O burnout acomete cerca de 30% dos
trabalhadores brasileiros, mas devido à falta de conhecimento ainda são vistas
muitas mentiras contadas diariamente sobre a doença
Seja para entreter ou trabalhar, o
digital está cada dia mais frequente nas vidas de todos os brasileiros. Para se
ter ideia, um estudo realizado pela NordVPN projetou que internautas passam 54%
do tempo de vida média da população na internet. O levantamento também mostra
que as pessoas começam a se conectar às 8h33 da manhã e só se desconectam às
22h13. Somado o tempo de todos os sete dias, em uma semana comum, o brasileiro
teria passado 91 horas online. É muito tempo e pode causar sérias consequências
à saúde mental.
Para a psicóloga e VP do BNI Brasil, Mara Leme Martins, é importante entender
que estar exposto a tempos elevados de telas pode retardar o desenvolvimento de
uma criança. “Imagine a proporção desse efeito em uma vida adulta, sem ou com
pouco limite de exposição. Esse tipo de atitude é responsável pelo excesso de
informação que aos poucos se transforma em estresse e pode agravar-se em
burnout digital”, explica.
No mercado corporativo, ainda há a crença de que o burnout é uma situação exclusiva a trabalhadores da nova geração, e que pessoas mais velhas não podem ou não passaram por essa situação. Para Hugo Godinho, CEO da Dialog, startup que lidera o setor de Comunicação Interna no Brasil com uma plataforma multicanal, no momento atual em que vivemos, todos estão sujeitos a essa sobrecarga. “Sobrecarga digital é o que acontece quando uma pessoa recebe com regularidade um grande volume de informações, que podem chegar de diferentes canais ou não. Essa quantidade de conteúdo costuma ser muito superior à possibilidade de assimilação - ou seja, nem tudo aquilo que é recebido por alguém consegue ser, de fato, absorvido e compreendido. O uso das redes sociais, o consumo de notícias on-line e o recebimento de centenas de notificações fazem com que as pessoas percam completamente o controle da quantidade de informações visualizadas por dia”, explica Hugo.
Com intuito de desmistificar a doença,
a psicóloga listou alguns mitos expostos diariamente no mercado corporativo
sobre o burnout digital. Confira:
1. Trabalhar menos é a única solução - “Apesar de trabalhar menos
ser um dos itens mais recomendados, não é o tratamento exclusivo para a doença.
Trabalhar com qualidade e em um clima agradável também significa muito para um
processo de melhoria contínua do paciente em tratamento”, entende Mara Leme.
2. Burnout trata-se apenas de um surto - “Isso sim é um grande mito. O
burnout segue uma linha de evolução, ou seja, a síndrome irá caminhar do cansaço
para o estresse, e a partir do estresse passa para a exaustão, até por fim
chegar a sua pior fase que é o burnout. A situação não surge simplesmente, é,
de fato, uma construção que tem como função minar sua energia de trabalho dia
após dia”, completa.
3. O tratamento sempre precisa de medicação - “Como em diversos casos,
nem todos os casos exigem que a pessoa receba um tratamento com medicação. Tudo
depende do grau de burnout que a pessoa está sofrendo. Em muitas situações será
sim, necessário, porém, não é uma regra. Cada paciente responde de uma maneira
e claro, deve ser tratado individualmente”, comenta.
4. Basta desligar o celular que passa - “Apesar das redes de comunicação serem responsáveis pelo
agravamento da doença, apenas sair de “perto” não irá solucionar de imediato o
problema. Inclusive, por vezes, pode levar a uma piora significativa em
decorrência de ansiedade, se for feito de maneira brusca. A desconexão precisa
ser gradual e respeitar os limites de cada indivíduo”, diz.
“Portanto, vale lembrar que a tecnologia está incorporada no nosso dia a dia,
não basta vê-la como vilã de uma doença como o burnout digital, mas sim como o
uso incorreto dela leva a esse tipo de resultado. Para um mercado de trabalho
mais saudável nesse sentido devemos trabalhar na extinção de mitos que permeiam
a doença”, finaliza Mara Leme Martins.
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