O livro
“Garra”, da psicóloga Angela Duckworth, traz uma reflexão importante ao afirmar
que o segredo das realizações incríveis do ser humano e da capacidade de
perseverar e produzir resultados, não é o talento, mas uma mistura de paixão e
perseverança que ela chama de “garra”.
Esse
conceito, tenho levado para o trabalho de aprimorar a interlocução de CEOs e
lideranças no ambiente empresarial, derrubando o mito de que falar bem é um
talento nato. É para poucos. A “garra” revela que todo mundo pode falar bem em
público. Basta ter foco, treino e organização.
A
boa comunicação no ambiente corporativo vem sendo apontada por especialistas do
setor como a competência mais importante para 2023. A voz é capaz de atrair as
pessoas. Por isso, focar nesse tema, reforça a ideia de que é preciso impor a
garra além do talento na hora de se comunicar.
Prioritariamente,
é preciso entender as características da voz e ressaltar as forças positivas
para fazer do modelo pessoal de comunicação um instrumento cada vez mais
preciso. E para isso não há outro caminho senão o treino. A sua narrativa é
como um músculo. Quanto mais se treina, melhor ela fica.
Nosso
potencial é uma coisa e o que fazemos com ele é outra, bem diferente, seguindo
os caminhos da autora. Ao impor a garra na voz, somada a gestos mais intensos e
vigorosos, fica mais fácil sinalizar confiança e certeza, que contribuem para
uma comunicação mais efetiva.
Com
quatro recursos apontados no livro, é possível trazer essa garra para uma
construção de discursos muito mais vencedores na forma e no conteúdo. São eles:
- Despertar interesse: as
pessoas escutam, dão atenção, estudam e falam melhor daquilo pelo que se
interessam mais.
- Disposição para praticar:
para falar bem é preciso praticar, ter foco. Não existe ‘falar de
improviso’. Todo mundo que improvisa bem tem algum texto preparado
previamente dentro de si.
- Propósito: é
o que vai além de nós. Para isso, é necessário encontrar no discurso um
equilíbrio entre aquilo que interessa ao interlocutor e que faça bem aos
outros como propósito. Temos sempre que facilitar a compreensão para os
nossos ouvintes. Isso proporciona mais segurança.
- Esperança :
nem sempre vamos nos dar bem nas nossas comunicações, mas precisamos ter
otimismo e aprender com o que estamos vivenciando. Da mesma forma, na
comunicação. Se nossa fala for mal compreendida, é preciso ajustá-la e
aplicar as técnicas de fala indicadas para um ambiente mais controlado e
entender o que funciona e o que ainda pode ser aperfeiçoado. Para aprender
a dar essa “garra” na voz, o conceito tirado do livro é “cair sete vezes,
levantar-se oito.
O
poder de conquistar as pessoas pela forma de se comunicar é um fato, mas
aprendemos a lidar com isso muito tarde. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa
construção da fala e da comunicação começa na escola, desde a infância. Aqui no
Brasil, ainda estamos em fase inicial no incentivo às crianças para exposição
de suas ideias ainda na fase infantil nas escolas. Essa vivência vai ajudar os
adultos do futuro na forma de articular um discurso, de comunicar nossos
propósitos e nossas mensagens.
Nos preocupamos com o
desempenho de nossa forma de comunicar apenas quando atingimos a fase adulta. É
preciso treinar desde cedo esse instrumento que será um bom diferencial na vida
pessoal e profissional. Bem ‘afinada’, a comunicação exige do interlocutor o
cuidado de vigiar os diálogos internos que vivenciamos. Eles precisam ser mais
otimistas e positivos porque vão dar o tom da mensagem, expressada na voz
adequada.
Juliana Algodoal -
PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho -- Linguística Aplicada e
Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta.
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