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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Conhecer histórico familiar pode proteger gerações futuras contra o câncer de próstata? Conheça os 7 mitos e verdades da doença

Especialista esclarece principais tabus relacionados ao câncer mais comum entre a população masculina em alusão ao Dia do Homem

 

No Brasil, estima-se que 72 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer de próstata no triênio de 2023 a 2025, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA)[1], um aumento de 9,35% em comparação ao último triênio. Embora seja o câncer mais comum entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele não melanoma, o preconceito e a desinformação fazem com que homens não realizem exames de rotina, contribuindo para que 20% dos casos de câncer de próstata sejam descobertos em estágio avançado[2]. O Dia do Homem, 15 de julho, reforça a importância dos cuidados com a saúde entre a população masculina, incluindo a prevenção e diagnóstico do câncer de próstata. O especialista Rodrigo Coutinho Mariano, oncologista clínico titular do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, desmistifica 7 mitos e verdades relacionados à doença.


Os sintomas do câncer de próstata demoram a aparecer.

Verdade. Por ter crescimento lento, a doença em estágio inicial não apresenta sintomas específicos². Fluxo urinário fraco ou interrompido, vontade de urinar de noite, sangue na urina, disfunção erétil e dor no quadril, costas ou coxas podem demorar para se manifestar e significar que a doença já está em estágio avançado². Por isso, o acompanhamento médico deve ser iniciado a partir dos 50 anos de idade, já que mais de 95% dos tumores de próstata são diagnosticados a partir desta faixa etária²,[3].


Próstata aumentada é sinônimo de câncer.

Mito. A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um aumento benigno da próstata, que está associado à idade e pode causar dificuldade em urinar². Esse tipo de aumento da próstata não tem relação com o câncer de próstata e pode ser tratado com medicações ou cirurgia². Para diagnóstico correto, a realização de exames, como de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico), toque retal e de imagem, e acompanhamento médico é essencial.


Se o exame de sangue (PSA) estiver com índices normais não é necessário realizar o exame do toque retal.

Mito. Cerca de 20% dos tumores de próstata são diagnosticados por meio do exame do toque retal em homens com níveis normais de PSA (Antígeno Prostático Específico)². Os exames são complementares e ambos devem ser realizados, visto que o toque retal detecta qualquer alteração na próstata (endurecimento e/ou nodulações), sendo fundamental para avaliação prostática e para auxiliar na decisão da melhor forma de tratamento, e a dosagem de PSA, um exame simples de sangue, indicará se há possíveis alterações na próstata. Caso sejam encontradas alterações nos exames com suspeita de câncer de próstata, é necessário a realização de exame de imagem e biópsia da próstata para confirmação do diagnóstico2.


Os exames preventivos só devem ser realizados por pessoas com histórico familiar de câncer de próstata.    

Mito O avanço da idade é o principal fator de risco para o aparecimento do câncer de próstata, principalmente, a partir dos 50 anos. Por isso, a realização dos exames preventivos deve começar nessa idade. O câncer de próstata também é duas a três vezes mais frequente em homens negros, com diagnóstico entre cinco e dez anos mais cedo[4]. Nesse caso, homens negros devem iniciar os exames preventivos entre 40 e 45 anos. Por fim, a hereditariedade é um fator de risco com grande importância quando se trata de câncer de próstata. Indivíduos com parentes de primeiro grau (pai ou irmãos) com câncer de próstata, também devem iniciar o rastreio precocemente. Pacientes com histórico familiar com presença de mutação genética, como mutação de BRCA2, que também pode ser encontrada em outros tipos de câncer, como ovário, mama e pâncreas, devem iniciar a realização de exames preventivos aos 40 anos, pois homens com essa mutação tem risco elevado de desenvolver tumores de próstata mais agressivo e em idades mais jovens². Além disso, 10% a 15% dos pacientes com câncer de próstata avançado vão apresentar mutação em genes como BRCA1, BRCA2 ou ATM[5].


Câncer de próstata tem cura.

