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sexta-feira, 3 de março de 2023

Construção Civil: o momento de entender as dores do setor e investir em inovação

Nos últimos anos, a construção civil tem comemorado seu crescimento acelerado. Só em 2022, de acordo com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o setor sofreu um aumento de 7% no PIB, superando a projeção para o ano e, em paralelo, houve um aumento de novas soluções tecnológicas. As expectativas para este ano são ainda maiores. As novas tecnologias e acesso às plataformas digitais, como o BIM e o ambiente em nuvens, deixam de ser o futuro e passam a ser realidades nos canteiros de obra.

De uns anos para cá, venho desenvolvendo uma pesquisa com diversas áreas da construção civil buscando entender as relações de causa e efeito na gestão de projetos da construção civil, as dores e necessidades desse mercado, bem como um panorama de novas ideias, hipóteses e soluções. Em uma das fases da pesquisa, entrevistei especialistas em implementação de projeto de inovação na indústria baseada em engenharia, gerentes de programas de aceleração e inovação aberta e CEOs de startups. O objetivo era entender a perspectiva deles sobre o panorama da inovação na construção brasileira.

Diante da pergunta do cenário e perspectivas para inovar na construção, todos os respondentes concordaram que a inovação no setor é algo crescente, mas, por outro lado, alguns demonstraram uma certa apreensão quanto a sua banalização e a perda de credibilidade das iniciativas e soluções propostas, justamente pelas implementações não trazerem a percepção de valor pelas empresas da construção. A urgência em “inovar” atropelou o entendimento de onde inovar.

De acordo com um dos entrevistados, o nascimento de uma empresa que é em função de um problema vivido, já garante  50% do seu sucesso. Visto que  algumas soluções não trazem valor algum para o mercado, comprometendo o objetivo final que é justamente atrelá-la à resolução de um problema, ou uma dor que já existe.

Após a análise desse estudo foi possível constatar três principais direcionamentos: o movimento de inovação e acesso a novas tecnologias; há uma clara diferença entre a percepção do valor entregue pelas iniciativas de inovação (startups, centros de pesquisa) e as empresas do setor e, principalmente, se identificou a dificuldade em medir os resultados da inovação; e os impactos proporcionados pela sua implementação no setor.

Enxergar esse "boom" de novas tecnologias leva a refletir bastante sobre a oportunidade de conectar os processos de inovação ao conjunto de ferramentas e metodologias do Lean Construction que contribuem a evidenciar os problemas e dores das organizações. Desta forma, viemos testando modelos para apoiar as empresas da construção a mapear e identificar suas dores como base para sua estratégia de inovação. O modelo vem sendo testado e é motivador ver o envolvimento e maior alinhamento empresarial unindo diferentes setores no desenho de soluções que passam por tecnologia, passam por inovação. Ou seja, alinhamos uma metodologia com as necessidades do mercado - Isso, para mim, é inovador! 

Por fim, fica claro que o cenário para empresas que investem em inovação é bastante promissor, desde que ela esteja inserida na cultura da organização, a começar pela diretoria até os times de produção, e integrando uma visão estratégica de toda a organização. As tecnologias devem solucionar as dores reais das empresas que devem estar atentas para as necessidades das suas equipes. Este é um cenário verdadeiramente inovador e quem aplica, ganha seu merecido destaque.  

 

Bernardo Etges - Engenheiro Civil formado pela UFRGS e Co-fundador da Climb Consulting. É Mestre em Lean Construction e Doutorando em Gestão da Construção no PPGCI-UFRGS. Possui mais de 10 anos de experiência em implementação de projetos de consultoria de Lean Construction e Excelência Operacional em obras de incorporação e infraestrutura no Brasil, África e Caribe. Desde 2018 atua de forma engajada nos processos de inovação aberta e incentiva a implementação da tecnologia na construção.

 

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