Além de não contribuir para o emagrecimento, o uso prolongado
destas substâncias pode aumentar o risco de diversas doenças
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
divulgou na última semana uma nova diretriz com orientações sobre o uso de
adoçantes sem açúcar por pessoas não diabéticas, que buscam a redução de peso.
As orientações são baseadas em estudos
relacionados à dieta de adultos e crianças, e reavalia os níveis seguros ou
máximos de ingestão de adoçantes sem açúcar, incluindo aspartame, sacarina,
sucralose, stevia e derivados estabelecidos pela Organização e outros órgãos
competentes.
O novo debate deve impulsionar o desenvolvimento
e implementação de políticas e programas de nutrição e saúde pública,
reavaliando as recomendações sobre o uso destas substâncias pela população em
geral, salvo casos específicos, nos quais o seu uso segue indicado.
Estudos realizados ao longo dos últimos
anos vêm sugerindo que os adoçantes artificiais não conferem benefícios a longo
prazo na redução da gordura corporal em adultos ou crianças. Mais do que isso,
pesquisadores perceberam que pode haver efeitos nocivos com o uso prolongado,
como o aumento do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, de doenças
cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer.
Menos açúcar, mais saúde
Com a nova recomendação da OMS, outras
formas de reduzir a ingestão de açúcar devem ser consideradas, entre elas
consumir frutas e outros alimentos e bebidas naturalmente adoçados, ou seja,
sem adição de açúcar.
No Brasil, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde e demais entidades
governamentais devem avaliar, a partir de agora, a nova diretriz da OMS para
novas recomendações e estratégias junto a profissionais de saúde e a população.
“É importante estarmos atentos às novas
informações e estudos sobre o assunto, incluindo as consequências e benefícios
da adoção das novas medidas. Vale destacar que as recomendações para pacientes
com diabetes devem ser realizadas individualmente, sob a supervisão
profissional, pois a ingestão de açúcares e, em alguns casos, também de
alimentos naturalmente adoçados, requer atenção”, destaca o Dr. Daniel Lerario,
clínico geral e endocrinologista, mestre e doutor pela Escola Paulista de
Medicina.
“Uma das principais formas de consumo de
açúcares está nas bebidas açucaradas. Você sabia que em um copo de 200ml de
refrigerante há 21 g de carboidrato (leia-se açúcar) e em um brigadeiro,
tamanho festa, são cerca de 15 g de carboidrato? O contraditório é que muitas
pessoas não comem o doce, por conter muito açúcar, mas tomam o refrigerante”,
explica a nutricionista Dra. Erika C. Toassa, mestre em Nutrição Humana
Aplicada e doutora em Nutrição em Saúde Pública pela USP.
Hábitos saudáveis
“A obesidade mais do que triplicou nos
últimos 30 anos e isso certamente tem relação com o estilo de vida sedentário e
o consumo excessivo de alimentos altamente processados. Estamos todos
desafiados a nos alimentar melhor e nos movimentar mais para frear o avanço da
obesidade e das doenças a ela relacionadas, com o câncer”, explica o Dr. Daniel
Lerario.
Hábitos alimentares saudáveis melhoram a qualidade de vida e diminuem o
risco de diversas doenças crônicas não transmissíveis. Estudos ao longo dos anos já encontraram relação entre maus hábitos alimentares e
doenças graves, como diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares,
acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, obesidade,
entre outras.
Entre as práticas alimentares recomendadas
para melhorar a saúde estão a redução do consumo de açúcares, particularmente
aqueles que são intencionalmente adicionados aos alimentos, além da diminuição
de gorduras, conservantes, sódio e outras substâncias encontradas especialmente
em alimentos ultraprocessados.
A Dra. Erika orienta que uma das formas de
reduzir o consumo de açúcar pode ser a redução gradual do consumo de bebidas
adoçadas. Reduzir a quantidade de açúcar que colocamos nas bebidas preparadas
em casa é outra estratégia que tem o objetivo de educar o paladar para diminuir
o consumo de alimentos adocicados.
“Quanto menos adoçamos, melhor. Isso vale
para o açúcar ou o adoçante. Devemos aprender a apreciar o sabor natural dos
alimentos”, explica a nutricionista.
Outra maneira de reduzir o uso de açúcar
em bebidas é usar a maçã como um adoçante natural, devido ao seu sabor
adocicado, preparando um suco misto, como por exemplo abacaxi com maçã, sem
precisar do açúcar.
“Outras possibilidades de adoçar de
maneira mais saudável é usar tâmara, uva passa ou banana. Nestes casos, há a
vantagem da quantidade de fibras, superior ao açúcar. O mel ou o melado são
também outras formas de adoçar, para variar a alimentação”.
A alimentação é um ponto de extrema importância, mas não é o único, lembra o Dr. Daniel Lerario.
“Outra orientação
importante é incentivar a prática regular de atividade física. Incluir
exercícios na rotina ajuda a controlar o peso, utilizando a glicose como
energia”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário