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quarta-feira, 8 de março de 2023

Endometriose: doença silenciosa que afeta 10% das mulheres brasileiras

Especialista explica mais sobre a condição, seus sintomas, diagnóstico e tratamento para uma vida mais saudável 

 

Boa parte das mulheres sentem dor no período menstrual, mas não imaginam que isso pode indicar algo mais sério, como a endometriose. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva, a enfermidade afeta 10% das mulheres brasileiras e pode causar dores intensas além de infertilidade. 

A endometriose é uma condição na qual o tecido que normalmente cresce dentro do útero começa a crescer fora dele, afetando órgãos, como ovários, Trompas de Falópio e outras partes do corpo feminino. Segundo Dr. Rogério Tadeu Felizi, ginecologista do Hospital Vergueiro, o problema pode começar desde cedo, do momento da primeira menstruação até a menopausa, explica o médico. 

A rotina de uma mulher com a condição pode ser bastante difícil, já que os sintomas passam por fortes cólicas e intensas dores abdominais recorrentes, dificultando atividades, como trabalhar, estudar e praticar exercícios físicos -- inclusive afetando a saúde mental. 

A falta de diagnóstico precoce e de tratamento adequado torna a vida ainda mais desafiadora para as pacientes. Porém, segundo o especialista, é importante que as mulheres entendam que sentir dor não é normal e busquem ajuda quanto antes com um especialista para que possam efetuar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado. 

“Muitas vezes não se valoriza a queixa de dor da mulher, por isso, é comum o relato de pacientes sobre terem ouvido a vida toda que ‘ter dor e cólica é normal’. Mas sentir dor não é normal. Portanto, em caso de dor ou qualquer outro desconforto, procure um profissional para investigar as causas", esclarece o Dr. Felizi.
 

Sintomas, diagnóstico e tratamento 

Os sintomas da endometriose variam conforme a gravidade e a extensão das lesões. De acordo com o Dr. Felizi, os mais comuns incluem dor pélvica, cólicas menstruais intensas, dor durante as relações sexuais, sangramento menstrual irregular e dor ao urinar ou evacuar. Algumas mulheres também podem apresentar fadiga, náuseas e diarreia durante o período menstrual. 

Como os incômodos podem ser confundidos com os do período menstrual, é essencial que a paciente relate todos os sintomas e desconfortos ao profissional, para que ele possa fazer uma avaliação detalhada e indicar os exames necessários para o diagnóstico preciso. “Um ultrassom transvaginal convencional só consegue diagnosticar a endometriose quando ela está muito avançada. Para ter o diagnóstico precoce, é preciso fazer ultrassom transvaginal com preparo intestinal, que é um exame mais específico, ou ressonância magnética de pelve”, explica. 

O Dr. Rogério Felizi ressalta a importância da conscientização sobre a dor ser um sinal de alerta para a possível presença de endometriose, a fim de se obter um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento o quanto antes, evitando casos mais graves, que podem demandar a realização de uma cirurgia. “Infelizmente, é comum que haja demora na detecção da doença, no Brasil o tempo médio entre o início dos sintomas e a definição do diagnóstico pode chegar a 12 anos”, comenta o especialista.
 

Boa alimentação e prática regular de atividade física são aliados no tratamento? 

Sim, mas na maior parte das vezes, o tratamento clínico envolve o uso de medicamentos, seja para aliviar as dores e reduzir a inflamação, seja com terapia hormonal para controlar os sintomas, podendo ser complementado com acompanhamento nutricional, evitando alimentos inflamatórios (como açúcar, farinha branca e carne vermelha, que potencializam a dor), além de orientar a prática de atividade física (que produz endorfina e leva a uma melhora dos sintomas). 

“É importante lembrar que a endometriose é uma doença crônica e que o tratamento deve ser contínuo e acompanhado por um médico especialista. Dessa forma, é possível obter uma melhora significativa na qualidade de vida das mulheres com a condição”, conclui. 

Naquelas pacientes que não apresentam melhora com a medicação, ou nas que se observa comprometimento intestinal, da parte ginecológica ou das vias urinárias, a cirurgia é indicada. “O procedimento pode ser realizado por videolaparoscopia ou cirurgia robótica. É um método de intervenção, com o objetivo de remover todo o tecido endométrico que está no abdômen da mulher”, explica o médico. 

 

Hospital Alemão Oswaldo Cruz
www.hospitaloswaldocruz.org.br/


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