Consultor e especialista em Políticas de Primeira Infância, Vital Didonet e diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, abordam a priorização da Primeira Infância nas leis e políticas do Brasil e a relevância do mês dedicado ao tema
Em julho, a Presidência da República sancionou a
Lei n° 14.617, que institui o mês de agosto como o Mês da Primeira Infância, o
Agosto Verde. Durante o período, devem ocorrer ações de conscientização sobre a
importância da atenção integral às gestantes e crianças de até seis anos e às
suas famílias.
De acordo com o consultor e especialista em
Políticas de Primeira Infância, Vital Didonet, é um novo passo na atenção do
governo e das organizações sociais aos direitos da criança de zero a seis anos,
que está sendo comprovado na realização de eventos, manifestações e campanhas
sobre assuntos pontuais do cuidado às crianças no âmbito da União, dos estados,
do Distrito Federal e dos municípios. “O mais importante nas programações é a
atenção a problemas específicos de determinados grupos de crianças, à formação
dos profissionais, à proteção da criança contra a violência, a exploração e o
abuso, além das orientações sobre os riscos nos meios digitais, entre outros.
Pode-se afirmar, com base na observação diária, que a Primeira Infância é,
hoje, um tema prioritário na lista das grandes urgências políticas do país”,
avalia.
Nessa mesma linha de pensamento, a
diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, acredita que o Agosto
Verde pode contribuir com a promoção de ações que estimulam a criação e o
fortalecimento de vínculos afetivos saudáveis, de nutrição, de imunização, do
direito de brincar e de prevenção de acidentes e doenças na primeira infância. “É
importante aproveitar o Mês da Primeira Infância para fazer uma grande
mobilização para que mais investimentos sejam direcionados para a garantia dos
direitos das crianças de zero a seis anos”, destaca.
A diretora-presidente informa ainda que a Lei que
criou o mês da Primeira Infância também orienta que a Câmara dos Deputados e o
Senado Federal deverão priorizar a discussão e votação de proposições
legislativas que, de forma direta ou indireta, beneficiem as crianças na
primeira infância. “Neste primeiro ano de vigência da Lei, a Câmara realiza uma
Sessão Solene com uma mobilização para avançar algumas proposições que afetam
positivamente os direitos das crianças”.
Atualmente, está em curso uma mobilização pela
definição do chamado “Orçamento Primeira Infância”. A Lei 13.257/2016 determina
que a União informe à sociedade a soma dos recursos aplicados anualmente no
conjunto dos programas e serviços para a primeira infância e o percentual que
os valores representam em relação ao respectivo orçamento, bem como colha
informações sobre os valores aplicados pelos demais entes da Federação. “Esse
dispositivo é uma sinalização para a importância de aplicar, nos orçamentos
públicos, a prioridade à primeira infância que ela tem na lei e nas ações de
atendimento às crianças, afirma Didonet.
Heloisa enfatiza que para que haja a promoção e
desenvolvimento de políticas, programas, ações e atividades que garantam a
efetivação dos direitos das crianças de zero a seis anos, o investimento na
primeira infância deve ser prioridade nas políticas públicas. “Em um cenário de
pós-pandemia, este é um desafio tanto para o Plano Plurianual de Atividades –
PPA 2024/2027, quanto na tramitação da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e
da Lei Orçamentária Anual – LOA, que serão apreciados pelo Congresso Nacional”.
Embora haja um longo caminho já percorrido nas
decisões políticas, desde o início com o texto da Constituição Federal de 1988,
e nas ações voltadas aos direitos da criança, ainda há muito o que percorrer
para alcançar a prioridade absoluta. “Entre os desafios a enfrentar estão a
diversidade das infâncias, com características socioculturais próprias que
devem ser respeitadas, valorizadas e promovidas; o retorno à visão global da
criança como pessoa, na sua singularidade e subjetividade e na sua dimensão
cidadã, superando a fragmentação do conhecimento, das políticas e das ações a
elas dirigidas; a escuta e a participação das crianças, que implica na presença
ativa na convivência comunitária, social e na definição do que lhe diz respeito;
a qualidade das ações públicas de saúde, educação infantil, atenção familiar e
comunitária; o enfrentamento das violências contra a criança; o abuso e a
exploração; a proteção frente aos riscos que lhe chegam nos meios digitais;
entre outros”, avalia o especialista Vital Didonet.
Além do olhar sobre as crianças, está a importância
dos cuidadores. “Quem cuida delas exerce uma função com tripla dimensão:
pessoal, profissional e política. “Cuidar de quem cuida” é crucial para que o
cuidado que prestam seja não apenas valorizado e reconhecido pelo governo e
pela sociedade, mas também tenha sempre a qualidade a que as crianças têm
direito”, salienta Vital Didonet.
Instituto Opy de
Saúde
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