciados em dispositivos digitais, sendo o caso mais crítico em crianças e
jovens, uma vez que o cérebro humano só atinge a sua maturidade funcional aos
23 anos. Nesta fase, a atrofia cerebral pode trazer sérios riscos para a
capacidade de concentração, formação de memórias (base do aprendizado) e os
danos podem ser irreversíveis. Além disso, o ser humano não é só prejudicado em
seu sistema cognitivo, outro efeito devastador do excesso de tempo de telas é a
socialização. Como seres sociais, o ser humano precisa interagir consigo
mesmo e com o mundo ao redor. Quando as pessoas ficam restritas ao mundo
digital, elas acabam perdendo a capacidade de empatia e de lidar com as
próprias emoções e as dos outros.
Para
a coach de líderes e empresas, Leila Santos, as ações que podem mitigar os
riscos da demência digital, começam pelo controle do uso de eletrônicos. “O
mais importante é limitar o uso diário e alternar os estímulos que favorecem o
desenvolvimento cerebral, especialmente das crianças. De acordo com a Sociedade
Americana de Pediatria, nenhuma criança abaixo de 6 anos deveria usar telas,
uma vez que os riscos de comprometimento cerebral são muito altos. O problema é
que a maioria de nós não tem ideia de quantas horas ficamos diante de uma tela
ou navegando nas redes sociais. Comece olhando as estatísticas do seu celular
para tomar consciência desse número e trace metas para ir reduzindo esse tempo
aos poucos. Seja mais seletivo e procure se engajar com conteúdos que tragam
valor para sua vida. Ao final do dia, pergunte-se: de tudo o que eu vi hoje, o
que de fato gerou aprendizado?”.
No
ambiente corporativo não é diferente. A demência digital afeta habilidades
cognitivas essenciais para o desempenho profissional: foco, concentração e
aprendizado. Sem elas, os profissionais começam a ter dificuldades para
resolver problemas, fazer análises e inovar. “Na minha opinião as empresas
deveriam fazer campanhas de conscientização alertando sobre os riscos para a
saúde física e mental, criando espaços físicos para experiências sensoriais
diversas, que despertam interesse e convivência social. Estas ações podem
amenizar os danos causados pelo excesso de telas ao longo do dia.”, reforça
Leila.
Leila Santos - Coach de líderes e
empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo
WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche,
Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos,
dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e
investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa
mudança de cultura e mindset.
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