Verdade. Quando rastreado em estágio inicial, a chance de cura do câncer de próstata pode chegar a 97%2. Apesar da boa notícia, uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) relevou que 44% dos homens nunca se consultaram com um urologista[6],o que faz com que a taxa mortalidade e diagnóstico tardio do câncer de próstata ainda sejam altos. Por isso, é extremamente importante que homens tenha um acompanhamento periódico com o urologista e realizem os exames preventivos sem medo ou tabu.


Teste genético não é necessário para tratamento personalizado.

 Mito. O câncer de próstata é heterogêneo, ou seja, pode ter diversas assinaturas genéticas². A realização de testes genéticos que evidenciam a mutação específica do câncer, contribui para que seja possível identificar o melhor caminho para tratá-lo por meio da medicina de precisão, nas fases avançadas da doença². Um tratamento personalizado, que seja específico para a mutação genética, pode contribuir como uma nova opção de tratamento na fase avançada da doença.  


Descobrir mutação genética do câncer de próstata pode contribuir para o diagnóstico precoce de gerações futuras.

Verdade. A descoberta da mutação genética do paciente com câncer de próstata, não só o beneficia com a possibilidade de realizar um tratamento mais assertivo, como contribui para o diagnóstico precoce das futuras gerações, visto que a hereditariedade é um dos principais fatores de riscos para o desenvolvimento do câncer. Entretanto, herdar uma mutação genética não significa que o indivíduo terá necessariamente câncer no futuro, mas os riscos são aumentados e, por isso, o acompanhamento médico e exames preventivos devem ser iniciados mais cedo e com maior frequência. Homens que herdam a mutação BRCA1 têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de próstata, já os que herdam a mutação BRCA2, o risco chega a ser oito vezes maior[7]. As mutações BRCA também podem ser encontradas em cânceres como de mama e ovário. Dados demonstram que 44% das mulheres que herdam a mutação BRCA1 e 17% das que herdam a BRCA2 desenvolverão a doença até os 80 anos[8]. Nesses casos, o aconselhamento familiar com oncogeneticista é fundamental para um possível diagnóstico precoce da doença entre a geração futura. 

 

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Referências:

[1] Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2023, Incidência de Câncer no Brasil. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2023.pdf. Acesso em 30 de junho de 2023

[2] MALUF, Fernando Cotait. VENCER O CÂNCER DE PRÓSTATA. 2ª edição. São Paulo: Dendrix, 2020. Acesso em 30 de junho de 2023

[3] National Cancer Institute. Prostate SEER 5-Year Relative Survival Rates, 2013-2019. Disponível em: https://seer.cancer.gov/statistics-network/explorer/application.html?site=66&data_type=4&graph_type=5&compareBy=stage&chk_stage_104=104&chk_stage_105=105&chk_stage_106=106&chk_stage_107=107&series=9&hdn_sex=2&race=1&age_range=1&advopt_precision=1&advopt_show_ci=on&hdn_view=0. Acesso em 07 de julho de 2023.

[4] Instituto Vencer o Câncer. Câncer de próstata é mais frequente em negros; saiba quando fazer exames. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/cancer-de-prostata-e-mais-frequente-em-negros-saiba-quando-fazer-exames/. Acesso em: 04 de julho de 2023.

[5] Abida W. et al. PNAS 2019; 116:11428-436.

[6] Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Cuidados com a saúde do homem. Disponível em: https://sbco.org.br/cuidados-com-a-saude-do-homem/. Acesso em 04 de julho de 2023.

[7] A.C Camargo Cancer Center. Mutações genéticas e o câncer de próstata. Disponível em: https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/noticias/mutacoes-geneticas-e-o-cancer-de-prostata. Acesso em 03 de julho de 2023.

[8] Instituto Oncoguia. Mutação BRCA1 ou BRCA2 e aumento do risco de câncer de mama e câncer de ovário. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/risco-de-cancer/13922/1227/. Acesso em 03 de julho de 2023.


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