Hoje
mais comuns do que nunca, as telas e aparelhos eletrônicos têm graves efeitos
no desenvolvimento infantil; psicóloga comenta os principais pontos sobre o
assunto
Outubro é o mês
das crianças e esse é um ótimo momento para tirar os pequenos das telas.
Celulares, computadores e televisões estão sempre presentes em nosso cotidiano,
acostumando nossas mentes às informações rápidas e excessivas emitidas por
esses dispositivos. Embora já seja parte de nosso cotidiano, não nascemos
preparados para lidar com tanta informação durante a infância, podendo afetar o
desenvolvimento infantil quando a introdução a telas não é feita com esmero.
Os riscos de expor
crianças às telas é tanto fisiológico quanto psicológico. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), a exposição a telas eletrônicas, por qualquer
período, não é recomendada para crianças menores de 2 anos. Caso aconteça, pode
acarretar problemas no futuro para os olhos, comportamento, aprendizado e
sociabilidade dos pequenos. Porém, embora não seja recomendado, o uso de telas
tende a ser frequente. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela Fundação
Maria Cecilia Souto Vidigal, mostrou que o uso de aparelhos eletrônicos por
crianças aumentou de 15% para 59% nos últimos dois anos.
O mais importante
para o desenvolvimento infantil é manter a criança com estímulos que
impulsionam o aprendizado. “Os pais devem se envolver com a rotina dos filhos,
é importante ter momentos de qualidade e vivências. Trazer ideias de
brincadeiras, jogos e interações é essencial”, mostra a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista
em Psicologia Clínica pela PUC de SP.
Para ajudar os
pais que têm dificuldades na hora de gerenciar o tempo de tela dos filhos, a
especialista lista as principais dicas sobre o assunto. Confira:
1.
Comunicação é essencial: a
principal dica para manter o desenvolvimento infantil dos filhos em dia é
sempre ter um diálogo com os pequenos. “É necessário dar o exemplo, não adianta
tirar o tablet da criança se os pais estão o dia todo com os
celulares em mãos. O grande problema é o uso excessivo e não o uso, então o
desafio é encontrar um equilíbrio que seja bom para todos. E, para encontrar
isso, a melhor forma é sempre manter um diálogo aberto com seus filhos”,
aconselha Vanessa.
2.
Estabeleça regras: ter uma
rotina definida, momentos para brincar, conversar e gradualmente apresentar as
telas é uma boa alternativa. “Delegar as tarefas aos pequenos, incentivar as
descobertas, ensinar a lidar com frustrações, deixar a criança errar e mostrar
que isso é natural, ajudar a guardar os brinquedos, jogar as roupas no cesto,
também pode ajudar a criar senso de responsabilidade”, complementa.
3.
Evite deixar a criança muito independente: é ideal que as crianças tenham autonomia para se tornarem
adultos mais autossuficientes, no entanto, deve haver restrições. “Ficar
exposta por muito tempo nas telas pode causar problemas emocionais, como
depressão, ansiedade, falta de conexão com a família e amigos, euforia
exagerada, que vêm do excesso de estímulos dos aparelhos”, alerta a psicóloga.
4.
Incentive a saída das telas: é
importante manter o lúdico na vida das crianças, com o intuito de protegê-las
dos efeitos colaterais das telas. “Existem muitos benefícios de deixar as
crianças longe das telas, como redução de estresse e ansiedade, por permitir um
momento de relaxamento e concentração, fazer coisas diferentes que saiam da
rotina é muito saudável. Criar novos hábitos como brincar, viajar, ter algum
hobbie especial, esportes e, principalmente, rotina. É preciso ter um horário
estabelecido para o uso dos equipamentos. Assim, a criança começa a entender
que há uma vida fora das telas”, diz Gebrim.
5. Eduque e divirta: a primeira infância é um processo de aprendizagem, mas
também é o momento de aproveitar a infância dos pequenos, sem telas e aparelhos
no meio. “Os bebês precisam de estímulos aplicados de forma certa. A falta ou o
exagero podem ser negativos. Além disso, o uso elevado de telas como “recurso
pedagógico” não é recomendado. É preciso evitar o excesso de estímulos com o
propósito apenas de passar o tempo e não o de educar”, finaliza Vanessa
Gebrim.
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