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segunda-feira, 15 de maio de 2023

Canetas de insulina se transformam em cadeiras plásticas com ajuda de projeto inovador na Dinamarca

De acordo com Rica Mello, líder da Câmara de Descartáveis e precursor do projeto Plástico Amigo, a iniciativa possibilita que esses produtos apresentem um menor impacto ambiental

 

Além de serem objetos discretos, leves e fáceis de carregar, as canetas de insulina são fundamentais para pessoas com diabetes, que conseguem administrar a dose correta do medicamento a qualquer hora e em qualquer lugar. 

Essa ferramenta trouxe uma melhoria significativa na qualidade de vida de quem convive com a doença, dispensando a necessidade de andar com as tradicionais seringas de vidro. No entanto, trouxe preocupações ambientais, tendo em vista que as canetas são 77% compostas por plásticos que, por questões de saúde pública, não podem ser descartados em uma lixeira de reciclagem tradicional.

Com isso, o destino mais comum das canetas de insulina ao fim de sua vida útil, é a incineração.

No entanto, de acordo com Rica Mello, líder da câmara de descartávei e precursor do projeto Plástico Amigo, a economia circular pode ser fundamental para reutilizar esse tipo de material, mantendo-os em uso pelo maior tempo possível, reduzindo a geração de resíduos e minimizando a extração de novos recursos. “A empresa dinamarquesa Novo Nordisk se propôs a encontrar uma solução para o fim da vida desses produtos, transformando-os em recursos. Todos os anos, essa companhia distribui 600 milhões de canetas injetoras descartáveis em todo o mundo. Isso representa mais de 12 mil toneladas de plástico. Para alcançar seu objetivo, a organização anunciou o projeto ReturnPen, o primeiro esquema de recuperação e reciclagem de canetas injetoras descartáveis na França”, relata. 

Segundo o especialista, a iniciativa faz parte da estratégia ambiental “Circular for Zero” e, até agora, foi desenvolvida em outros três países, sendo eles Dinamarca, Reino Unido e Brasil. “Na Dinamarca, em dois anos o programa já coletou 77 mil canetas, enquanto 15 mil foram recicladas no Reino Unido desde o lançamento do programa, em novembro de 2021. A projeção é de que 700 mil sejam recicladas até o final de 2023. Atualmente, o programa também está sendo implementado nos Estados Unidos, Japão, China, Alemanha e Itália”, declara.

O processo de devolução e reciclagem das canetas é realizado com simples procedimentos, e possibilita uma nova vida ao material utilizado. “Os usuários podem solicitar uma bolsa de reciclagem em uma farmácia ou no site oficial do projeto. Após utilizar as canetas, as agulhas são removidas e os objetos são colocados na bolsa, sendo entregues na farmácia ou enviados pelo correio. Na Dinamarca, as injeções serão processadas e recicladas pela Zirq Solutions, que criou um processo industrial para reciclar até 85% dos materiais e reutilizá-los na fabricação de cadeiras de plástico, cada uma feita a partir de 120 canetas usadas”, revela Rica Mello. 

Até 2024, a empresa dinamarquesa pretende coletar 5 milhões de canetas usadas a cada ano na França.

Sem esse tipo de iniciativa, o líder da Câmara de Descartáveis acredita que esses produtos poderiam gerar problemas no futuro. “Se nada for feito, é possível que surja uma situação semelhante à das cápsulas de café, que geram grandes quantidades de resíduos difíceis de serem reciclados, contribuindo para a poluição do meio ambiente”, finaliza.

 

Ricardo Mello - líder da Câmara de Descartáveis, palestrante e empreendedor em diversas áreas de atuação. Encabeça, junto com outros membros, o projeto Plástico Amigo, que busca aumentar a conscientização sobre as propriedades benéficas do material. Para saber mais, acesse https://www.plasticoamigo.com.br/.

 

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