Campanha
Maio Amarelo foca em trânsito seguro e SBCOC reforça conscientização
Neste mês, acontece a campanha Maio Amarelo, que foca na segurança do trânsito. Alarmantes estatísticas evidenciam essa necessidade, inclusive quando a questão envolve motociclistas: Boletim Epidemiológico divulgado em abril, pelo Ministério da Saúde, mostrou aumento da taxa de internações desse público, entre 2011 e 2021, em 55%, considerando apenas a rede do SUS e conveniados. Em 2011, a taxa de internação de motociclistas foi de 3,9 e passou para 6,1 por 10 mil habitantes em 2021, com custo de R$167 milhões, apenas neste ano.
“Em acidentes com motocicleta, a própria pessoa que a conduz é o para-choque, intensificando a gravidade das lesões”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), Sandro da Silva Reginaldo.
Uma das lesões mais comuns em motociclistas é a fratura de clavícula, osso em formato de “S”, localizado na parte superior do tórax e responsável por fazer a ligação entre o tronco, ficando conectada a um osso chamado esterno, e os braços, conectando-se também ao ombro. “Com isso, a clavícula é um dos importantes componentes que permitem a mobilidade dos membros superiores e a implicação de força. Quando a pessoa sofre uma queda sobre o ombro, toda a energia do impacto é transferida para essa região, o que resulta na fratura do osso, situação frequentemente vista em acidentes de moto”, fala o cirurgião.
Tipos de fratura
O presidente da SBCOC explica que há três tipos de fratura de clavícula. “Há a fratura transversa, que ocorre em uma linha mais ou menos reta; a oblíqua, quando a fratura lesiona o osso diagonalmente; e a cominutiva, quando o osso quebra em vários pedaços”, lista. “Quando a fratura não apresenta desvio ou encurtamento significativo, o tratamento é conservador, do contrário, pode haver necessidade de cirurgia”, completa, acrescentando que é importante a avaliação de um especialista para o diagnóstico correto.
Segundo o ortopedista, a fratura na clavícula pode deixar algumas sequelas, como a lesão de nervos, o surgimento de um calo no osso ou o atraso na cicatrização, que podem ser evitadas quando o osso fica corretamente imobilizado. O paciente pode levar de três a seis meses para se recuperar por completo e, para que isso aconteça, é importante ater-se à algumas medidas, como evitar elevar o braço; não dirigir durante o período de consolidação óssea; usar sempre a imobilização de braço recomendada pelo ortopedista, especialmente durante o dia e a noite; e mexer o ombro, cotovelo, punho e mão, conforme orientação médica, para evitar a rigidez da articulação.
“O período de recuperação é um transtorno, vai afastar a pessoa do trabalho e limitá-la nas atividades diárias, então, todo cuidado e atenção no trânsito são fundamentais para prevenir-se disso tudo. Com prudência, podemos transformar as ruas e estradas em ambientes de convivência harmônica, ao invés de um campo de guerra”, conclui.
Perfil dos acidentes com moto e estados com maior incidência
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o perfil das vítimas fatais de motociclistas em lesões no trânsito em 2021 é predominantemente do sexo masculino (88,1%), adultos jovens com idade entre 20 e 29 anos (30,8%), de baixa escolaridade com 8 a 11 anos de estudo (39,6%), de raça negra (64,9%) e solteiro (57,3%).
O documento pontua que o risco relativo do sexo masculino é 7,4 vezes maior que a do sexo feminino para o óbito de motociclista.
Ainda de acordo com o Boletim, o estado do Piauí apresentou as duas maiores taxas de mortalidade e de internação de motociclistas (17,6 óbitos por 100 mil habitantes e 17,4 internados por 10 mil habitantes.).
Os estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão apresentaram taxas de mortalidade de 14,7; 13,8 e 11,2, números acima da taxa nacional de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes.
O Boletim destaca que uma questão relevante que influencia no número de acidentes com motociclistas é o tamanho da frota de motos no País. Em 2011, o Registro Nacional de Veículos Automotores registrou 18,4 milhões de veículos de duas ou três rodas (motocicletas, motonetas, ciclomotores e triciclos), o que equivalia a 26,1% da frota total de veículos13. Em dezembro de 2021, esse total foi de 30,3 milhões, aumento de 64,7% aproximadamente, representando 27,1% da frota do Brasil. A partir de 2012, as motocicletas passaram a ser o principal veículo motorizado na Região Norte.
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