Para a psicóloga, Gislene Erbs, dois passos são essenciais para superar
a vergonha: reconhecê-la e compreender sua origem
Dizer “sim” aos
pedidos dos outros, quando, de fato, se quer dizer um “não” “redondo e
bem-colocado” é um problema que aflige muitas pessoas no convívio em sociedade.
Pode-se pensar que atender demandas alheias, uma vez ou outra, mesmo sabendo
que elas dificultarão arcar com as próprias responsabilidades, não é um grande
problema, afinal faz parte do jogo social. Mas, quando esse tipo de
comportamento se torna recorrente e vira regra em vez de exceção, as
consequências podem ser desastrosas.
Em sua extensa
carreira, a psicóloga e autora do livro “Sim ou Não – A difícil arte de
colocar-se em primeiro lugar na sua vida”, Gislene Erbs, deparou-se com
diversos pacientes com extrema dificuldade em negar as vontades dos outros e
que sofriam muito em razão disso. “Somada à crença de que não poderiam e
conseguiriam fazer nada para mudar sua situação, eles desenvolveram problemas
de autoestima, que por sua vez, afetaram negativamente suas relações
interpessoais, provocando, além de desconforto físico e emocional, sentimentos
de ressentimento, raiva, culpa, solidão e vergonha”, relata.
O sentimento de
vergonha é especial nessa equação relativa à dificuldade em dizer “não”. Isto
porque, ressalta Gislene, além de consequência direta deste comportamento, a
vergonha aparece como causa dele, funcionando como uma espécie de fator
inibidor, que torna quase impossível para o indivíduo agir de maneira a gerar
descontentamento no outro. Este sentimento de vergonha, explica a psicóloga,
está associado a bloqueios emocionais resultantes de ensinamentos de pais e
pessoas do entorno aprendidos na infância e confirmados no decorrer da vida,
que acabam por minar a autoconfiança e autoestima dos indivíduos.
Mas a tarefa de
superar a vergonha, conforme a especialista, por mais assustadora que possa
parecer, é possível. Para isso, segundo ela, dois passos são essenciais:
primeiramente, reconhecer a própria vergonha e, posteriormente, compreender o
que a origina.
De acordo com
Gislene, o reconhecimento da vergonha passa pela reflexão e identificação dos
sentimentos despertados por ela. “Dessa forma, tire um momento para pensar
sobre as situações em que você sente vergonha e reconheça as emoções associadas
a ela”, orienta a psicóloga, ressaltando a importância de a pessoa lembrar que
a vergonha é uma parte normal da experiência humana.
A respeito da
compreensão da origem do sentimento de vergonha, a psicóloga ressalta que cada
um tem experiências e história únicas que podem contribuir para a vergonha que
sentem. Ao conseguir identificá-las, as pessoas ganham ferramentas para lidar
com este sentimento inibidor. Para tanto, ressalta Gislene, a ajuda de um
psicoterapeuta é de grande valia. “Com ele, a pessoa consegue explorar com mais
facilidade as raízes de sua vergonha, identificar padrões e crenças limitantes
e começar a trabalhar na transformação desses sentimentos”, diz.
Além disso,
destaca a especialista, a fim de que não desanime no meio do caminho, a pessoa
não pode nunca se esquecer de que se trata de um processo gradual, que leva
tempo para se concretizar. Ela deve lembrar-se também, segundo Gislene, que não
está sozinha na empreitada, podendo e devendo contar com o apoio de familiares,
amigos e profissionais.
Universidade da Região de Joinville e Mestrado em Saúde e Meio Ambiente pela Universidade da
Região de Joinville. Tem experiência na área da Saúde e Educação, com ênfase em Avaliação
Psicológica. Atuando principalmente nos temas: Saúde, Hipnose, Liderança, Carreira, Avaliação Psicológica.
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